Estava extasiada com as iluminações, os enfeites.. até com o frio! Claro que estava feliz da vida, conforme os dias entram em contagem decrescente até à noite de 24 de Dezembro (Natal é a 24, digam o que disserem, o meu cérebro não processa outra data), a minha idade vai reduzindo e torno-me numa criancinha a vibrar com as músicas de Natal. Com as prendas não vibro tanto porque já não têm o significado que tinham. Sou incapaz de percorrer as ruas iluminadas sem "dançar" um bocadito, cantarolar qualquer coisa que tenha guizos a definir o ritmo e não é o cachecol nem o vapor que sai da minha boca que me faz arrepiar de frio. Estou feliz, verdadeiramente feliz.
Quando te vi no meio do passeio a sorrir, acordei de repente. Ia tão entretida de pescoço ao alto a ver tudo o que o meu horizonte não alcança que nem me lembrei que ia ter contigo! Incrível.. cá estou eu. Tão longe de casa, tão longe de tudo e bem no meio da rua, das iluminações, das pessoas carregadas de sacos, das crianças, da camada extra de roupa e do barulho do gelo a desfazer-se por baixo das botas. Cá estás tu, como prometido, como prenda de Natal antecipada. Impossível não chegar ao pé de ti, abraçar-te e dar-te um grande beijo de boas-vindas. Afinal o Natal branco começou mesmo mais cedo. Passeámos um bocadinho de mão dada pelas ruas da cidade, mas eu já não fazia nada a não ser olhar-te nos olhos e tomar muita atenção ao que dizias. Acima de tudo, sorrir... rir-me contigo, rir das tuas piadas, rir de tudo e nada, rir só porque estou contigo. Descobrimos a cidade, redescobrimos o frio que faz quando tiramos o cachecol que tapa a boca e o nariz...
Chegámos ao hotel e desapertámos os cachecóis, a diferença de temperatura era grande. Já no corredor do andar do nosso quarto, encostaste-me devagarinho à parede e apontaste para o sensor de movimento. Esperámos que as luzes se apagassem. Agora não sinto frio, quando nos beijamos, a sensação é tão quente que sinto o gelo a derreter lá fora...