domingo, dezembro 04, 2005

Mães com SPA

SPA não se entende como sanus per aquam, mas sim como "síndroma pré-avó". No outro dia, estava a fazer sala num consultório e uma miúda estava a fazer queixa à avó porque a mãe dela lhe tinha dito que só lhe dava de comer se ela lhe desse netos! Senti-me solidária.. não sou só eu a sentir que a minha mãe me criou e aturou estes anos todos porque queria um neto (ou mais!). Às vezes fico com a ideia que ela não queria realmente ter filhos, só netos. Todos os meses lá vem a história dos netos.. Que eu não preciso de me preocupar com eles (até porque, segundo ela, eu dava uma péssima mãe), que ela faz tudo e até já tem o trajecto até ao parque infantil delineado! Sim.. "só" tenho que passar pelo trabalho de ter os netos dela. Sim, "só"! É que não custa nada andar nove meses tipo bola de berlim sem conseguir andar muito tempo de pé ou mesmo conduzir, cãimbras, pés inchados, corpo deformado, peito inchado.. e aquelas maravilhosas dores de parto?! Estar umas cinco horas a sofrer para caraças por causa de dez minutos de prazer? Como é que uma cabeça que parece uma bola de futebol passa num buraco mais pequeno que um limão anão sem causar estragos idênticos ao que o cometa fez aos dinossauros? (Rebentou tudo à sua passagem..)

Como é que é possível que em milhões de anos de evolução, o parto continue a aterrorizar qualquer mente feminina? E não me venham dizer que o segundo é mais fácil, já experimentaram?!

Pois bem, eu "só" tenho que me submeter a estas coisas e a minha mãe trata da peste. Está claro que algures "só" vou ter que acordar para dar de mamar àquela grafonola, com o botão de volume estragado no máximo, de três em três horas (viva o sono descansado) senão o peito deve entrar em convulsões e explodir se o terror em fraldas ficar sem sede.
O mais giro disto tudo é que a minha mãe acha maravilhosa a ideia de netos, mas a existência de um pai para eles já é outra história! Se eu for passar um fim-de-semana algures com o meu namorado é um filme de terror e um inquérito fenomenal. Suponho que a peste deva nascer de geração espontânea. Ou talvez em vez de um pai lhe possa arranjar uma mãe e recorrer à inseminação artificial? Será que a minha mãe tem alguma coisa contra isso? Assim não tem que conhecer/aguentar com o pai. Ou talvez ser mãe solteira "à la" Ágata?!

Mãe, lamento mas não quero ser mãe. Desculpa lá qualquer coisinha!

sábado, novembro 26, 2005

Voar daqui

Às vezes, as coisas que me rodeiam cansam-me. Tanta gente, tanto barulho, tanta coisa para fazer! É realmente incrível como ainda conseguimos acordar e deitar bem dispostos ou só mesmo acordar com vontade de viver o dia seguinte (nem que seja em contagem decrescente para sexta feira). Parece que fazemos milagres com as vinte e quatro horas que temos porque conseguimos fazer (quase) tudo a que nos propomos e ainda "sobra" tempo para dormir. Às vezes até sobra tempo para ficar na cama, de manhã, a ouvir a chuva a cair e a sorrir por não ter que sair naquele dia às oito da manhã. Não ter que sentir o frio a cortar a minha pele e estar ali quentinha enrolada nos lençóis. Estas pequeninas coisas como acordar e ficar na cama, um pacotinho quente de castanhas assadas, Sugos com sabor a limão, um rebuçado floco de neve, dançar sozinha ao som de uma música que já não ouvia há imenso tempo.. são todas especiais para mim. Ver-te sorrir.. ver os teus olhos transparentes e deixar os meus lábios mergulharem nos teus. Consegues o impensável, os meus olhos fecham à medida que o som da rua se vai tornando mais distante, as pessoas à nossa volta vão desaparecendo, os problemas esfumam-se! Estou noutro lugar qualquer só teu e meu, o tempo pára.

Quando abro os olhos, estou de volta à realidade. Há barulho, há coisas que fazer, há o tempo que passa, corre e foge por entre os meus dedos. Lembro-me de ter estado num estado de graça apenas há cinco segundos atrás. Nunca te vás embora.. preciso desta sensação que me provocas sempre que estás perto de mim, preciso de viajar até áquele sítio só nosso de vez em quando. De vez em quando, preciso de voar daqui..

terça-feira, novembro 15, 2005

Branco e Negro

Não te percebo nem nunca te hei-de perceber. Mas isso é uma coisa que gosto, se te conhecesse de trás para a frente, aborrecia-me. A verdade é que não tens nada de monótono, mas várias vezes me desiludes. É como se, a cada seis horas, estivesse com uma pessoa diferente. Tanto és atencioso e carinhoso, como distante e fechado em ti. Não te compreendo tantas vezes que penso que te ias embora se to confessasse. Sinto-me atraída porque és diferente, porque não te entendo. Porque és lindo e horrível. Porque me fazes chorar e rir mais do que qualquer outra pessoa. Porque não sou indiferente à tua presença, porque não confias em mim, por tudo pelo que te deixei ir, por tudo pelo que queria que voltasses e por tudo pelo que não te aceitei de volta. Estavas a mudar-me e eu não gostei da transformação. Quando me apercebi, não estava a tornar-me no que eu queria e tu nem deste conta. Eras tão fechado em ti como devoto a mim, sempre de extremos. Lembro-me de fazermos um daqueles testes online e tu seres um mago negro e eu uma maga branca.. é incrível como algumas parvoíces roçam a realidade.

Tenho saudades de me sentar no teu colo e estar só assim, sem palavras (eu era genuinamente feliz nestas alturas, sabias?). Tenho saudades de me fazeres rir onde quer que seja (atraindo público ou não), dos teus poemas, do teu cheiro, do teu cabelo revolto. Não tenho saudades de me deixares de falar durante dias por leres nas entrelinhas algo que eu nunca disse, por achares que me viste onde eu não estava, por tudo que acreditas que não podes ser e pelo que acreditaste que eu podia ser.

Às vezes pergunto-me como seria agora. Teria dado a volta por cima e seria feliz contigo? Será que te ia mudar? Acho que nunca me perdoaria se tu mudasses. És lindo e eu tenho medo que cresças e deixes de o ser. Mas também és um desastre, demasiado mau para ser verdade. Se te entendesse, perdia-me a mim. Desculpa.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Aeroporto

Sempre que estou no aeroporto, fico a observar as pessoas. Não consigo evitar olhar para tudo o que se passa como se o tempo parasse para mim e o meu leitor de mp3 me oferecesse a banda sonora do filme que se desenrola diante dos meus olhos. Até podia estar farta de aeroportos, mas não estou. Estou farta de voar, isso sim. Continuo a adorar a descolagem e a aterragem, mas o resto é sempre tudo igual, podia passar-se em qualquer lado e o cheiro do catering põe-me logo de dieta.

Não sei porque gosto de aeroportos. Talvez pelas sensações diferentes, pessoas diferentes, línguas diferentes. Caras de aventura, caras de saudade, caras de felicidade, caras de tristeza, caras de monotonia (acompanhadas de uma pasta de executivo). Montras de souvenirs. Abraços sentidos, bagagem, seguranças, hospedeiras, filas de check-in, écrans com informação sobre os vôos, buliço de conversas cruzadas e telemóveis, revistas e jornais estrangeiros, avisos em voz alta em várias línguas igualmente incompreensíveis.. fotografias de despedida. As despedidas.. não desgosto delas, fica uma sensação de "até qualquer dia (espero eu)". Ninguém aqui se despede com indiferença, mas sim como namorados que vão ficar alguns dias sem se ver e que se olham como se nunca mais se fossem encontrar.

