sábado, dezembro 25, 2004

Wonderful World

"I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself what a wonderful world.

I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself what a wonderful world.

The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands saying how do you do
They're really saying I love you.

I hear babies crying, I watch them grow
They'll learn much more than I'll never know
And I think to myself what a wonderful world
Yes I think to myself what a wonderful world"

Oh, yeah... Adoro a frase "The dark sacred night". Sinto-me feliz.

Feliz Natal!!!

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Steamy windows

Sim, eu sei que é uma música da Tina Turner. Ao ouvir a música, imaginei algumas situações de janelas embaciadas. E sabem que mais? Descobri que gosto de janelas embaciadas, transmitem calor humano!

A primeira que imaginei foi uma janela grande (daquelas de sala de estar) embaciada pela respiração de muitas pessoas do lado de dentro, como numa festa de Natal. Uma árvore de Natal encostada ao lado direito da janela, assim com luzes a piscar (luzes brancas). Sei que fui influenciada pela época em que nos encontramos, mas tentei imaginar isto de maneira decente. Deixemos as iluminações berrantes..

A segunda janela que me veio à cabeça foi uma a escorrer em pleno Verão.. não vale a pena adiantar muito sobre o assunto mas a verdade é que é uma razão mais que digna para embaciar janelas. Dois corpos juntos a queimar um grande número de calorias e a proporcionar um espectáculo de milhões de gotículas condensadas, enquanto o corpo tenta desesperadamente regular a temperatura. Mas a ideia não é mesmo que ela suba?

Terceira janela, como não podia deixar de ser.. imagino uma miuda de cara redondinha (não sei porquê, mas tem um ar mais simpático e saudável), assim com cabelos louros encaracolados a cair pelos lados da cara enquanto sorri. De repente, começa a nevar. Ela sorri para as pessoas que passam a olhar para cima, sorri para o boneco de neve que está a ser construído ali mesmo na frente da casa e para o futuro nariz que seria o fabuloso jantar de algum coelho mais esfomeado. A miúda sai de casa e estende a mão à espera que um floco de neve a escolha como pista de aterragem. A Natureza tem mesmo jeito para estas coisas.. estruturas espectaculares que não se repetem uma única vez tal é o factor de aleatoriedade. Um manto branco que povoa as ruas, torna o ambiente limpo e puro..

Abro os olhos e revejo-me nesta cena. Queria um Natal branco. Não sei porquê, sou apaixonada pela neve e nunca vi nevar, sempre achei que era uma grande falha na minha vida. Quando passei um Natal em Londres, apanhei sempre temperaturas negativas, vestia 3 e 4 camisolas, casacos, calças, collants, mas nunca sentia o nariz. Rezei infinitamente por neve. No dia seguinte a apanhar o meu avião em Heathrow, começou a nevar e o aeroporto foi encerrado. É o que se chama um péssimo timing! Nevertheless.. ainda não perdi a esperança! Queria mesmo um Natal branco, como é mesmo a música? "I'm dreaming of a white Christmas.."

sábado, dezembro 18, 2004

Para quem merece uma prenda no sapatinho!

Todos temos o mesmo número de cromossomas, o mesmo tipo de ligações nervosas e, na maioria dos casos, pés, tronco, braços e cabeça depois do pescoço. Como é que conseguimos ser tão diferentes? Como é que há pessoal que ganha o dia a infernizar a vida dos restantes e outros que parecem viver só para nos alegrar?
Este post é para aquele pessoal que consegue animar toda a gente, faça chuva, faça sol! Para aquelas pessoas que parecem viver sem problemas. Na verdade, parecem ter uma missão muito especial: animar e dar vontade de viver aos restantes mortais.

Um dia destes, estava um rapaz a tentar atravessar a estrada para chegar ao carro dele, eu parei o meu carro para ele passar. Ele também parou de andar para eu passar. Eu fiz-lhe um gesto para avançar ao mesmo tempo que ele fazia o mesmo. Desatámos a rir um para o outro. Foi original como conseguimos criar empatia em menos de 3 minutos. Faz-me sorrir quando me lembro (e estejam descansados que a estrada estava deserta, não havia nenhum condutor furioso atrás de mim a tentar passar por cima).

Talvez o exemplo mais flagrante tenha sido na abertura da loja "Toys'R'Us". Fui recebida à porta pelo "Super Mario" e lá dentro vivia-se um ambiente de festa: muita música, muitos balões (não sei se foi por ser baixinha, mas tive direito a um balão como os putos) e, acima de tudo, muita cor e animação. Entretanto, enquanto serpenteava entre o rato "Mickey" e a girafa que é o símbolo da loja, começou a dar aquela música (se é que se pode chamar música) das "Ketchup", muito em voga nesse Verão. Qual o meu espanto quando me senti dentro de um filme musical: toda a gente sabia a coreografia! Mães a dançar com os filhos ao colo, putos e graúdos a dançar uns com os outros. Dei por mim na onda, a dançar e a cantar também! Quando saí da loja, uma hora depois, sentia-me rejuvenescida (e sem gastar um cêntimo!).
Será a alegria/calor que sentimos cá dentro, vinda do nada, o elixir da juventude?

Pus-me a pensar nas pessoas que realmente conseguem melhorar o dia às outras pessoas. A maioria dos professores e chefes são peritos em fazer exactamente o contrário. Às vezes, só uma atençãozinha faz milagres! Um abraço de vez em quando, um sorriso na hora certa.. nem que seja um toque de telemóvel (um "lembrei-me de ti e quis que soubesses" electrónico).
Andar sempre bem disposto é uma tarefa hercúlea e duvido que alguém consiga estar sempre assim sem nunca passar por alguma instituição de apoio mental.
Torna-se simples fazer outras pessoas sorrir, até quem não conhecemos: alguém a passar na estrada, um puto que acabou de entornar um copo cheio de leite por cima dele e está cada vez mais sujo ao tentar limpar, um senhor distraído que chocou connosco na fila do peixe.. qualquer um deles vai sorrir se tomarmos iniciativa. Melhorar o dia a alguém não custa nada e, receber um sorriso de volta, aquece a alma. A sério que aquece.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

An apple a day keeps the doctor away

Estava num consultório médico a admirar os quadros que estavam pendurados. Achei piada ao sentido de oportunidade porque todos os quadros eram relativos aos meios medicinais da idade média (como esta foi a nossa idade obscura, suponho que no Renascimento isto tenha evoluído). Fiquei espantada pela mensagem subjacente que eles deixavam escapar, como que a dizer: "Se está doente, pense em como tem sorte por ser atendido por um médico dos dias de hoje que, supostamente, sabe o que está a fazer!" Olhava para os quadros e ia lendo as legendas, incrédula.

Como curar uma dor de cabeça: atar pele seca de cobra à volta da dita cabeça. (Felizmente não dizia lá que tínhamos que apanhar a cobra numa noite de lua cheia e deixá-la a marinar em vinha-d’alhos durante 3 dias - a sorte é que, entretanto, passava a dor de cabeça).
Como ter um conselho médico? Nada de ligar para Médis ou ir às urgências, simplesmente perguntem à primeira pessoa estranha, que passe em frente à vossa casa, a cavalo. Não sei qual a probabilidade disso hoje em dia, mas suponho que o resultado é o mesmo: se estava doente, continua a estar.
Outra curiosidade: os homens só iam aos hospitais acompanhados das mães. Azar dos órfãos?! Sempre era uma boa desculpa para a mulher se livrar do marido e da sogra ao mesmo tempo: um prato de sopa estragada para ele!

Lembrei-me de ter lido um e-mail qualquer que explicava (se é que era verdade) que, na idade média, as pessoas se casavam todas em Julho porque era a altura do banho anual. Sempre com a mesma tina (e a mesma água porque como bem de 1ª necessidade, já na altura era paga), primeiro lavava-se o dono da casa e aí por diante até chegar às mulheres (não podia deixar de ser) e aos bébés que eram os últimos e até se deviam perder naquela imundice. A primeira ideia que me surgiu foi que, nascida naquela época, queria casar com um pescador que soubesse nadar (sim, marinheiros de água doce não serviam). A segunda foi que aquilo era, definitivamente, a lei do mais forte. A pergunta que me fica é: se eles sobreviviam a estas "lavagens", será que alguma vez precisavam de ir ao hospital? Será que eles conseguiam ficar doentes?! Só de pensar que os romanos já tinham saneamento.. argh!