A minha banda sonora mudou para Leaving New York dos REM. Na "mouche"! É por isto que não há discussões nas despedidas. É capaz de ser mais difícil para quem fica do que para quem vira costas direito à porta de embarque, mas em ambos os casos fica uma nítida sensação de abandono. Eu sinto sempre que abandono qualquer coisa que já faz parte do que sou. Não faço ideia das divisões que tenho dentro de mim, sou de tanto lado que deixei de pertencer onde quer que seja. Tenho sempre saudades das pessoas, dos lugares e das paisagens, do cheiro, do vento, do ar de outros locais onde não estou. Não sei porquê. Talvez um dia volte a sentir que pertenço a algum lado, que a minha "casa" está num sítio especial. Não sei quem dizia que é preciso cortar as raízes antes de voar. É verdade, eu voei.

quarta-feira, outubro 26, 2005

A teoria do Wally e do Ezequiel*

"..10 000 spoons when all you need is a knife.."
Suponho que esta frase da Alanis Morissette resume bastante bem aquela tendêcia do destino para gozar com a nossa paciência todos os dias. Se perdemos um relógio, o que é que acontece? Ficamos uma boa meia hora de rabo para o ar a virar a casa do avesso e não encontramos o sítio onde o raio do relógio se escondeu. A busca vai-se revelando cada vez mais infrutífera e o desespero aumenta quando começamos a procurar nos mesmos locais mais do que uma vez. Passados dois dias, perdemos mais qualquer coisa. Começamos à procura, mas eis que não é à toa! Por alguma manobra demoníaca inconsciente, começamos por procurar exactamente no único sítio onde não tínhamos procurado da última vez. É claro que continuamos com o último objecto perdido durante os próximos tempos, mas encontramos (à primeira!) o relógio que encabeçava a lista dos mais procurados lá de casa.

Eu confesso que sou daquelas pessoas tristes que passa a vida a telefonar para o próprio telemóvel a partir do telefone fixo. Não tenho ADSL e, como tal, acho que o meu telefone fixo só tem razão de existir porque eu nunca sei do meu telemóvel. Depois lá vou eu a seguir o toque para ver se encontro o telemóvel (que acha que é o Wally) antes que a chamada entre no Voice Mail e eu pague alguma coisa desnecessariamente. Isto é o meu dia-a-dia no que toca a telecomunicações móveis. No entanto, a coisa que me surpreende mais nestas "coincidências" bizarras nem é a quantidade de coisas que perco e o mau timing quando as encontro, é sim o raio da razão pela qual o telemóvel toca! Já não basta tocar quando estou na casa-de-banho, quando estou a tomar banho ou sempre que não posso atender (e, regra geral, oiço os meus pais a mandar vir e a perguntar para que é que eu quero o telemóvel se nunca atendo), como ainda parece que telefona sempre a pessoa "errada" quando eu atendo. Acho que toda a população portuguesa que tem o meu número, menos o Ezequiel, se lembra de me telefonar/mandar toque/mandar sms exactamente no dia em que quero que o Ezequiel se lembre da minha existência e ele está incontactável. Fico contente a cada toque do bicho, apenas para desmoralizar quando leio o nome no visor. A verdade é que já sei que vou passar a semana seguinte a esbarrar com o Ezequiel.

É claro que também posso falar daquele comboio que chega sempre atrasado e nos deixa à seca, excepto naqueles dias em que nos atrasamos e ele resolve sair a horas. Ou naquele dia em que não levamos guarda-chuva porque "só vamos ali" e chove torrencialmente durante os 100 metros que nos separam da porta do carro. Claro está, assim que nos abrigamos (com o novo penteado "esparguete" e roupa encharcada a condizer), pára automaticamente de chover e cair granizo. Mas será que as pessoas, o tempo e os telemóveis fazem de propósito?.. Quem quer que esteja a "comandar" isto lá de cima, tem um sentido de humor muito apurado! Ai tem, tem!..

*(vénia ao W.)

quinta-feira, outubro 20, 2005

Um olhar com voz

Não gosto dos teus sentimentos por escrito.
"Sinto a tua falta" não diz nada se a tua mão não procurar a minha.
"Acho que gosto de ti" não é nada se eu não puder ver o brilho nos teus olhos.
"Apetece-me abraçar-te" não significa nada se não estás aqui a pôr uma mão por cima dos meus ombros e a encostares o meu corpo ao teu.

No entanto, gosto de poemas escritos e não gosto deles declamados. Quando os leio, sinto as coisas em mim e posso parar para reler as frases que me tocam mais. Mas não me interessa se és capaz de escrever sentimentos e depois não tens a coragem de mos confessar. Dá ideia que todas as palavras te assolam a ponta dos dedos assim que eu me vou embora. E um toque, um olhar, duas mãos a cruzarem-se.. vale tanto! Se não és capaz de me tocar, mostrar, dizer ou mesmo de sussurrar o que quer que seja, então eu não acredito no que tu me escreves.

O teu olhar vale as minhas sensações, uma mensagem no meu telemóvel não vale nada.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Morreu antes de chegar aqui

Olhas para mim como se não fosse nada, como se eu continuasse a fazer parte da tua rotina. Eu não posso acreditar que estás aqui. Sorris e os meus olhos enchem-se de lágrimas.. o que é que estás aqui a fazer? Não acredito que voltaste aqui.. não acredito que estás a pedir-me para voltar. Será que não sentes que está diferente? Não está nada como estava.. eu não sinto o que sentia e tu também não. Não digas que tens saudades minhas, não digas que não consegues esquecer, não peças desculpa. Já passámos por isto tanta vez, não quero repetir esta noite. Esta noite não. Vai-te embora, por favor. Eu ainda não abri a boca, no entanto, esperar que leias a resposta no meu olhar está fora de questão. Nunca conseguiste relacionar-te comigo assim, nunca entendeste o que eu pensava em silêncio. Não entendo, depois de passarmos tanta coisa juntos, como é que agora parecemos dois estranhos. Não me sinto bem na tua presença, não me sinto à vontade. Talvez daqui a algum tempo, agora a tua presença dói-me. Não sei pôr isto de outra maneira, dói-me. Dói-me. Cada vez que oiço a tua voz, o meu corpo estremece e quer fugir para um sítio onde tu não estejas. Não vale a pena pedir desculpa.. de novo. Eu aguentei o que podia aguentar, tu aguentaste o que te pareceu bem. Não me faças chorar.. não esta noite. Tornas tudo tão difícil, nem me deixas tentar ficar com as memórias boas. Cada vez que sai uma palavra dos teus lábios, o meu cérebro turva um bom momento e o meu coração mata devagarinho o carinho que ainda tenho por ti.

Deixa-me ir, o amor morreu. Morreu algures no caminho que trilhámos até chegar aqui.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Funcionários públicos: MEDO!!

Hoje estive 2 horas a "passear" entre a Segurança Social, as Finanças e a Conservatória. Eram só 16h e já me parecia que tinha tido um enorme e esgotante dia.. Aquilo até começou bem na Segurança Social porque a senha tinha um número baixo, é claro que o que queria não podia ser logo resolvido porque faltava um papel das finanças. Aproveitei para ir à Conservatória que ficava no caminho. Subi ao 3º piso, tirei uma senha e mandaram-me descer para o 2º piso. Tirei uma senha e quiseram que eu acreditasse que o meu problema só podia ser resolvido na parte da conservatória na Loja do Cidadão porque a conservatória em si não tinha os dados necessários. Sim, eu acredito mesmo que o computador na Loja do Cidadão consiga aceder a dados sobre um cliente que a conservatória em si não consegue! Bem, pelo menos acredito que ela não queria fazer nada de nada. Será que as funcionárias tiram prazer de estar sentadas à secretária, em frente ao monitor sem se mexerem e a olhar para nós com uma senha na mão? Será que das 6 pessoas na sala (eu era a única cliente), ninguém me podia atender excepto a única pessoa que estava ocupada a falar ao telefone?.. Deixem-me adivinhar: de manhã cedo tiram todos senhas e o número mais alto perde e tem que atender o pessoal??