Depois lembrei-me dos dentistas. Arrancar dentes a sangue frio, correndo o risco de estar a arrancar o errado. Pés no peito do doente para apoiar o esforço, alicate em riste.. Bem, nem quero imaginar! Não admira que qualquer um dos meus avós entre em pânico ao ouvir falar em dentistas!! (Qualquer um dos 4 não tem dentes e usa placa, just for the record)

Hoje em dia, perdemos estes hábitos que nos fortaleciam e tomamos banho diariamente (se bem que os nossos congéneres nórdicos ainda o evitem). Aumentámos a esperança média de vida nuns 30 anos e conseguimos reunir um leque fabuloso de novas doenças, além de morrermos na lista de espera dos hospitais ou levantarmo-nos às 3 da manhã para ter uma consulta no centro de saúde para dali a um mês. Mas só pelo dentista, pelo pescador-que-sabe-nadar e porque tive apendicite aguda há uns anos, fico muito feliz de ser uma doente do séc. XXI!

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Couve natalícia

Numa estrada onde passo diariamente, os buracos deram lugar às crateras e já mal se vê a estrada no meio das ditas cujas. Uma em particular, faz-nos pensar se os nossos antípodas não nos conseguem ouvir. Há uns tempos, uma alma caridosa tratou de encher o buraco de terra (deve ter dado uma "trabalhera") mas com as fortes chuvadas desta noite, alguma terra enlameada saiu e voltou a descobrir parte da cratera. Voltámos a ter o buraco que nos fazia desejar que alguém ali partisse uma jante para processar a junta de freguesia. Ia eu a tornear a tal cratera (semi-nipónica) quando vi que, para meu espanto, alguém a tentou sinalizar colocando um vaso e uma couve galega lá dentro!! (As couves galegas são aquelas que conseguem atingir alturas impressionantes) .

Mesmo assim, acho que isto não tem metade da piada de estarmos ali a ver a couve a 3D, literalmente plantada no meio da estrada!

O que vale é que os portugueses NÃO poupam esforços para alegrar o dia de um seu semelhante. Este ano, o pessoal achou que andávamos todos em baixo com estas crises em cima de crises apenas superadas pela inflacção e resolveu adiantar o Natal. O espírito natalício das superfícies comerciais começou em meados de Novembro. Qualquer dia estamos a chegar da 2ª quinzena de férias em Setembro e, à entrada do escritório, damos uma cabeçada na coroa de azevinho, "Feliz Natal"! E o que dizer de certas iluminações de natal que vemos em certas casas?.. Aqueles tubos de luz verde, encarnada, azul e amarela que se vendem no LIDL estão espalhados por tudo quanto é sítio. Parece que estamos em plena Feira Popular com tanta coisa a piscar e a trocar de cor. E aquelas maravilhosas luzes verdes nas casas? Onde estavam elas na noite de Halloween?! Depois há aqueles que optam somente pela cor branca, mas isso não rivaliza com as anteriores. Então o que se faz é encher a fachada da casa de milhares (literal) daquelas coisas que piscam a uma velocidade tremenda! Não há epiléptico que escape! Só lhes falta o placar de néon a dizer: "Esta noite, Fernando Pereira no casino da Horta Seca". (Ainda influências da couve..).

Mas gosto deste ambiente (em Dezembro, claro!). Gosto que as pessoas ainda se dêem ao trabalho de retirar aquelas coisas carregadas de naftalina (deve ser a altura em que andam mais traças no ar) do sítio mais recôndito do sotão da casa, para festejar um feriado que não diz respeito ao trabalho, aos direitos de igualdade ou a alguma revolução. Apenas e somente à ideia de estarmos todos juntos em família num clima de aparente paz e tranquilidade. A verdade é que acabamos por andar mais tolerantes. Deve ser das poucas alturas que temos crentes e ateus a festejar em uníssono. Prendas para os mais novos e alegria para os mais velhos por terem a família toda reunida. Eu confesso que me perco nas sobremesas até à meia noite, a cantar o "A todos um bom Natal" e a entrar nos jogos e teatros da pequenada. Nós podemos ser o corpo e cabeça, mas a alma do Natal está nas crianças. Um pouco antecipado, mas Feliz Natal!! :)

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Kiss me goodbye

Se não viram o filme "Before Sunset", acho que não vale a pena ler o post. Se estão a pensar vê-lo, atenção que é o seguimento do filme "Before Sunrise".

Este post teve um "parto difícil". Andava com ele às voltas na minha cabeça e já não sabia como o evitar. Já vi o filme há algum tempo e ando num certo exercício de masoquismo pois não paro de o rever na minha cabeça. O filme atingiu-me em cheio, saltou por cima de todas as sólidas fortalezas que erigi e deitou-as abaixo tal como um castelo de areia engolido por uma onda mais atrevida. Senti-me completamente exposta. Ao fim de tanto tempo, veio tudo de novo: aquele fim de noite, a praia, o mar calmo, as espreguiçadeiras, a lua, a areia, de como eu me queria descalçar para sentir a areia nos pés e experimentar a água fria.. Acabei por ficar calçada com medo de sujar as meias, os ténis ou o carro. Mais uma parvoíce. Basicamente, lembro-me por causa de ti. Dos teus olhos a brilhar e do teu sorriso que me provoca sempre outro.. Como diz a Carly Simon: "..How'd you learn to do the things you do?.." (na música "Nobody does it better").

O Jesse é espectacular. Foi ele que apareceu no local combinado, foi ele que ficou pendurado. Foi ele que tentou andar com a vida para a frente e não se tornou amargo. É ele que coloca o coração nas mãos dela, para ela o estilhaçar como quiser. Ele tenta fazer contacto, ele diz vezes sem conta como está feliz só por estar com ela.. ela foge sempre. Magoada pela a ideia de que ele a traiu quando se casou, que ele é feliz e ela, por causa dele, não. Tanto se protege que até lhe mente, sabendo que o magoa. Fala, fala, fala.. nunca tenta fazer contacto visual ou algum tipo de contacto físico, com medo que o que ela sente por ele transborde de vez e depois não exista maneira de voltar atrás. Sempre tive medo de te mostrar o que eu sentia porque tenho medo de não conseguir dar a volta. De não conseguir esquecer. De não voltar ao que era antes de te conhecer. O pior é que ainda não esqueci e já me ponho com estes "se" todos. Como se a cena da conversa telefónica do primeiro filme nunca pudesse acontecer.. aquela sinceridade brutal. Fazer-te saber exactamente o que eu sentia a cada momento, sem me preocupar se tu me vais magoar de seguida ou não.

Ele senta-a ao colo dele. Nota-se que ela está super desconfortável, tipo pedra. Senta-se rapidamente ao lado dele, finge que aquele momento constrangedor não aconteceu e fala, fala, fala.. Lembro-me do espaço todo que me ias deixando ao teu lado.. porque é que eu não me sentei? E falei, falei, falei..

Até que Céline tenta tocá-lo dentro do carro. Quando finalmente percebe que ele sente o mesmo que ela. Quantas vezes eu pensei nisso sem tu saberes, quantas vezes me apeteceu mandar ao ar aquele medo estúpido de ser magoada que acaba sempre por vencer a minha valentia de uma fracção de segundos. Não entendo como é que senti e sinto cada sensação, gesto, sorriso a cada cena que passa. A emoção cá dentro aumenta a níveis completamente impressionantes e tenho medo que aquilo rebente tudo antes de tempo. Mas não, um final soberbo que nos deixa a voar e torcer para que, pelo menos, aquela noite dê certo: "Baby, you're gonna miss that plane", "I know".

A declaração dela é linda.. aquela música não sai da minha cabeça. Gosto particularmente dos versos: "..I just wanted another try/I just wanted another night/Even if it doesn't seem quite right/You meant for me much more/Than anyone I've met before..". Aquela pausa e o suspiro bem fundo no nome dele. Apenas mais uma noite.. eu nem peço tanto. Aliás, nem sei se queria uma noite. Quero e não quero por tudo o que pode acontecer de seguida. Lá estou eu na mesma.. Só queria mesmo um último beijo. Sabes quando percebemos que um beijo pode ser o último? Há quem diga que o primeiro é o melhor de todos, eu não concordo. Ao saber que um beijo pode ser o último, pomos toda a nossa emoção nele. Queremos recordar cada infinitésimo de segundo desse momento. O frio da espreguiçadeira, a cor dos teus lábios, o ar quente que se partilha, a luz da lua a reflectir no mar, os teus olhos a fecharem devagarinho mas que nunca fecham completamente. Sabias que os deixas sempre semicerrados?.. Incrível como imagino a cena em cada pormenor e ela não aconteceu. Lembro-me que me estás a dever um desejo. Acho que é este mesmo. Um último beijo depois de te conseguir dizer tudo isto.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Associação Portuguesa para Defesa dos Direitos do Sonhador

Será que, cada vez que alguém sonha connosco, nós deveríamos ter direito a ter o mesmo sonho? Afinal, temos a reclamar os direitos de imagem, no mínimo!! É claro que esta dúvida me assaltou quando um amigo meu (que, por sinal, tem mais que tudo no sítio) me disse que tinha sonhado comigo e que tinha sido uma festança do caraças!! A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: e eu, pá?! Não tenho direito a, sequer, um infinitésimo do regabofe/festança/prazer que "proporcionei" (por assim dizer)? É extremamente injusto! Com sorte, estava a sonhar com uma parvoíce qualquer (como ter um tio mafioso que eu ando a perseguir com a ajuda do MacGyver), quando podia estar a ter uma noite do caraças! E mais, além do prazer ser parecido (nos sonhos não sabemos que estamos a dormir e vibramos com as emoções de igual modo - ok, eu sou assim), podia acordar cansada (ou não) mas feliz! E nem sequer havia resquícios de uma possível gravidez. Não é a relação (à distância) ideal quando não queremos ter nenhuma relação?!

Estava quase a proferir as palavras mágicas: "Desejo ter o mesmo sonho que um rapaz que sonhe comigo" quando me lembrei que eu me estava a referir mesmo sonhos e não a pesadelos! Lembrei-me do que sucederia se um gajo qualquer asqueroso sonhasse comigo.. Asqueroso no sentido em que eu não o queria nem banhado em ouro e incrustado em diamantes, e não no sentido físico até porque isso não diz nada da sua eventual performance! A que tipo de atrocidades poderia ele sujeitar-me e eu a ter que sonhar com tudo?! Ia acordar a chorar por um psiquiatra? Por uns bons soporíferos para dormir que nem uma pedra e não me lembrar do que sonhei?

Ora bem, preciso de reformular a minha ideia! Acho que tenho o direito de ter o mesmo sonho de alguém que sonha comigo, mas apenas quando o sonho é bom para ambas as partes! Ou seja, visto da perspectiva dos dois intervenientes é um SONHO! A ligação podia ser feita por algum elo telepático que activasse o nosso cérebro para ter a mesma imagem que o outro tem. Ou como nos desenhos animados em que temos uns seres (curiosamente, na maior parte, têm cabelo azul) que estão equipados com uns computadores espectaculares e algum tipo de emissor, onde escolhem os nossos sonhos e nos transmitem de noite. Assim, era só receber o mesmo sonho que a outra pessoa recebesse e a coisa simplificava-se. Se duas pessoas sonharem ao mesmo tempo connosco, acho que temos tempo (uma noite é algo como 7 horas e os sonhos costumam durar, no máximo, 20 minutos) para os ver em sequência.

Se calhar andávamos por aí podres de cansaço.. mas, seguramente, com um sorriso à Manuela Moura Guedes! Talvez não pudéssemos evitar um olhar lascivo à outra pessoa.. (é claro que nunca correríamos o risco de saber quem sonhou com o quê pois ficava a dúvida no ar: será que para ele/a também foi um sonho?). No caso de alguém começar com a conversa assim: "epá, nem sabes com o que eu sonhei no outro dia..", bastava uma troca de olhares para sabermos que tínhamos ali uma certa correspondência..! Era giro! Será que o Pai Natal aceita deste tipo de pedidos não disponíveis nos hipermercados?

sexta-feira, novembro 19, 2004

Bem, pior não pode ser! (Será?)

Vinha a chegar a casa e, por acaso, numa zona mais elevada da estrada, consegui ver a "minha" aldeia lá em baixo, completamente envolta numa nuvem. É que conseguia ver os contornos da nuvem e tudo! (Não, não moro em Vale Cabra nem no sinal direito da nádega esquerda de Judas) Assim que entrei na dita nuvem, ficou tudo pálido de nevoeiro. Só muito depois de estar em casa é que os raios de sol começaram a tentar furar.. Fiquei a pensar: se não tivesse que pôr gasóleo, não tinha ido por aquele caminho para casa e tinha perdido aquela vista espectacular. Quantas vezes é que nos acontecem uma data de coisas que parecem estar a convergir para um acaso feliz? Lá diz o povo que "Deus escreve direito por linhas tortas" (suponho que Gaudi se baseou nisto para as suas construções).

Às vezes estamos chateados porque acabámos de rasgar a camisola que ficou presa naquela janela aberta para a rua, onde tínhamos acabado de bater de frente e de pôr em causa a posição natural do nariz, assim que virámos a esquina. Ou porque o nosso carro está no parque de estacionamento entre 2 carros e todos eles trancados com mais 2 por trás e 2 pela frente e o raio da reunião começa daí a 5 minutos! Rogamos aos céus (porque o telemóvel acabou de ficar sem bateria) por um reboque quando na verdade precisávamos era de uma grua que, de preferência, só nos largasse no edifício onde já decorre a reunião. Ou mesmo quando estamos na estrada (com pressa, claro! Nada disto acontece quando saímos com tempo), a uns 500m da saída e todos contentes porque é desta que chegamos a horas ao veterinário! De repente, o carro que vai lá à frente bate no camião do lado e assusta os condutores da outra via que, por sua vez, também batem. Ora aí está: tudo encar*lhado sem a mínima chance de passar por onde quer que seja! Lembramo-nos da navezinha do "George Jetson" e desejamos arrumar o carro numa mala de mão e ir a correr até à saida.. que é logo ali!! Mas não.. estamos todos à espera da polícia porque ninguém se quer dar como culpado, nem tiram os carros da estrada que é para o sr. polícia efectuar as medições necessárias. E nós porra?? Nós não batemos nem provocámos nenhum acidente extra! Nós pagamos os mesmos impostos (talvez mais!). Nós não queremos saber!.. Nós só sabemos que o cão está a babar o carro todo (incluindo os elevadores do vidro que já escorrem), a morder os cintos de segurança e a ficar extremamente inquieto por estar parado há tanto tempo! O carro está cheio de pêlo nos estofos e no ar e a nossa paciência há muito que se esfumou. Será que há razão para não ligarmos o carro e acelerar a fundo contra o carro da frente? Com sorte, dá para ir desviando os carros até chegarmos à saída?..

Será que realmente estas coisas todas convergem numa boa notícia? Tipo.. encontramos uma camisola infinitamente melhor e a metade do preço na loja mesmo ao lado? Aparece um dos rapazes mais bonitos que já vimos na nossa vida, diz que é médico e endireita-nos o nariz, além de nos convidar para ir jantar fora? Ou aparece um gajo lindo de morrer que é o dono do carro ao lado do nosso (por conseguinte, também está trancado), telefona para o reboque/grua e ficamos com alguém interessante para conversar? Descobrimos que ele até vai para a mesma reunião e já avisou para não começarem sem ele! Será que o nosso cão se farta e adormece no banco de trás, enquanto descobrimos que um cano rebentou e a clínica veterinária parece o repuxo de Miranda do Douro? Com a agravante de termos cães e gatos à luta, no meio da água, os donos completamente encharcados à procura da sua mascote e alguns feridos ligeiros que levaram com o que quer que o jacto de água tenha arrancado.