Nem discuti e fui para a Loja do Cidadão porque tinha que ir lá de qualquer maneira. Fui até à zona da conservatória e descobri que o que eu queria nem podia ser tratado ali, mas sim na Conservatória da capital (!!), felizmente a moça tinha pouco de funcionária pública e deu-me um papel com a explicação detalhada de tudo o que tinha a fazer. Fiquei feliz por enviar um vale dos CTT de 16 euros, um papel a pedir uma certidão e ainda um envelope com a minha morada para receber a certidão de volta. Suponho que também podia escrever eu a certidão, não? Ou servir-lhes um cafézinho? Nas finanças foi outra piada.. tiro a senha, espero e peço as duas coisas que preciso. É claro que uma das coisas não pode ser naquelas Finanças, mas sim nas Finanças da freguesia ao lado.. Pelo menos um dos papeis eles têm, desde que eu tire uma senha da tesouraria e pague 4 euros, tire outra senha das Finanças e fique com a porra do papel para tirar uma senha e voltar esperar na fila da Segurança Social!!

Bem, a sério.. o Inferno existe e está nas repartições públicas, tenho dito.

terça-feira, julho 19, 2005

Tenho saudades tuas

Haverá coisa mais desconcertante para se dizer a alguém? Não sei como reagir a tanta sinceridade inesperada. Não sei como não perguntar: queres vir ter comigo agora? Não sei como explicar que as saudades vão continuar mês após mês e que raramente as posso atenuar, resta-me esperar e desejar que não morram lentamente em ti.

A saudade é tão típica do português, há quem a associe ao fado. Está bem patente no tuga, basta ver o orgulho com que os nossos emigrantes falam deste país (tirando os "jean pierres", mas pronto). Somos saudosistas de tantos modos que até custa descriminá-los! Eu tenho saudades de alguns olhares, tenho saudades de sorrisos, tenho saudades de certas emoções, tenho saudades de certos momentos, tenho saudades de coisas materias, pequenos luxos que me foram permitidos e que guardei dentro do meu coração para voltar a vê-los e vivê-los enquanto me apetecer. O pior é ter saudades da presença de outra pessoa. Pode até estar no quarto ao lado, mas temos saudades de alguém especial. Como é que apaziguamos o nosso cérebro quando necessita das palavras de alguém em concreto? Quando queremos sentir o ombro amigo daquela pessoa? Quando sabemos que a pessoa está longe de nós e que podemos até não a voltar a ver.. O que fazer? Como é que podemos sentir saudades de coisas tão fugazes como um cheiro particular, um brilho nos olhos, um sorriso de complacência, um abraço, o sabor da pele ou mesmo de te ver a correr para mim, pegar-te ao colo e brincar contigo cada vez que vem uma onda maior que te mete medo.

O meu cérebro fascina-me ao mesmo tempo que não me deixa sarar nada cá dentro. A verdade é que sou eu que me esforço por não cicatrizar porque tenho saudades tuas.

terça-feira, julho 12, 2005

Andas por aí..

Não te consigo encontrar, não sei porque foges de mim. Ocorreu-me agora mesmo que talvez não estejas a fugir de mim.. será que também não me consegues encontrar? Há dias em que penso que te vejo a cada esquina. Há meses em que nem me lembro de ti. Ao fim destes anos todos, acabei por te confundir com outras pessoas, talvez mais do que seria suposto. Mas estou a aprender, devagar. O meu mundo gira tão depressa, há cada vez mais coisas para fazer. Cada vez mais tenho menos tempo para te procurar e pensar em ti. Mas não me esqueci de como és.

Não me esqueci do brilho nos teus olhos que me rouba a atenção toda e o facto de não falares muito. Não esqueci aquele sentido de humor inteligente que só aparece nos momentos certos, seguido das palavras exactas. Manténs a cara séria, enquanto o resto esboça um sorriso sincero ou mesmo uma gargalhada. Sei que não és lindo de morrer porque é assim que eu quero, como um tesouro que só eu descobri. Sei que preciso do teu abraço todas as noites ao chegar a casa. Sei que somos água e azeite, tão diferentes como é possível imaginar. Costumas ter um ar sério e eu estou sempre a rir. Dizes sempre as coisas certas na altura certa, eu falo demais. Mas após nos conhecermos, não vai haver outra alternativa senão ficarmos juntos porque eu quero saber sempre mais de ti, conhecer-te cada vez melhor e, acima de tudo, crescer contigo. Eu sei que me esforço em ser uma pessoa melhor por ti. Por alguma razão, consigo ver-me através de ti, sei que conheces todos os meus defeitos, enalteces as minhas (parcas) qualidades e, mesmo assim, gostas de mim por quem eu sou. Fazes-me sentir bem por ser como sou. Eu gosto mais de mim quando estou contigo.

Só que ainda não te encontrei e, apesar de andar confusa de vez em quando, tenho a certeza que vou saber quem és assim que os nossos olhares se cruzarem. Não vai haver a mais pequena dúvida porque eu sempre soube quem eras.

quarta-feira, junho 08, 2005

Age of Empires e a minha vida

É estranho estar tanto tempo sem escrever, até porque eu adoro escrever. Ultimamente a minha vida deu numa volta de 1,99*pi radianos! Não sei bem como explicar porque no fundo continua tudo na mesma, mas o ambiente mudou completamente. (Não, não me casei). A verdade é que tenho tido poucas oportunidades para estar ao pé do computador e, quando estou, tenho que fazer tanta coisa que depois fico sem vontade de escrever. Durante o dia tenho tantas ideias e o teclado anda tão longe!

Lembro-me de comparar a vida à construção de puzzles (adoro puzzles). As peças só encaixam de certa maneira, temos que ter muita paciência para descobrir quais encaixam em quais e, comecemos da esquerda ou da direita, acabamos por atingir os nossos objectivos. No entanto (e tendo como mentora a Trinity), a verdade é que prefiro pensar que o final não está previamente escolhido e que as minhas escolham afectam o que eu quero ser (se bem que coisas como envelhecer, aprender a ler e fazer 4ª classe já estavam previstas, por assim dizer). Lembrei-me então de outra analogia: o jogo "Age of Empires"! Não é que ande a caçar veados enquanto espero que chegue a idade do sedentarismo (até porque tenho uma faceta nómada), mas aquela ideia de ter o mundo obscuro até eu avançar e começar a descobrir o mapa está muito bem pensada! O meu conhecimento global está às manchas e cheio de buracos negros porque eu não conheço imensas coisas. A verdade é que quanto mais conheço mais percebo que a parte negra é muito maior do que eu tinha imaginado! (O raio do grego tinha razão). Se eu passasse a minha vida enfiada dentro de uma aldeola e não conhecesse mais nada, provavelmente vivia feliz sem saber de nada que me fizesse sair da minha concha. Ia sentir-me feliz no senso comum do meu dia-a-dia e nunca ia entender a verdadeira extensão da minha ignorância. O problema é apercebermo-nos de como somos ignorantes, conhecer coisas novas que nunca tínhamos sequer imaginado que existiam (isto lembra-me que se vai realizar o primeiro campeonato de futebol para porcos - "pigball"). O meu mundo vai-se desvendando (se bem que a maior parte vai ficar às escuras) e eu vou aprendendo a deslocar-me nele e a tentar aprender mais coisas.

Pensar nisto tudo faz-me sentir estupidamente pequena. Lembro-me de alguém dizer que podíamos aproximar (por excesso) o número de galáxias ao número de grãos de areia que existem em todas as praias da Terra. Se todos esses grãos fossem galáxias, o nosso sistema solar já era estupidamente pequeno, mas a verdade é que a Terra (e nem quero comparar o meu tamanho com o do planeta) seria muito mais pequena do que um micróbio. Será que um micróbio tem esperança de média de vida suficiente para conhecer uma milésima fracção do grão de areia? Penso que é uma visão um bocadinho deprimente, portanto vou-me ficar pela visão do Hobbes: "a ignorância é uma benção!". (O problema é que o bichinho de querer saber sempre mais anda aí.. tan nan nan nan).

quarta-feira, junho 01, 2005

Crianças

"Um escultor manda vir um grande bloco de pedra e deita mãos ao trabalho. Uns meses mais tarde termina a escultura de um cavalo. Uma criança que o esteve a ver trabalhar pergunta-lhe então:
- Como sabias tu que havia um cavalo dentro da pedra?"