Quero acreditar que sim.. quero lá saber se o Neo gosta de controlar o destino dele! Eu, definitivamente, não controlo o meu mas quero acreditar que tudo o que eu passo de mau é para ter direito a uma recompensa! "Como te portaste tão bem naquela má situação, tens direito a uma tablete chocolate de leite, daquelas da Nestlé!".. e aí vou eu, feliz da vida, à espera da próxima catástrofe e de espada em riste: "Ela que venha!!" (Ou não, ou não..)

segunda-feira, novembro 15, 2004

Don't let the sun go down on me

Hoje andei a passear pelo blogger e descobri a página onde tem os blogs que vão sendo actualizados segundo a segundo (sim, por minuto o número de blogs actualizados deve ser maior que o nº de avogadro). Fiquei um pouco surpresa quando vi a quantidade de blogs que são criados diariamente. Há pessoal que fala como se fosse para um confessionário, expiando todos os males que lhes vão na alma e alguns são bem depressivos! Será um desgosto de amor uma epidemia comparável à nossa peste negra?

Ando a bater um pouco na mesma tecla, mas ultimamente é o que me tem passado mais pela cabeça (quando consigo parar um minuto para pensar em qualquer coisa que não seja trabalho). Estava a ouvir um verso de uma música e fiquei a pensar nele: "Why do we love if love will die?".. pois é, porquê? Qual é a piada de darmos todo o nosso ser, espírito, tempo e pensamentos a outra pessoa, se a probabilidade de continuarmos juntos parece diminuir exponencialmente, a cada minuto que passa, após a primeira troca de olhares carregada de segundas intenções? Somos masoquistas? Insistimos vezes sem conta apesar de estarmos fartos de perder combates com um violentíssimo KO?
Para que é que damos tanto de nós a alguém que, assim que encontrar alguém melhor, nos troca e vai passear com o objecto que nos provocou a falta de vontade de viver, bem diante dos nossos narizes? Somos trocados porque os sentimentos mudam.. o problema é que, na maior parte das vezes, não estamos conscientes da chegada dessa mudança. Levamos um murro seco e nem temos direito a responder ou despejar as nossas frustrações. Para quê? O tempo não volta atrás.

Há pessoal que nunca mais confia em ninguém. Será isto resultado da aprendizagem com os nossos erros? É melhor fechar as portas de vez do que nos sentirmos estúpidos por ter voltado a acabar mal? Sermos apanhados duas vezes (ou muitas mais!) no mesmo triste fim é horrível. Achamos que nunca vamos ter direito a sermos felizes, o nosso destino parece rodar, invariavelmente, em torno da infelicidade.

É verdade que aprendo com cada queda que dou. É verdade que cada caso é um caso. É verdade que sofremos tanto que, às vezes, não contemos o rio de lágrimas porque as feridas que nos dilaceram cá dentro doem milhentas vezes mais do que os cortes que conseguimos ver. ("É dor que desatina sem doer", como dizia o famoso Luís). Acho que correr o risco vale todas estas verdades que doem a cada palavra e cada lágrima que corre. Se não nos dermos de corpo e alma, para que serve o amor? Se fecharmos todas as portas, como encontramos a certa? Não há solução única para viver um amor. Não é em vão que se diz "cego de amor". Sei que me apaixono, mas queria saber porquê..

Queria saber o porquê de achar que cada segundo de felicidade vale muito mais que uma semana onde não consigo sequer sorrir. Cada segundo onde um olhar ou uma ternura reconstrói o espírito e apaga cada ferida, uma a uma, com uma destreza inigualável.


(Para os mais distraídos, o número/constante de Avogadro (nº de partículas numa mol) é 6,022x10^23 - sou capaz de ter exagerado "ligeiramente" na comparação, afinal, só estamos a falar de um nº superior a todos os grãos de areia existentes na terra)

Jornalismo de "balneário"

Gosto de me sentir multitarefa, sempre que vou para a casa-de-banho levo comigo uma revista, um livro, o jornal, palavras cruzadas.. qualquer coisa que sirva para me entreter! (Espero que a maioria dos alfabetizados deste país façam o mesmo, senão vou começar a sentir-me MUITO estranha com os meus hábitos diários). Mas o que fazer nas casas-de-banho públicas?! É aqui que entra um conceito completamente inovador: Jornalismo de Balneário! O que seriam aqueles minutos desperdiçados a olhar para a disposição dos azulejos se não fossem aquelas bonitas missivas nas portas dos WC?! Digam-me, iam sentir-se bem num WC público se não tivessem nada na porta para vos entreter? Ainda se queixam que a gente nova não escreve e não comunica.. ah pois escreve! E comunica! E melhor ainda, a maior parte tem uma acentuada veia para o design, comédia, prosa e mesmo poesia!

Quem nunca leu Florbela Espanca, Fernando Pessoa ou mesmo a linda "balada da neve" numa porta de casa-de-banho? Já para não dizer que tem notícias actualizadas ao mês em relação às pessoas que por lá passaram, é como um livro de visitantes! "Joana 2003", "Andreia - escola de Vialonga 2002", etc. Os mais suspeitos são aqueles que dizem "Maria e António 2004" onde cada nome está escrito com letra diferente.. deixam a dúvida no ar: será?! Será que aqueles dois estiveram naquele cubículo minúsculo ao mesmo tempo? Será que alguém deu por isso? Também gosto da vertente de interacção, podemos conhecer imensa gente e travar diálogos, tal como num fórum cibernético! Por exemplo: "Amo-te Rui! Ass: Vanessa", R1:"Achas que ele vem cá ler isto?", R2:"Acho!", R3:"Ele é travesti ou só depravado?"
Temos também vários conselhos de bricolage onde podemos aprender, por exemplo, a nunca escrever em baixo nas portas (o reumático acusa) e que usando uma caneta de acetato se torna muito mais fácil do que com uma simples esferográfica! Além dos conselhos sobre sexo (que deixam a revista "Maria" a anos luz em termos de experiência) ou sobre suicídio, camaradagem, etc! Cultura aos molhos gravada naqueles pedaços de madeira, pura interacção, até declarações de amor que deixam uma lágrima ao canto do olho!

Design.. confesso que as flores da época hippy não são os desenhos mais frequentes, as formas fálicas têm o seu auge por cm quadrado naqueles locais. Cada pessoa acrescenta um risco, um ponto, uma estrelinha aqui, um pêlo ali.. Confesso que um dos meus diálogos preferidos foi uma seta a apontar para o dito cujo onde se lia: "comio-o todo", R: "Chupasses!!". Meus amigos, é disto que o povo gosta! Debate, troca de ideias! Já que estamos num local onde não podemos fazer nada mais a não ser satisfazer o nosso corpo, porque não cultivar-nos com estas lindas mensagens e também comunicar, deixar a nossa marca digital para a posteridade! (Quem sabe daqui a muitos anos, nalguma descoberta arqueológica se encontre um pedaço de madeira onde se possa ler: "Miss I 2004". A minha marca para hoje, amanhã e sempre!)

Claro que há sempre aqueles labregos que não nos deixam desfrutar estes momentos tão próximos do nirvana, onde estamos simplesmente a estimular os nossos cérebros. Quebram as nossas lições de anatomia, poesia e relações públicas com um seco: "Isso é para hoje?? Estou mesmo à rasca!!"

sábado, novembro 06, 2004

Pontualidade inglesa

Sou, por norma, muito distraída e deixo tudo em lugares que não lembram ao diabo (e muito menos a mim!). Normalmente, é mais fácil encontrar alguma coisa quando desisto de procurar.
No entanto, gosto imenso de observar as outras pessoas com atenção. Claro está, tem que ser num dia em que não ande com a cabeça nas nuvens e esteja realmente atenta ao que se passa à minha volta.

A melhor altura para fazer isto é, definitivamente, quando estamos à espera de alguém. Eu sou daquele grupo de pessoas (em vias de extinção) que efectivamente chega a horas quando se marca alguma coisa. É incrível porque já sei que vou apanhar uma seca fenomenal, mas não consigo evitar. Não gosto de fazer ninguém esperar. Nessas belas alturas disponho de, pelo menos, 10 min (muito optimista) sem fazer nada e divirto-me a observar o resto do pessoal.
Reparo num casalito sentado na esplanada. Acaba por ser extremamente fácil perceber se a relação tem pernas para andar ou não. Se os dois não tiram os olhos um do outro, estão sentados frente a frente, pés entrelaçados debaixo da mesa e qualquer um dos dois com atenção ao que o outro diz, então nesta relação apostava. Se estão os dois lado-a-lado ou frente a frente sem olhar um para o outro, um fala e o outro vai olhando à volta (está a ouvir o outro falar mas não sabe o que ele está a dizer) e pés apontados em direcções completamente distintas, então nesta relação não apostava.
Pessoas com ar sonhador a rir sozinhas.. gosto imenso de as observar porque também me fazem rir. Aliás, eu passo a vida a fazer a mesma figura no meio da rua. Ainda ontem um sr de uns 60 anos estava a passar por mim super sorridente, não pude evitar e ri-me também.
Reparo também nas asneiras que os miúdos estão a fazer e contabilizo o tempo que os respectivos pais demoram a perceber. Vejo o gelado a escorrer no queixo, a sujar a gola, a camisa, a pingar da cadeira.. e depois os pais, super aflitos, a tentar limpar tudo com aquelas guardanapos de café que não absorvem nada. Os putos que estavam felicíssimos com a cara super lambuzada, esquivam-se ao lenço que os vai arranhar (compreendo!). Outros, vão passando parte da comida para o chão, especialmente quando está um cão por perto. Os pais fingem não reparar. Putos a fazer birras não observo, não gosto. Tenho noção que há dias que os putos estão chatos e não há nada a fazer, mas na maior parte das vezes, os paizinhos ainda me fazem mais impressão, não perco tempo com eles.
Acho piada às gaivotas que vêm ter connosco, bem perto! Incrível como se conseguiram adaptar à nossa presença onde impomos luz à noite, a barulheira infernal dos carros, buzinas e o constante burburinho de muita gente junta.. nós é que não nos adaptámos à Natureza!
Gosto de cheirar a brisa do mar e fugir das ondas quando chegam perto dos meus pés. Se calhar é por isso que gosto da praia no Inverno, naqueles dias em que não chove e até temos direito a uma tarde porreira!

Se calhar é por isso que me deixam à seca e eu teimo em chegar a horas. Para pensar em tudo que não tenho tempo de pensar. Para ser só eu a falar comigo já que não tenho mais ninguém com quem me entreter! Parecendo que não, o tempo passa mais depressa.

quarta-feira, novembro 03, 2004

O Pascal tinha uma certa razão!

Será que existe tal coisa como o amor da nossa vida? Aos vintes e tais é claro que não tenho qualquer experiência de vida para me pronunciar sobre o facto, mas gostava de pensar que sim. Quando era pequena, achava que as pessoas que não se casavam deixavam alguém também por casar, já que cada pessoa tinha o seu respectivo parceiro e, se não se encontravam, mais ninguém ia preencher o lugar dele. Esta perspectiva cor-de-rosa está longe da verdade, mas continuo a achar que há realmente um sapato para cada pé! Podem até não ficar juntos ou um deles ter morrido entretanto (sapato roto ou desaparecido), mas acho que há sempre alguém que não vamos esquecer (o sapato cabe na perfeição e nunca dói a andar). Não esquecemos o que podia ter sido ou não esquecemos o facto de sermos uns sortudos por estarmos com uns trémulos 80, em frente à lareira, e ainda sermos capazes de encontrar carinho nos olhos da outra pessoa. (Agora aparece "The End" e o genérico final)

Não tenho razão especial para acreditar nisto a não ser que existem pessoas que ficam eternamente insatisfeitas com o que têm, a pensar no que poderiam ter e outras que deixam tudo para trás, sem hesitações, quando acham que finalmente encontraram o que procuravam. Uma senhora que eu conheço (tem uns 60 anos) disse-me uma vez que o amor da vida dela era um rapaz que ela tinha conhecido aos 20 anos. Eles mal namoraram (ter uma miúda apenas era demasiada restrição para o rapaz) mas acabava por voltar à mesma moça. Ela chateou-se, nunca mais o viu e casou-se com alguém que lhe dava o que ela queria: gostava dela, não a trocava por outras, dava-lhe carinho e constituíram família. Passados uns 40 anos de vida em comum, ela afirmou-me que o amor da vida dela era o tal que nunca mais viu, mas não esqueceu. (40 anos, bolas!)

Sinceramente, preferia que isto não me acontecesse. Acho que prefiro estar sozinha que a sonhar com alguém que não é a pessoa que está ao meu lado, mesmo que já esteja habituada à companhia e à presença do outro. O difícil está em perceber quem é a "tal" pessoa. A própria expressão engloba a vida, saber o amor da minha vida aos 20 anos é impossível, mesmo que eu esteja perdidamente apaixonada e com grandes esperanças que seja o fulano tal, só vou descobrir isso quando tiver os tais trémulos anos! É claro que isto não é um mar de rosas e desconfio que mais de metade não fica com a pessoa certa, mas há sempre tempo para remediar as coisas e, felizmente, casar só significa uma vida inteira para a igreja. As pessoas podem mudar de ideias e natural que mudem conforme a vida lhes vai moldando o carácter. Afinal, mudar de ideias é sempre um processo evolutivo, a acreditar piamente na mesma coisa ainda o sol girava à nossa volta. Se bem que também temos que ter meio termo! Uma coisa é saber o que se quer e depois mudar de ideias, outra é não fazer ideia do que quer e deixar o pessoal uns 10 min plantado à espera que um decida se quer "sunday" de caramelo ou de chocolate! (Pior talvez seja estar na igreja e ter a esperança que apareça o outro).

Já agora, Pascal é o autor da célebre frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Quando escolhemos a razão, na maior parte das vezes, deixamos o amor para 2º plano e depois azar ao que podia ter sido.. Agora adivinhar se vamos ser felizes ou infelizes até ao resto da nossa vida é difícil! Mas é para isso que estamos a viver: para saber os próximos episódios! (Sim, que isto contado não tem piada nenhuma! ;)

sexta-feira, outubro 29, 2004

Santa Ignorância!

P: O que é pior: a ignorância ou a indiferença?
R: Não sei, nem quero saber!!

Pois é.. juro a pés juntos que não quero conhecer ninguém assim! Gosto de ser portuguesa e tento, ao máximo, escrever sem erros ortográficos. Não acho que seja grave um erro ou outro (especialmente na net por causa da rapidez com que teclamos) mas há gente que mostra claramente que não sabe escrever. Pior, fazem-nos ler em voz alta as frases com diversas entoações para percebermos o que eles querem dizer. Já tive alguém a discutir comigo porque o verbo "crer" não existia, que era o verbo "querer" mal escrito. Uma pessoa fica em estado de choque com estas barbaridades! Ainda tentei esclarecer o "iluminado", mas sem sucesso porque é ele que me está a ensinar, eu é que ainda não percebi que estou enganada! Como diria o outro: a ignorância não tem limites, portanto, qualquer ignorante consegue ser mais persistente que nós, afinal, o número de argumentos de que ele dispõe é infinito!
Agora a ignorância aliada à indiferença deve ser um resultado digno de estar em exposição num circo!

Ninguém nasce ensinado e todos temos que aprender montes de coisas que não interessam a ninguém (bem, talvez a alguém). Mas há pessoal que consegue fazer uma resistência enorme à cultura geral e ao senso comum! Há certas respostas e perguntas que nos deixam boquiabertos pelo amontoado de disparates empacotado em tão pouco tempo. Regra geral, este pessoal não sabe do que está a falar (aliás, adora dar opinião sobre assuntos que não conhece), mas pelo sim pelo não, também não pergunta!

Não é que tenhamos todos de ser cientistas, advogados ou doutores e muito menos que consigamos falar 10% de todos os dialectos existentes a nível mundial, mas quer-se dizer, pessoal que não reparou que os EUA tinham invadido o Iraque? Pessoal que ainda não percebeu que "poliglota" não é uma espécie parecida com um camaleão? Que "noctívago" não é o nome de uma árvore ou mesmo que "xenófobo" não é um moscardo? Existem uns livrinhos pequeninos que explicam o significado das palavras (dão pelo curioso nome de "dicionário") e agora com o acesso generalizado à net, só não aprende nem se actualiza quem não quer!