Incrível a maneira de pensar das crianças, não é? Tão simples, tão irresistivelmente lógica! São capazes de meter a um lado qualquer cientista de renome com as suas conclusões devastadoramente simples. Normalmente, a solução dos problemas tem tendência a ser algo fácil, como o ovo de Colombo! Arrisco-me a dizer que vêem a vida com olhos saudáveis, nós limitamo-nos a pôr óculos e a distorcer a nossa realidade, ano após ano, enquanto a nossa graduação aumenta. Felizmente, a doença é regressiva com o avançar dos anos, a graduação começa a diminuir e as coisas vão retomando aos seus respectivos lugares: as coisas importantes ficam mais perto e as coisas insignificantes afastam-se para a linha do horizonte (relembro que a linha do horizonte é uma linha imaginária).

Afastei-me um pouco do tema: as crianças. Há aquelas super mimadas, há aquelas super teimosas, há aquelas super chatas, há aquelas que parecem tomadas pelo diabo! No fundo, só há umas que crescem mais depressa do que outras porque, na sua maioria, crescem à imagem e semelhança dos pais. Uma criança não quer ter razão, é essa ingenuidade e humildade que lhes permite dizer o que pensam. Vêem apenas a vida tal como ela é e ainda a têm pintada por todo o carinho que as pessoas lhes dipensam. Abraçam sempre com força, riem com vontade, fazem caretas quando os obrigam a dar um beijinho às tias (eu ainda faço..) e não tentam disfarçar quando estão aborrecidas. Curiosamente, sabem o que está dentro delas e dos outros, podem não adivinhar o que está dentro de um bloco de pedra, mas compreendem o potencial do escultor. Será que nós nos apercebemos do potencial que está dentro de nós? Será que ainda temos e guardamos a "nossa" criança?

É bom "perder" tempo a ouvir e compreender quando uma criança tenta falar connosco. A visão dela é simples e lógica, cheia de imaginação, cheia de falta de razão, mas acima de tudo é uma realidade que também podia ser nossa. Suponho que o ponto fulcral da questão está em querermos ter razão, mesmo que para isso tenhamos que inventar uma coisa ou outra; ter razão faz-nos sentir importantes aos olhos dos outros. Porque é que temos medo de cair no ridículo? Porque é que temos medo de rir com vontade? Porque é que não rebolamos na relva, não andamos a correr à chuva, não fazemos nada das coisas mirabolantes que nos apetecem? Talvez por uma série de razões que acabam por não ter razão!

(O texto que transcrevi no início do post chama-se "Um segredo de escultor" e pode ser encontrado no livro "Tertúlia de Mentirosos" de Jean-Claude Carrière, da editora "teorema")

quarta-feira, maio 04, 2005

I'll be back!

Queria agradecer ao pessoal que tem vindo ao blog mas eu estou com um problema técnico (leia-se: ñ tenho Internet) e ñ posso actualizar o blog como eu queria. Assim que puder, volta tudo ao normal.. prometo! :)

Espero que, entretanto, ñ tenham fugido todos!

Um grande abraço e até breve (espero!)

segunda-feira, março 28, 2005

Achou que o último domingo foi curto?

Estou rabugenta!
Yeah, estou como os bébés e exactamente pela mesma razão que eles: sono! Felizmente não abro as goelas de uma maneira estridente (que é a única coisa que eles podem fazer). Estou quase de birra porque as férias acabaram. Quase de birra porque não tenho realmente nada a reclamar: estava sol, estive na praia, diverti-me imenso, fartei-me de passear e de sair à noite. Aliás, acho que estou de birra por causa da última saída à noite.
Tenho uma nova resolução de ano novo (vem atrasada e tal): sempre que mudar para a hora de Verão e eu tenha que acordar às 9:30 no dia seguinte para fazer uma viagem de carro de 500km, NÃO me vou deitar depois das 5 da manhã. Aqui está o ponto fulcral: como é que me roubam 1 hora num dia e eu não posso processar ninguém?! Este ano, como é que alguém que tenha nascido no dia 27 de Março à 1:30 festeja o aniversário à hora certa? Como é que não tenho direito a uma indemnização por ter um domingo que tem 23h? Sim, no Outono devolvem-me a hora em falta, mas é agora que tenho sono! Agora é que não tenho fome à hora das refeições, não tenho sono quando me deito (já era normal mas agora é crítico) e morro de sono quando acordo, com cara de quem acabou de se deitar. Andei o dia todo com os olhos semicerrados e com uma moleza incrível. Estou mole, sonolenta, rabugenta e isto tudo para acertar uns míseros 60 minutos. No ano passado demorei uma semana a habituar-me. Porque é que a hora não muda apenas no Verão? Eu não durmo nada no Verão, quero lá saber.. Agora nestes dias de chuva e frio, o que eu quero é uma manta, um sofá, as minhas horas de sono e a minha almofada! (Eu não durmo com almofada, mas achei que ficava bem). Isto de mudar a hora até é uma coisa à qual já devia estar habituada visto ser semestral. Mas a ideia continua a causar-me muita estranheza.

No dia 27, cheguei à zona dos bares à meia noite e tal. Depois de estar num bar durante 15 min, reparei que, tecnicamente, já lá estava há mais de uma hora. Mas que raio, ninguém acha isto esquisito? A música dos 50 cent durou uma hora e tal e ninguém deu por nada?
Agora não me venham dizer que gostam mais deste horário porque temos mais horas de dia e bla bla. Ora, as horas diurnas são as mesmas, quer eu acorde às 7 ou às 11 da manhã. Claro que temos mais horas com luz solar mas isso não é consequência da mudança da hora. Em Agosto temos menos horas "luminosas" do que em Julho e ninguém reclama disso. Tudo bem, mudamos a hora para não termos sol às 11 da noite ou para não acordarmos antes do sol nascer. Mas o meu corpo ressente-se sempre quando perco esta hora, é infalível. Como já seria de esperar, nem dou pela hora extra de Inverno. Fica uma questão: a hora muda aos domingos quê? Para nos habituarmos? Para não termos desculpa por chegarmos atrasados na 2ª feira já que a hora mudou no domingo?.. Mas quem é que está interessado em cumprir horários ao domingo?!

segunda-feira, março 21, 2005

E a desfilar na carpete vermelha: a Primavera!

O dia dos namorados (o "São Valentino") foi há relativamente pouco tempo (até podia mandar uma piada sobre a proximidade deste dia e do Carnaval: será pura coincidência?!). A sério que não tenho nada contra os namorados, só contra as decorações das lojas e aquelas cores de arraial minhoto. Mas pronto, toda a gente tem que ganhar a vida!

Hoje é o primeiro dia de Primavera e já se nota qualquer coisa no ar e na rua (sem ser a chuva): os casais de namorados aparecem a cada esquina. Até um casal que me é muito próximo e que se separou algures em Novembro, teve a feliz ideia de tentar novamente. No "Dia Valentino", as filhas foram para uma festa e ela ficou em casa sozinha. Ele apareceu de surpresa e chegou com uma lagosta, champanhe e um ramo de rosas que encheu 4 jarras! Quais ursinhos, qual quê! Lagosta e champanhe é que é falar a sério! He he
Entretanto já recebi dois convites para casamentos e o ano ainda mal começou.
No outro dia, dei por mim a reparar (pelo retrovisor) que o condutor do carro atrás de mim era mesmo muito engraçado! Não ando apaixonada e, actualmente, prefiro andar sem namorado. Tenho mais tempo para mim e, sei lá porquê, ando feliz da vida! (Será também efeito do ar fresco que se respira ultimamente?)
Estou na fase em que ainda descubro as maravilhas da palavra "curtir": sem obrigações, sem chatices e com o mesmo prazer! (Se calhar, devia ter ido para publicidade, que achas Maria da Lua? ;)

No baile de finalistas de 12º, ou seja, há 5 anos atrás, um rapaz qualquer embirrou que me queria conhecer. Só soube disto há uns 3 anos, mas a coisa piorou porque acabei por o conhecer por intermédio de outras pessoas e ele passava a vida a chatear-me para sairmos juntos, conhecermo-nos melhor, bla bla.. Ora bem, 5 anos soa a desespero? Acho que é ainda pior que isso: ele mete-me medo! Nunca saí com ele e faço os possíveis para não dar muita conversa, nunca o bloqueei no MSN ou IRC por causa dos amigos que temos em comum, mas são incontáveis as vezes que me deu vontade disso! E sim, sempre lhe disse claramente e com as palavras todas que NÃO queria sair e NÃO queria estar com ele. O problema é que ele apreciou a minha frontalidade! (É ironicamente irreal, eu sei!) Mas com a chegada destes dias mágicos, parece que (até) ele encontrou, de facto, alguém que quer estar com ele! Não faço ideia de quem é a moça (ou se realmente existe) e não posso deixar de pensar que ela não deve ser muito brilhante, mas quem quer que sejas: "Obrigada por apareceres! E já agora, porque é que demoraste tanto?!"