Já agora, há um site muito prático para tirar aquelas dúvidas que nos surgem quando navegamos por estes mares cibernéticos (ou quando estamos a fazer palavras cruzadas): www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx

terça-feira, outubro 26, 2004

O "kamikaze" tuga

Certas pessoas devem ter aterrado de cabeça quando nasceram, só pode!
Hoje em dia vemos e ouvimos cada atrocidade que damos por nós a pensar até que ponto algumas pessoas conseguem ser imbecis! Será que, tal como na ignorância, não há limite?

Em geral, não tenho nada contra fumadores (desde que não fumem para cima de mim ou da minha comida). Mas há fumadores bestiais: deitar a beata fora do carro, além de proibido, é extremamente perigoso porque pode atear um pequeno fogo à beira da estrada. Ora um pequeno incêndio, no Verão, com muita vegetação seca dá mau resultado! Porque é que não metem a beata num buraco qualquer do carro? O carro está assim tão nojento que nem tem espaço no cinzeiro? Comam a beata ou apaguem-na onde quiserem (de preferência sem atear fogo ao carro), mas não a atirem acesa!
Nas bombas de gasolina chego a ter a sensação que sou eu que não sei ler os sinais expostos. O que é que se entende por "proibido fumar"? Já repararam que, só por acaso, estão um local cheio de vapores de combustíveis e de matérias facilmente inflamáveis? Até a palavra "bomba" foi bem escolhida! Querem ver-nos todos pelos ares?! E depois como se apaga a beata? Claro está, atira-se para o chão (!!) e pisa-se com o sapato! (Nem comento!) E o que é que entendem por "não usar o telemóvel"? Não compreendem que, se não fosse perigoso, ninguém se preocupava em colocar sinais por tudo quanto é sítio? No outro dia, estava numa bomba a atestar o carro e estava um anormal qualquer a falar ao telemóvel e a fumar. Não, ele não estava a 10 km das bombas, estava mesmo ali a 5 metros de mim!! Mas qual era a ideia daquele imbecil? Antecipar o fogo-de-artifício de Ano Novo?!

Condutores com a carta tirada por correio: mas de que raio de escola é que eles sairam? O examinador (o que deixou aquele suicida à solta na estrada) devia ser obrigado a ir no lugar de pendura sempre que o outro resolvesse pegar no carro! Acho que é castigo que baste se ele conseguir sobreviver aos sucessivos atentados à sua integridade física e nervosa.
Os retrovisores existem para alguma coisa, a sério que sim! Se experimentarem olhar antes ultrapassar, até reparam que pode vir alguém a ultrapassar-vos nesse preciso momento! Bem bem é: se forem numa auto-estrada e o outro vier a uns 140km/h, metam-se à frente dele à vertiginosa velocidade de 60km/h! (Ideal para quem gosta de ouvir buzinar e sentir o cheiro a borracha queimada ou ferro cortado).
O risco contínuo foi criado por alguma razão, pode parecer que não, mas do outro lado do risco pode vir gente de frente! (Sim, a sério!) Ultrapassar em sítios onde a visibilidade é muito má (para não dizer que "não se vê um boi") também não é lá muito boa ideia! Ultrapassar um carro que já esteja a ultrapassar algum e ficarem 3 em paralelo, também não me parece que vá aumentar a esperança média de vida dos condutores! E nas rotundas, a lei é sempre a mesma: se não vier ninguém, arrancar muitoooo devagar para ver se alguém lhes paga um pára-choques novo, mas se vier alguém, arrancar o mais depressa possível para ver se o outro consegue travar a tempo (ou não)! Outra variante, também muito inteligente, é a de parar no meio da rotunda para deixar entrar alguém.

Fazem resmas de asneiras mas quando os chamamos à atenção, porque é que acham sempre que são eles que têm razão?! E eu que até gosto de desportos radicais!...

sexta-feira, outubro 22, 2004

Manual para gajos - Lição 2: "Complicar o simples"

Qualquer rapariga que se preze, nasce doutorada neste assunto! Transformar um copo de água numa tempestade é um truque para principiantes e, por volta dos 15 anos, já consegue contar os cabelos brancos que provoca ao pai e, futuramente, ao namorado.
O cerne da questão está em defender com unhas e dentes o ponto de vista dela, mesmo que não tenha ponta de razão! Provavelmente, ao fim de uns 10 minutos de discussão, ela começa a perceber que não tem razão mas nunca vai dar o braço a torcer, é que nem morta! Curioso é ver ao que os gajos se submetem: desde ficar calados quando sabem que têm razão, ao dormir no sofá ou mesmo fingir que vêem telenovelas desde que os deixem em paz quando começar o jogo de futebol.

Pode parecer que não, mas partir uma unha é uma calamidade global até porque agora tem que cortar as outras unhas todas (para ficarem com mesmo tamanho) que demoraram TANTO tempo a ficar perfeitas! Ter uma amiga que usa o mesmo vestido que nós na mesma festa é, sem sombra de dúvida, uma catástrofe! Por alguma razão, os rapazes andam todos de igual (no mesmo fato de pinguim que lhes fica a matar, a sério que fica!) e não se preocupam minimamente com isso. Não é para compreender, é uma catástrofe e pronto! (Tipo axioma) Já agora, precisamos mesmo dos 200 vestidos para não escolher nenhum, dos saltos altos que nos vão deixar sem andar no dia seguinte e também de, pelo menos, uma hora desde estar pronta até sair efectivamente de casa. Não há volta a dar, nem vale a pena tentar!
O facto de alguém mandar uma sms a dizer "Boa noite, tudo bem?" ao nosso respectivo pode ter umas 100 interpretações diferentes, todas elas com o mesmo nível de alta traição. E é bom que ele tenha a história bem ensaiada porque ela vai apanhar cada vírgula em falso! (Mesmo que ele esteja a contar a verdade, mas isso não interessa nada!) Cortar 5mm do cabelo é algo que altera por completo a nossa fisionomia e o facto dele não reparar, só pode querer dizer que não está minimamente interessado em nós e que tem outra. (Ele ser míope e daltónico é um pormenor que NUNCA vai ser tomado em conta).
Pelo sim, pelo não, uma vez por mês, digam que notam alguma coisa de diferente nela! Primeiro, pode ser que até acertem e ela fica toda contente por terem notado (nunca digam é que estava melhor antes, mesmo que ela pergunte e seja verdade), se ela disser que não tem nada de diferente (que continua gorda e blá blá), digam só que está particularmente bonita nessa noite. Aposto que ela vai ficar toda simpática e risonha, ou seja, pelo menos nessa noite não vai chatear! (Quem é amiga quem é?)

A aparente dificuldade em ver as coisas tal como elas são não é defeito, é feitio! Conseguimos sempre encontrar significados obscuros escondidos em qualquer coisa que alguém nos diga e nunca lemos o que está escrito, lemos sempre o que interpretamos (ou seja, o que achamos que o autor queria escrever). Lemos todas as entrelinhas, quer elas existam ou não. As coisas nunca são simples e claras e conseguimos baralhar qualquer pessoa que tente provar o contrário. O problema é que os rapazes são exactamente o oposto! Elas podem, de facto, ter uma certa sensibilidade para apanhar alguma provocação subtil mas exageram o que encontraram, eles simplesmente não encontram! Aqui convinha achar o meio termo: elas perceberem exactamente as subtilezas inerentes a uma provocação na sua medida exacta e eles perceberem indirectas (daquelas descaradas) que lhes passam sempre ao lado. O mundo é o que é.. ou será que não é?

Gajos de todo o mundo: que a paciência esteja convosco!

terça-feira, outubro 19, 2004

Um mês? Já?!

Ah pois é! O nosso "blogzinho" (em português deve ser qualquer coisa como "beloguezinho") faz hoje um mês! Reparei que temos posto imensos posts num tempo de vida tão curto, mas talvez a inspiração seja derivada disso mesmo: é novidade! De qualquer modo, espero que a vontade de escrever esteja para durar!