Pois bem, anda aí qualquer coisa no ar.. não sei o que é (as férias da Páscoa devem explicar qualquer coisa), mas a verdade é que parece tudo disposto a entrar na Primavera com um grande sorriso nos lábios! Eu acho bem, até porque o pessoal recentemente apaixonado anda mais tolerante, bem disposto, mais simpático, aluado e a rir sozinho enquanto anda na rua. Gosto, fazem o resto do pessoal sentir-se bem e fico a pensar que, afinal, as coisas importantes até andam bem de saúde! (Só falta o SCP ganhar hoje!)

Bem vindos à melhor estação do ano!

Nota: se tens um Clio Preto e se estiveste na sexta feira, por volta das 14h, parado ao semáforo na N259, avisa!!

terça-feira, março 15, 2005

Ciúme: a base de uma relação feliz

A inveja é um dos pecados mortais, o ciúme é primo. Porque é que será que o ciúme não é um pecado mortal? Porque é que nunca subiu de posto?
Não me lembro de ter sentido ciúmes de ninguém. A coisa mais parecida que sinto é quando vejo um rapaz por quem eu estou interessada dedicar-se a outra miúda qualquer. Mas isso nem é ciúme ou inveja, é mais sensação de derrota! Mas se o rapaz é meu namorado, ciúmes para quê? Ele já mostrou que gosta de mim, já assumimos um certo compromisso de exclusividade, vou andar armada em detective para quê?! A partir do momento em que não confio, não sou capaz de sentir a beleza do amor. Não consigo imaginar amor sem confiança.
Um amigo meu defende que o ciúme é muito importante numa relação. Acha que é a forma da namorada mostrar que gosta dele. Estive um tempo a discutir isto porque ele acha perfeitamente normal que a namorada investigue (constantemente) as sms e os telefonemas dele. (Isto é normal? Gostar de alguém acaba com o meu direito à privacidade?!) Melhor ainda, todas as amigas dele estão proibidas de lhe mandar sms ao sábado porque é o dia em que eles saem. Uma vez mandei-lhe uma sms num sábado (nunca mais me lembrei) e ele disse-me que tinha dito à namorada que eu era um gajo. Que bela relação! Ele mente-lhe porque tem amigas. No entanto, namoram há uma carrada de anos.

Tentei analisar porque é que não sinto ciúmes ou porque é que tenho necessidade de confiar na pessoa com quem estou. Acho que se mostrar que confio, estou a encorajar a pessoa a manter-se ao nível das minhas expectativas. Sinto que fazer um interrogatório só porque a Esmeraldina o convidou para lanchar, só serve para nos chatearmos. Mas cheguei à conclusão que ser assim não é normal e só me leva a situações caricatas!

1.Um namorado fez-me uma fita do caraças porque eu não lhe perguntava nada sobre as miúdas que lhe mandavam sms para o telemóvel (eu usava o telemóvel dele só mesmo para jogar porque o dele era Nokia e o meu era Siemens, não bisbilhotava as sms nem fazia ideia delas). Mesmo depois daquele disparate, continuei sem me preocupar porque era óbvio que ele queria que eu soubesse que ele me era fiel. Mas eu não preciso que me provem isso, parto do princípio que sim! Se é para ser infiel, não tem lógica estar comigo. Sempre achei muito estranhas as birras que ele fazia por eu não ter ciúmes e como passava a vida a dizer-me que isso o incomodava. Moral da história: acabámos e não sei como durou tanto tempo. Espero que ele tenha arranjado uma namorada bem ciumenta para o fazer feliz.

2.Depois desta experiência, achei que nunca mais ia conhecer ninguém que tivesse problemas por eu não ter ciúmes (a ignorância é uma benção!). Arranjei um daqueles rapazes que tem o mesmo efeito nas mulheres que uma montra em saldos. Ora bem, ele tinha tantas miúdas atrás dele que nem valia a pena preocupar-me, senão não tinha mais nada que fazer! Era eu uma moça pacata, feliz e contente, convencida que a vida era um mar de rosas quando recebo uma sms dele: "O concerto foi espectacular, não tens que te preocupar". O rapaz estava a uns 700km de mim, na borga com os amigos e eu não percebi a sms. Quando ele chegou, contou-me as peripécias do fim-de-semana, das miúdas e estava feliz da vida por me dizer que tinha sido fiel e que eu não tinha com que me preocupar! Comecei a ver a minha vida a andar para trás.. Outra vez?! Nãaaaaooo!!! Mas este teve um fim trágico-cómico: o outro fazia cenas e birras porque achava que eu não lhe ligava, este resolveu inventar que eu tinha um caso com outro gajo. Maravilhoso, o sr "tenho 1000 gajas atrás de mim" passou a achar que tudo o que eu escrevia ou dizia era uma mensagem codificada e conseguia inventar provas (nas coisas mais mirabolantes) de que eu o andava a trair. Até deixou de me falar para me dar tempo para ser sincera e para lhe confessar a traição. Será que ele achava que eu estava numa fase de negação?! Moral da história: acabámos porque ele nunca confiou em mim e eu desisti de pensar que ele alguma vez ia gostar de mim.

Agora, isto só me dá vontade de rir (para não chorar)! O meu amigo continua com a namorada dele e eu começo a achar que devia ser ciumenta! Parece-me que eles se queixam muito das namoradas ciumentas, mas no fundo, andam felizes da vida!

quinta-feira, março 10, 2005

Eu com um funil na cabeça

Saltei os degraus, de dois em dois, conforme subia até ao andar certo. Não sei se tornava a subida mais rápida ou mais lenta porque a minha cabeça fervilhava em contradições. Não sabia se queria descer ou se queria subir. Quer dizer, eu sabia que queria subir, o problema era depois quando tivesse que descer. Será melhor subir tudo e depois descer imenso ou subir até metade e só ter essa metade para descer? Nunca soube equacionar estas coisas. Arrisco. Neste caso, as minhas pernas continuaram a galgar os degraus. Dei por mim em frente à porta de madeira. Quer dizer, não é bem de madeira, acho que é daquelas que por dentro têm aquela estrutura sólida em ferro, mas o revestimento exterior é madeira. Não me lembro se os degraus que subi eram de madeira ou de pedra, mas de momento, estou petrificada à porta. Apetece-me fugir daqui! Mas não me mexo, nem sequer tento bater à porta. Não sei exactamente se devia cá estar. Incrível como os 30km parecem tão pouco em relação à distância entre minha mão e a campainha. Lembrei-me de uma situação semelhante, já há muitos anos. Nessa altura, não tive coragem de bater à porta, fiquei apenas a observá-la e depois fui-me embora. Suponho que ia ficar curiosa até hoje, se não fosse alguém a encorajar-me a ir de novo e, dessa segunda vez, entrei mesmo. Parece-me uma boa razão para tocar, não quero pensar "no que poderia ter sido" durante esta noite toda.