Como não podia deixar de ser, quero agradecer ao pessoal que tem lido isto e, especialmente, às duas pessoas (incrível! No plural e tudo!) que nos visitam regularmente e deixam cá a sua "impressão comental", desde já, um enorme OBRIGADO! (Se não for pedir demais, continuem a aparecer!) Um abraço mais-que-especial para o Mr. P que teve a coragem de se meter nisto comigo! És o maior! (Se me abandonares, quero ficar com as tuas almofadas!) Agora a sério, livra-te de parar de escrever! ;)

Incrível como uma coisinha tão perto do insignificante pode dar tanto gozo! Tal como escrevi no meu primeiro post: cada texto não passa de uma opinião e, como tal, é passível de ser discutida, defendida ou contestada!

Obrigado a todos que "desperdiçam" um bocadinho do vosso tempo por aqui!

domingo, outubro 17, 2004

Manual para gajos - Lição 1: "TPM o car*lho!!"

"Zé Pedro chega a casa todo contente, pressente que hoje é uma noite boa. Hoje é que vai ser uma "louca noite sem dormir" como diria o conhecido nortenho! Se calhar até compra uma rosa para dar um toque especial. Imagina a mesa de jantar, as velinhas, a rosa no centro e os bifes a arrefecerem no prato. Tudo a estremecer ligeiramente porque não conseguiu aguentar o desejo de ter a sua Maria até à sobremesa! Ri sozinho. Feliz da vida, entra em casa com um glorioso: "Cheguei!". Em vez de um lindo sorriso ou um abraço, obtém um grunhido como resposta. Ele esforça-se por manter o sorriso. Timidamente, mostra-lhe a rosa e recebe um seco "Diz lá o que é que tu queres". O sorriso desaparece-lhe finalmente da cara, "Porra, já não posso ser simpático?!". Ela agarra na rosa e vira-lhe costas.
Ao jantar, não há rastos da rosa, das velas ou mesmo dos bifes! Ele olha desconsolado para o peixe cozido quem tem à frente. Ela repara: "Que foi? Estás armado em esquisito?". Num supremo esforço para não perder a noite, o Zé levanta-se, chega perto da Maria e deixa deslizar dois dedos pelo decote dela enquanto lhe beija o pescoço. Ela enxota-o e manda-o passear. Ele explode: "Mas que raio, um gajo chega nem bom dia nem boa tarde! Não ligaste nenhuma à rosa e ainda estás para aqui com m*rdas? F*da-se!! Que mau humor!! Estás naqueles dias não é???". Não se lembra de mais nada porque uma frigideira o deixou KO."

Analisando a cena: ela está de mau humor, a única coisa que ele podia (e devia) ter feito era ignorá-la ou perguntar-lhe o que se passava (caso ela quisesse desabafar, senão, não valia a pena insistir). Ele ainda se esforçou (e talvez um strip bem humorado da parte dele ajudasse) mas cometeu um erro imperdoável com aquela frase final! Não há homem que não associe (mentalmente ou não) e não há mulher que não o queira esganar depois. Sim, meus lindos, há outras razões para o mau humor senão vocês nunca poderiam sentir-se assim! (Lindo!). Simplesmente, tentem ser compreensíveis, se calhar partiu uma unha ou aconteceu uma merdice qualquer sem importância nenhuma, mas as mulheres adoram complicar e vocês sabem isso! Apenas evitem falar ligar as coisas, podem até pensar mas não pensem alto! É claro que há estudos que provam que há, de facto, essa ligação em ALGUMAS mulheres. São apenas "dias não" em que o corpo está cansado, sentimo-nos mal e queríamos passar o dia todo a dormir (vocês também têm disto). Conselho: ignorem, provavelmente no dia seguinte é como se não tivesse acontecido nada! (Se, por azar, a vossa Maria for uma feliz contemplada do estudo acima mencionado, esperem pela semana seguinte!)

"Zé Pedro chega a casa cansado e ainda esteve para dar um giro só de se lembrar da cena do dia anterior. Mete a chave na porta e tenta não fazer barulho para não lhe chatearem a cabeça (que ainda dói a sério por causa da tresloucada com a frigideira). A Maria está à espera dele, a sorrir, embrulhada num robe semi-transparente. "Desculpa a cena de ontem, o ambiente no escritório anda de cortar à faca! Como está a tua cabeça?" Sem esperar resposta, dá-lhe um beijo espectacular que o encosta à porta da entrada. Nessa noite, a mesa de jantar nem chegou a ser posta.."

(Este post é totalmente dedicado ao Vítor Hugo, só podia! Estás cheio de sorte que eu não tenho nenhuma frigideira à mão! lol)

sexta-feira, outubro 15, 2004

Irritam-me.. a sério!

Pessoas que não vão directas ao assunto!! Começam um assunto que não interessa a ninguém mas fingimo-nos interessados para não parecer mal. Dez minutos depois ainda estamos na conversa de partida entremeada por: "estás a acompanhar?", "percebes o que eu senti?" ou "isto, no meu ponto de vista..". Ainda não percebi o final da conversa e já estou com os nervos em franja! Apetece esganar a pessoa, meter-lhe um saca-rolhas pela garganta abaixo e finalmente tirar as palavras que não saem nem à lei da bala! Ali com tantos rodeios e não dizem o que querem dizer! Pior ainda, há sempre alguém que mete o bedelho constantemente (provavelmente também já pelo nervoso de estar há não sei quanto tempo a tentar perceber o final da história) . Para ver se apressa o final, o inteligente começa a repetir o que a outra acabou de dizer (e de repetir umas 5x). E raios partam os dois!! O ansioso para saber rapidamente o fim, acaba de cortar a linha de raciocínio ao anormal que é o centro das atenções há "n" tempo e ainda não acabou a história porque está sempre a repetir o mesmo. Não sei qual é o que me irrita mais, o que não diz o que quer dizer ou o que o interrompe constantemente.
Moral da história: o fim não interessa a ninguém mas está tudo stressado demais para falar do assunto na meia hora seguinte.

Digo já que não me estou a referir aos gagos (antes que leve um processo por difamação!). Esses também abusam dos nervos do pessoal (quando a história é longa) mas toda a gente compreende que não é por falta de neurónios disponíveis para irem directos ao assunto, é simplesmente uma deficiência na fala. Se bem que, neste caso, tentar ajudar e repetir o que o outro acabou de dizer é completamente descabido porque enerva o gago e depois ninguém sai dali!
Para os que não são gagos: mas é assim tão difícil dizer o que se está a pensar? Serão precisos assim tantos rodeios? Às vezes um pouco de eufemismo e alguns rodeios não fazem mal a ninguém, mas como em tudo, há que ter peso e medida! Qualquer dia não há ouvinte que não prefira ler o "Guerra e Paz" porque a probabilidade de chegar ao fim primeiro é maior!!

quarta-feira, outubro 13, 2004

Os gajos já não são o que eram!

Estava parada num semáforo e à minha frente (no carro dele) estava um rapaz a pentear-se com a ajuda do espelho retrovisor. Pentear-se é como quem diz: inclinar aquelas 3 pontas de cabelo (solidificadas à custa de muito gel, pessoalmente, acho que a "super cola 3" dá o mesmo aspecto final e dura mais) um pouco mais para a direita. Fiquei a pensar: aquilo de usar o espelho retrovisor para retocar o aspecto era mesmo "coisa de gaja". Como os tempos mudaram!