Cheia de coragem, levanto a mão até à campainha mas arrependo-me a meio. Tenho o braço estendido no ar e não sei o que fazer. O que é que vou dizer depois? Eu também não sei o que é que estou aqui a fazer! Enquanto penso nisto, tenho uma reacção involuntária e toco à campainha. A primeira coisa que me ocorre é fugir! Mas continuo parada, começo a rezar para que ninguém tenha ouvido a campainha. Pensando bem, até era melhor que alguém ouvisse e resolvia-se a situação de uma vez por todas. Começo a ouvir passos em direcção à porta e eu começo a andar para trás. Se calhar, o melhor era mesmo pirar-me! Abres a porta. Eu não sei o que dizer, pareces surpreendido, mas ao mesmo tempo, pareces feliz de me ver. Bem, suponho que esse sorriso me pode ajudar a esboçar um também. Só não sei bem o que estou cá a fazer, portanto, vou esperar que tu não me perguntes.

"Olá.. ! Por aqui? Então? Perdeste-te?!"

O teu bom humor sempre a salpicar o que dizes.. Pois claro, tinhas que perguntar, era óbvio que sim. A resposta é que não é assim tão óbvia, pelo menos, para mim não é. Como não tenho nada para responder, limito-me a encolher os ombros e a sorrir. Sim, já fiz das tripas coração (estes últimos minutos fizeram-me entender muito bem esta expressão) para chegar aqui, para estar aqui à tua frente. Estar a perguntar-me o porquê também já é pedir demais. Até és capaz de estar no teu direito, mas eu começo a sentir-me estúpida por aqui estar. Acho que reparaste no meu ar embaraçado e começaste a rir.. isso é bom, pelo menos alivia a tensão. Engraçado estar a olhar-te nos olhos, nestas situações costumo observar minuciosamente o chão. Aproximo-me de ti, o suficiente para poder sentir o teu cheiro. A situação está extremamente estranha e tenho pena que tenhamos parado de rir. Lembro-me da Maria Rueff e do Herman José a protagonizar uma cena de tensão sexual entre os "seus" alentejanos no saudoso Herman Enciclopédia. Acho que agora foi a primeira vez que desviei o meu olhar, mas pelo menos, serviu para pôr um sorriso novo na cara. Respiro fundo e aproximo-me ainda mais de ti. Deixo o meu nariz tocar no teu nariz e fecho os olhos devagar..

sexta-feira, março 04, 2005

Manual para gajos - Lição 3: "O lado lunar" (..por ser para ti, eu uso um eufemismo)

O que é que faz um grupo de gajos bêbedos? Atira bocas foleiras e faz-se às gajas, tenta dançar ou cantar. O que é que faz um grupo de gajas bêbedas? Atira bocas foleiras e faz-se aos gajos, tenta dançar ou cantar. Até aqui, tudo bem!

A diferença está no que acontece quando não há álcool envolvido. Este "pormenor" dos rapazes de serem capazes do melhor e do pior não me entra na cabeça. Quando um está sozinho (ou num grupo misto) comporta-se com uma pessoa "normal". O que acontece quando está num grupo só de gajos? Ora bem, do Dr. Jekyll passamos a ter o Mr. Hide! Só é pena que o nome não lhe faça justiça porque um grupo de rapazes faz tudo menos passar despercebido. Mas o que será que acontece à massa cinzenta dos rapazes quando estão juntos? Acontece algum fenónomeno físico que propicie uma tendência acéfala?!
Um grupo de gajos fala, basicamente, de três coisas: miudas, futebol e carros. E podem nem estar a falar de miudas até passar uma. Ela pode ter a cara de quem acabou de bater de frente contra uma parede, mas eles só se apercebem disso mais tarde ou nem se chegam a aperceber. Na zona para onde olham, está (quase) sempre tudo no sítio! "Ó boa", "Tudo bem??" ou aquele "Olá!!" com um sorriso rasgado e um ar de pateta escarrapachado. Na maior parte dos casos nem se mexem, apenas seguem o nosso percurso com a cabeça e não ficam minimamente aborrecidos por não lhe ligarmos nenhuma (até porque é isso que eles estão à espera).

Yeah, estão no gozo. Sim, estão a fazer-se de palhaços para fazer rir o grupo de amigos e sabem que têm lá mais uns para ajudar à festa. Sim, gostam de mostrar aos restantes que são eles que captam a atenção delas. Mas o que é que as miudas têm a ver com isso? Temos que assistir a estas cenas tristes todos os dias e não dizer nada porque é demasiado constrangedor ir na rua e dar conversa a palhaços? É assim, eu acredito que não façam por mal e apenas porque o resto do grupo se diverte. E até acredito que hajam miúdas que gostem. Mas a MAIORIA abomina. Eu sinto-me sempre mal. Até pode estar um dia lindo e eu estar muito alegre, mas se passar por uma cena dessas fico constrangida. Não gosto que me chamem aqueles nomes, nem gosto que me abordem na rua de maneira estúpida ou que estejam 5 gajos a olhar para mim, conforme eu passo, só porque naquele dia resolvi levar uma saia ou um top. Quer-se dizer, qualquer dia não visto o que gosto, mas visto qualquer coisa que me fique mal para ter a certeza que passo sossegada por um grupo de gajos, sem ter que aturar as piadinhas de mau gosto!?

É claro que o "clímax" deste comportamento encontra-se nas obras: os trolhas. Custa-me a acreditar que alguns deles sejam bons chefes de família (alguém deve ser!), tanto é o disparate que sai em tão pouco tempo!! É que nem é pela graça (apesar deles se rirem) mas porque chega a ser rude. Desconfio que 90% das raparigas respira fundo antes de passar numa obra ou passa para o outro lado da rua ou dá mesmo uma volta maior se puder poupar a humilhação de estar a andar e a ouvir bocas foleiras de todo o lado. Apetece imaginar que damos um pontapé aos andaimes, que aquela porcaria cai toda e eles nos vêm pedir desculpa pela falta de educação, um a um e de joelhos!! Ah.. ainda vou viver para ver uma destas!

Até lá.. eu sei que é muito giro mandar graçolas para o ar. Eu até acredito que fiquem embasbacados ao ver certas raparigas mas tentem evitar que a saliva escorra. Se não conseguirem, evitem as bocas foleiras. As miúdas apreciam os rapazes que se conseguem comportar normalmente, mesmo sem ser ao pé delas (a sério!). Acreditem que as possibilidades de engatar uma miuda é muito maior se sorrirem do que se mandarem bocas enquanto ela passa. Está claro que se a vossa ideia é ter a certeza que ela nunca mais quer olhar para a vossa cara, então força! Disparatem à vontade!!

(Para mais deste gato 5 estrelas, é favor ir aqui)

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Porque é que o errado nunca é o certo?

Não, não estou a tentar rivalizar com a Lili Caneças. Simplesmente lembrei-me de dividir as pessoas por quem sentimos, podemos vir a sentir ou chegámos a sentir alguma coisa em dois grupos.

Para começar, temos aquele rapaz que gosta mesmo de nós e nos trata super bem. Sabemos que se acabarmos com ele, vamos torná-lo miseravelmente infeliz. É o rapaz certo, o sr. Perfeito. É super atencioso e manda mensagens diárias a dizer que tem saudades nossas, é sempre ele que telefona, quer estar connosco todos os dias, é carinhoso, preocupa-se a sério, sabe do que gostamos, sabe do que não gostamos, faz os possíveis para nos ouvir, dá-nos razão e deixa de fazer coisas que gosta para estar connosco.. conhece-nos tão bem e ao mesmo tempo conhece-nos tão mal! Não percebe que, apesar de ser tudo aquilo que alguma vez desejámos, torna-se monótono. A relação em si chateia, não dá luta! É verdade que temos necessidade de ter alguém que goste verdadeiramente de nós, que nos dê a certeza que vai estar lá quando as coisas correrem mal. Mas aborrece na mesma. Ao fim de alguns uns meses, já não podemos ouvi-lo dizer que sente a nossa falta. A maneira de falar, o tom da voz ou algum tique mais estranho enerva-nos. Já não apetece estar com ele e inventamos 1001 desculpas para nos rasparmos. Sentimo-nos super mal por estar a magoar o nosso sr. Adorável, mas a verdade é que já não há pachorra! Já não sentimos nada por ele e não queremos ficar com um tique nervoso cada vez que o vemos à nossa frente! Como é que o rapaz dos nossos sonhos é entediante? Como é que ele não nos atrai? Porque é que lhe respondemos mal sem necessidade nenhuma? Porque é que ele nos perdoa sempre com tanta facilidade e, em vez de nos sentirmos felizes por isso, sentimo-nos mal? E acima de tudo: porque é que os beijos dele não sabem a nada?..

Depois temos aquele rapaz que, logo para começar "bem", tem uma fila de 300 miúdas atrás dele. Eu não gosto de filas, mas caio na asneira de gostar quando me deixam passar à frente.. Pode nem ser muito inteligente, mas é bem humorado e cativante! É alguém que sabe atrair e tornar-se interessante com o desenrolar da conversa. Normalmente tem qualquer coisa física que nos atrai, pode nem ser bonito, mas tem qualquer coisa que nos prende o olhar. É o rapaz errado, o bad boy. Faz-nos lutar por ele e deixa-nos gozar a vitória, mas sabe manter a distância e liberdade certas para que continuemos atraídas, preocupadas e interessadas. Passa dias sem dizer nada e não se preocupa com isso. Não nos conhece verdadeiramente e é incapaz de dizer qual é o nosso livro/filme favorito. No entanto, atrai-nos de uma maneira fenomenal! Está sempre no local errado e à hora errada (no país onde fomos passar 2 semanas de férias ou na terra da tia que mora no cú de Judas e sabemos sempre que, a dado ponto, temos que nos separar). Não quer nenhuma relação séria, mas nós também sabemos isso à partida, estamos todos a par das regras do jogo. No entanto, tem qualquer coisa que nos faz não querer ir embora. Temos a certeza que não é a pessoa certa para nós, mas estar com a errada é demasiado bom!.. Os beijos são apaixonados, parece que o desejo anda sempre no ar e não pára de crescer. Aliás, convencemo-nos que não sentimos absolutamente nada pelo dito cujo até ele entrar na sala, em câmara lenta. Não há monotonia e até podem existir discussões. Sabemos que ele sobrevive sem nós e nós sem ele, mas a atracção mútua é difícil de disfarçar e de suportar! Além disso, depois de ultrapassadas as barreiras iniciais, o reencontro é sempre apaixonadamente explosivo..

Se o sr. Errado nos convidar para fugir com ele para a Conchichina, nós aceitamos numa fracção de segundo, sem pensar em mais nada a não ser que vamos recordar aquela semana para o resto da nossa vida. Se o sr. Certo nos pede para ir jantar fora e conhecer os pais dele, a nossa agenda enche subitamente. Melhor ainda, começamos a evitá-lo porque, em boa verdade, não sentimos nada de especial por ele. Aquela paixão? Desejo ardente de estarmos sozinhos? Aquela vontade de sentir o cheiro da outra pessoa, senti-la encostada ao nosso corpo?..
Mas porque é que os errados nunca se transformam nos certos?!

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Folha em branco

Sentei-me e ali me deixei ficar. Pés enterrados na areia e os dedos da mão a traçar minúsculos caminhos que eram destruídos a cada nova passagem. A água ia e vinha, fazia um acabamento espectacular sobre os meus pés enterrados. Quando olho para a água do mar naquele movimento permanente só me lembro daquela música antiga: "O mar enrola na areia, ninguém sabe o que ele diz, bate na areia e desmaia porque se sente feliz!". Não me sinto feliz, mas sinto-me em paz. Sinto que estou, finalmente, no caminho certo. Sinto que é este o sentimento correcto. Desenterro o meu pé direito com a ajuda da água, calmamente. Reparo na pulseira que trago no tornozelo. Sorrio ao pensar que é preta e branca, como se fosse tudo assim tão simples, "sim ou sopas", "preto ou branco". E tu és tão cinzento! Complicado, uma mistura de preto e branco demasiado mexida e batida ao longo da tua vida. Mas no meu pé até que fica bem. Lembro-me da tua mão a percorrer-me a perna desde a coxa até ao pé.. só aí descobriste a pulseira! Achei que era tarde demais mas ainda aí era ofuscada pelo branco, o branco do sofá e do que eu pensava que eras.

Desenterro os dois pés e levanto-me. Entro dentro de água, brinco e salto.. como faço sempre. Pareço uma miúda pequena mas dá-me gozo estar dentro de água, horóscopos à parte, este é que é o meu elemento! Salpico a roupa, molho-me e, com algum custo, lá me lembro do que vim cá fazer. Saio da água, volto para a areia e retiro a pulseira do pé. Tiro-a com muito cuidado, não sei porquê. Estava já com um certo balanço para a atirar quando me lembrei que as ondas podiam trazê-la de volta. Entrei na água, de novo, e caminhei até ter água pelo joelho. Dobrei-me e abri uma cova no fundo, entre as conchas partidas e os caranguejos. Deixei a pulseira a repousar dentro da cova e tapei-a. Saí da água e não voltei a olhar para trás, não queria memorizar o local exacto onde estava. Só sabia que tinha que ser ali para se juntar à tua. Era demasiado lógico para mim, não tinha sentido mantê-las separadas.

E a folha continua em branco...

sábado, janeiro 29, 2005

Aquele vai não vai

Eu tenho um certo problema em aguentar-me numa relação, diga-se de passagem, sou mesmo muito má! A palavra "instável" já deve vir agregada ao meu conceito de "relação". Pois bem, não sei onde está o ponto fulcral da questão, mas suponho que seja porque eu adoro aquela fase antes de começar uma relação, aquele "vai não vai", aquela antecipação para ver o que vai dar, ver se consigo a pessoa que eu quero. Depois de a ter é outra conversa: mas afinal o que é que eu agora faço com isto?! Se calhar o problema é meu, mas pronto, rebobinando!

Acho piada àquela troca de olhares inicial. E se os olhares se cruzam, gosto do sorriso envergonhado que vem a seguir. Parece que no meio de um grupo de 10 pessoas, e apesar de estarmos a ouvir umas 3 a falar, o nosso corpo está concentrado numa só e espreitamos pelo canto do olho para ver se essa pessoa nos está a dedicar a mesma atenção de esguelha. Gosto deste flirt e deste tipo de sedução ainda a apalpar terreno! Esta fase costuma culminar numa conversa onde cada um espelha o melhor de si (o outro tem tempo para descobrir as partes chatas!) e onde a atenção toma níveis espantosos: ver como o outro se veste, como põe o cabelo para trás, como ri, o estilo de música que ouve, se lê, o feitio do nariz.. e no meio disto tudo, ainda estamos a absorver cada palavra para dar a impressão que estamos interessadíssimos (ele esteve a 10m do Carlos Sousa!) e que somos inteligentes o suficiente para falar do assunto! (Quem quer que seja o Carlos Sousa, acenamos que "sim" com a cabeça, vale tudo!)

Ao fim de algum tempo de saídas em grupo com muita gente a empatar (mas como óptima desculpa para se verem), lá se observam mutuamente. É uma facada pelas costas ver que a Marisabel se sentou ao colo do dito cujo: "Será que ele está interessado nela?". Passados 5 min já é qualquer coisa do estilo: "mas como é que eu não vi logo que ele estava interessado nela? Sou mesmo burra!". Passados outros 5 min, a Marisabel levanta-se e o rapaz até se aproxima de nós.. disparam as perguntas retóricas: "Será?...". E de novo, os sonhos reagrupam-se a uma velocidade estrondosa, apesar de há 1 min atrás termos visto o filme todo do que seria o casamento da Marisabel com o nosso objecto de adoração. O tempo passa, as certezas passam a dúvidas em fracções de segundo e as lágrimas passam a sorrisos em muito menos! (E vice-versa)

Finalmente, alguém ganha coragem para marcar um encontro.. a sós! (Mesmo que diga que também convidou o Zé e o António que, à última hora, não puderam ir!). O estômago parece não dar tréguas (há quem diga temos borboletas no estômago, mas quais borboletas?? A mim só me dá vontade de ir ao grego!!). As horas passam penosamente lentas enquanto não chega a hora do encontro. O cabelo escolheu o dia ideal para estar cheio de jeitos! A roupa.. mas será que nada fica bem? As olheiras, a ansiedade.. só bom aspecto! Finalmente, eis que se encontram. Muitos risos parvos e pouca conversa coerente de onde se destacam: "tudo bem?", "sim e contigo?", "também", "ah, fixe", "hum", "ur", "er", "hem".. Tudo isto selado com uns sorrisos sinceros, uns olhares que dizem tudo a alguém que passe a ver, mas (desgraçadamente) não dizem nada ao cegueta ao nosso lado! Cada movimento é pensado, o segundo em que vamos buscar pipocas (para ver se dá para roçar na mão dele), uma leve inclinação do pescoço em direcção ao ombro dele, as mãos postas bem à vista para quem quiser agarrar.. Às vezes estão tão perto que parece que só falta mesmo alguém tropeçar, bater num deles e resolver a questão! Há aqueles que se resolvem em 5 min.. e há aqueles que têm infinitos encontros e nunca mais se resolvem. Aqueles que gostam mesmo da outra pessoa têm medo de estar a interpretar mal e arruinar uma amizade que prezam imenso! Curioso é também o facto de massacrarmos os amigos a toda a hora com "vês? Ele não gosta de mim, não me liga nenhuma, não me dá sinal nenhum.. o que é que eu faço? Mas achas mesmo que ele está interessado em mim?!"..

Não sei.. gosto imenso desta quebra da monotonia, estar um dia cheia de convicção: “ele gosta mesmo!” E estar no outro dia completamente arrasada porque ele se sentou, de novo, ao lado da Marisabel! Correr para o telemóvel a rezar que o toque ou a mensagem seja dele, ficar à espera da resposta ao toque que acabámos de lhe dar e achar que ele está na cama com outra qualquer se o toque não chega nos 3 segundos seguintes!

"Amar alguém não é estupidez, estupidez é pensar que a outra pessoa também nos ama!"

sábado, janeiro 22, 2005

Tugas e pseudo-estrangeiros

Tenho imenso orgulho em ser portuguesa. Adoro viajar, conhecer culturas, locais novos e até era capaz de viver no estrangeiro durante uns anos desde que soubesse que voltava. Faz-me falta o Portugal que eu conheço: o sol, as paisagens, os amigos, a língua e, tenho que reconhecer, faz-me falta a comida!

No entanto, há coisas nos meus compatriotas que eu não compreendo e custa-me imenso a tentar entender! Não vou falar daquela unha do dedo mindinho com um tamanho escandaloso, do facto de ninguém fazer piscas, do facto dos alfacinhas decorarem o tempo que demora a ficar verde nos semáforos, dos meus avós irem a um restaurante e só pedirem bacalhau, nem mesmo daquela coisa tétrica, que eu nunca vou perceber na vida, que é parar para ver acidentes. Lembro-me de estar a chover imenso e haver um acidente na IP5 (para variar). O acidente foi numa ponte e a polícia cortou a estrada. Pois foi ver uma multidão a sair dos carros para ir ver.. ver o quê?! Se tinha morrido alguém? Qual o modelo irreconhecível do carro? Para aparecer na TVI? Para quê?! (E claro, levavam as criancinhas por arrasto porque convém que elas vejam estas coisas, para cada vez menos saberem que a imagem de uma pessoa morta e desfigurada não é uma cena banal). Li não sei onde como é que se podia logo saber que as torres que caíram no 11 de Setembro não eram portuguesas: repararam que o pessoal estava a fugir? Se fosse em Portugal, a manada corria no outro sentido..

Sem querer ser xenófoba (até porque há sempre excepções), embirro imenso com emigrantes franceses. Dá-me ideia que qualquer português que vá uma semana para França, esquece como é que se fala português. Todos os anos em Agosto somos novamente invadidos.. mas pelo menos Napoleão sabia falar francês! É fácil ver quem são: nos supermercados falam com as caixas em "portucês": "Num me sabe dirre unde é la plage?", qualquer açoriano passava mais depressa por francês do que estas aves! E depois têm aquela particularidade de apenas falar português quando estão furiosos: "João Emanuel, já te disse 1000x para estares quieto!". Sou incapaz de dizer quantas pessoas já me contaram histórias destas. Alguns voltam para Portugal, trazem os seus filhos com dupla nacionalidade e uns nomes belíssimos.. Será que não têm pena dos filhos? Ok, se calhar na França a única música portuguesa que passa é das Claudisabeis, Claudias Marisas, Anas Micaelas, Marianas Vanessas.. mas tentem ter um pingo de bom gosto. Não guiam o carro durante o ano inteiro e vêm para cá com o seu jeito domingueiro, de crucifixo no retrovisor, semear acidentes pelas estradas (já de si em mau estado). Nós temos imensos acidentes em Portugal, mas no Verão a coisa torna-se caótica! E o 13 de Agosto? Ainda bem que não moro para os lados de Fátima! Aquela gente só pode mesmo agradecer à nossa Sra. de Fátima, da maneira como conduz, chegar são e salvo ao santuário é mesmo um milagre!

Também me chateiam aqueles portugueses que acham que sabem falar as línguas todas e não sabem dizer nada. Uma vez, estava num grupo em Espanha e queríamos comprar uns comprimidos quaisquer. O cromo do grupo ofereceu-se para perguntar onde havia uma farmácia. Chegou-se ao pé de um espanhol e perguntou (num português mal enrolado): "puede mi dizer onde é la farmacía?" e o espanhol não percebeu. Quando chegámos ao pé do senhor, pedimos por uma farmácia, devagar, em português. Ele voltou-se satisfeito: "ah, farmácia!" e deu-nos as indicações necessárias. Suspiro, há cada um mais triste!!

Não se pode agradar a gregos e troianos, não é? Ah.. já disse que adoro ser portuguesa?! ;)

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Já em 2005?!

Ainda não acordei bem para a vida e hoje já é dia 5 de Janeiro de 2005! Continuo com trabalhos para ontem, os problemas são os mesmos e o frio também mas a minha memória está enriquecida com quatro dias fabulosos que eu desejei TANTOOOOOOOO que não acabassem!!
No domingo achava que não devíamos viver dias tão bons, depois ficamos com um melão de todo o tamanho quando estes dias acabam!

Adorei ver o nascer-do-sol, adorei estar na praia e a garrafa de champanhe de 2 euros não abrir, adorei estar salpicada da água do mar enquanto jogavam à bola, ter uma sorte brutal a jogar às cartas, adorei tentar perceber se acordava de noite ou se era mesmo hora de jantar, adorei jogar, conversar e desconversar, adorei não dormir, adorei ter toda a gente lá em casa e termos conseguido limpar aquilo, foi a melhor passagem de ano de sempre, sei que entrei em 2005 com dois pés direitos (lol) mas estou mesmo triste por ter passado. Porque é que o meu subconsciente não me dá tréguas? Já quanto à música que tocava nos bares, quer-se dizer.. "O-Zone" tem que ser a primeira coisa que eu tenho que ouvir no novo ano?! "Clementina de Jesus"? "Estou na lua"? "Amanhã de manhã"? Ó meuz amigoz, é que não havia nexexidade nenhuma!!! Melhor mesmo foi descobrir os chapéus, as plumas e ligar o rádio!
Já combinámos repetir mas estas coisas enfim, já se sabe que as intenções são boas, o problema é a concretização!

Para toda a gente que lá esteve e para todos os meus amigos (que nem fazem ideia que sou eu que escrevo estas barbaridades porque eu nunca assumi), muito obrigada por me terem proporcionado um ano de 2004 simplesmente excelente, que eu não queria que acabasse. Infelizmente acabou mas acabou mesmo em grande! Agora só queria que 2005 tivesse metade das sensações e coisas boas que tive em 2004.

Um óptimo ano para toda a gente!!
(E desculpem o atraso mas ainda estou a acordar!)

PS: Mr. P ou escreves alguma coisa aqui ou eu prometo que meto aquela fotografia dourada da passagem de ano, estamos entendidos?? lolol