Os rapazes de agora conseguem demorar mais tempo do que as raparigas a arranjar-se. Nós com os banhos e cremes, as maquilhagens, os vários tons de top (agora eles já distinguem as diferentes tonalidades de cada cor) para combinar com os vários tons de calças, os sapatos certos, os brincos, os fios, as pulseiras, o cabelo, etc. demoramos menos tempo do que eles a tomar banho e a separar os picos de cabelo (já é difícil distinguir o que é cabelo e o que é gel) ou mesmo a pentear milhentas vezes aquela irritante franja que nunca vai sair dos olhos dele (com sorte apanha uma conjuntivite!). Pior ainda, são capazes de criticar o facto do cinto dela não ter o tom próprio para conjugar com os sapatos ou com a fita do cabelo! Gajo que é gajo só nota se ela traz um decote decente ou se a saia é curta! Padrões, cores ou conjugação de tons é para uma parte obscura do cérebro que eles não desenvolveram! Qualquer dia um marido volta-se para a mulher e diz: "Onde é que você julga que vai com essa camisa horrorosa? Isso é tão "démodé"! Faça favor de se ir vestir como deve ser e calçar aqueles sapatos cor de champanhe!" Não quero este cenário dantesco para mim! (Além do mais, não gosto nada que usem "você" nas conversas entre pessoas íntimas! Que falta de carinho e proximidade!)

É triste ver uma miúda à espera de um rapaz (à porta do prédio dele) porque ele está uma hora atrasado! É triste porque gajo que se preze TEM que sofrer para conseguir uma gaja que lhe dê acesso ao interior de uma discoteca e não o contrário! Agora já não são eles que dão boleia (a gasolina está pela hora da morte) e há mais miúdas com carro e carta. Na discoteca até já se cravam miúdas para pagar "shots"! Ora o dever cívico do gajo é, no mínimo, pagar as bebidas à gaja que se disponibilizou a acompanhá-lo e NUNCA cravá-la! Que é feito das boas "gajo-maneiras"?!
E as compras? Longe vão os tempos dos nossos pais em que selar qualquer buraco na parede era mais interessante do que ir com as mães descobrir a nova colecção Outono/Inverno. Não, eles agora querem ir e, se for preciso, regateiam o preço, vasculham bem e lá encontram o que procuravam a metade do preço da outra loja no outro lado da cidade! Já não se vêem homens com ar pesado de sofrimento (a carregar inúmeras peças de roupa feminina) enquanto arrastam os pés atrás das respectivas namoradas (sim, porque depois de casados já ninguém os apanhava a fazer uma figura daquelas!). Agora desfilam, visitam todas as prateleiras da loja e até compram roupa na secção feminina! Sabem cozinhar (o que até é muito bem), mas embaraçam qualquer miúda que só saiba fazer um ovo estrelado.. vistas bem as coisas, agora dá para conquistar uma gaja pelo estômago!

Apelo: Gajos revoltem-se!! Qualquer dia o herói nacional é o/a José Castelo Branco! Se gostam mesmo de nós, gajas, livrem-nos desta enfermidade!!

terça-feira, outubro 12, 2004

Proibido é mais apetecido?

Será que o fruto proibido é realmente o mais apetecido?
Sem generalizar a paixões utópicas, vamos descer ao quotidiano. Uma moça (podia ser um moço!) anda uns tantos anos miseráveis à procura de alguém que lhe ligue, alguém que a descubra atrás dos 4 olhos, do sorriso tridente e da figura franzina escondida atrás da juba de leão. O que acontece quando a rapariga consegue um namorado? Aparece de repente (e sem aviso prévio) um monte de rapazes a reclamar o mesmo bocado! (Ou seja, descobriram agora que estão todos perdidamente apaixonados!) Mas como é possível que se lembrem todos, ao mesmo tempo, assim que a rapariga fica ocupada? Coincidência? Péssimo timing? Ou a rapariga fica com um letreiro na testa a dizer "Mais apetecível quando acompanhada"? Parece que, pelo facto de se ter tornado proibida, se torna rapidamente apetecida! (Proibida por um dos mandamentos: "não cobiçar a mulher alheia!" - as lésbicas que se cuidem!).

Outra variante desta implicação é o grupo de ceguetas (não sabem o que têm) com a agravante de não saber o que querem, ou seja, os que juntam a fome à vontade de comer! Este pessoal consegue ter outra versão bem original: só lhes interessa quem não podem ter, especialmente se já tiveram essa pessoa! Além de não terem aproveitado (sempre a pensar que não era aquilo que queriam), deitaram fora alguém que, pelos vistos, até lhes faz falta! Conseguem confundir mais a outra pessoa do que a elas próprias (o que, desde logo, é brilhante!). Esta situação custa-me imenso a entender, mas ultimamente apercebi-me de uma explicação que me pareceu bastante plausível. A primeira que me veio à cabeça foi: "quando te falta é que percebes a dimensão do sentimento", uma visão romanceada mas com fundo de verdade. Só percebemos o que tivemos quando deixamos fugir, quando deixa de estar ali à nossa disposição, quando não podemos abraçar nem ser abraçados quando nos dá na telha. Ontem apercebi-me de outra explicação mais simples: é que, provavelmente, essa pessoa ainda não encontrou nada/ninguém melhor e resolveu voltar ao que tinha a certeza que era bom! Até aparecer melhor, está atrás de alguém que já sabe que vale a pena. Desde que a pessoa deixou de ser "sua", está cada vez mais apetecível (pelo menos, até a ter de novo, depois logo se vê!).
Nestas situações é muito difícil recomeçar.. a outra pessoa sente-se enganada e tem as defesas todas em riste! (Gato escaldado de água fria tem medo!) Já para não falar que só apetece gritar: "Epá, tu decide-te: ou queres ou não queres!".

Era bom que fosse tão fácil saber o que queremos e porquê.. Já agora, querer algo bem apetecível que não seja proibido nem esteja fora de alcance!
"..Estou bem onde não estou porque só quero ir onde não vou.." (António Variações)

(Este é dedicado ao meu último ex: estavas cheio de sorte.. too bad, too late!)

quarta-feira, outubro 06, 2004

Não negue à partida uma vida que desconhece

Não compreendo muito bem porque é que existem pessoas que insistem em querer saber o que o futuro lhes reserva. Isso fá-los mais felizes? É que se sim, como?! Se eu souber que daqui a 3 meses algo de muito bom me vai acontecer, como é que reajo? Provavelmente fico ansiosa demais para ver o que me espera e esqueço-me de viver o presente.
Então e se eu souber que daqui a 3 meses vai acontecer algo de muito mau? Deixo de comprar aquela casa com que ando a sonhar porque, se calhar, fico sem ela? Ou deixo de arriscar num compromisso porque ele pode acabar?! Qualquer tipo de risco que esteja a pensar correr é completamente posto de lado? Acho que passo a viver em função do que me pode acontecer, na expectativa e ansiedade do que pode condicionar o quê! Tentar adivinhar o meu futuro não serve mesmo para nada, tirando criar mais confusão e dúvidas que já de si são difíceis no dia-a-dia. Mas pronto, como em tudo, há sempre gente que gosta de ser complicada! (E ainda pior, pagar bem caro pelas consultas de búzios, cartas ou mesmo pelos telefonemas dos adivinhos e pseudo-bruxos).

A vida tem tantas coisas bonitas e tantas SURPRESAS para serem vividas AGORA! É aí que está a magia de viver! Alguém que tropeça e ri sozinho, alguém a cantar alto sem dar por isso, um puto com um sorriso genuíno, desenhos animados que nos fazem sentir ternurentos e com vontade de abraçar alguém, noites lindas de chuva, amigos que não vemos há algum tempo, rir sem saber de quê.. Não sabemos o que vai acontecer, mas levamos a vida dependendo dos nossos sentimentos e do que achamos correcto no momento, não em função do que alguém nos disse que podia acontecer. Viver um dia de cada vez, aproveitar cada surpresa boa que parece cair do céu directamente no nosso colo e sentirmo-nos felizes por ainda ter daqueles dias que, por nenhuma razão aparente, nos sentimos felizes e andamos na rua sem conseguir disfarçar um sorriso rasgado na cara. Melhor ainda, os sorrisos são contagiosos! Que melhor resposta para um sorriso senão outro sorriso?
Às vezes também levamos duros golpes, mas faz tudo parte da vida, afinal, sempre aprendemos a evitar certos tipos de erros e a sobreviver a mais um dia (como dizem no Zoo: aquilo lá fora é uma selva!!).

Aproveitem a vida! Apaixonem-se por cada minuto que vos é entregue.. como disse alguém: "Porque é que nos havemos de preocupar tanto com a vida se nem saímos dela vivos?". Desfrutem, é a vossa! É para ser vivida como vocês querem e, de preferência, dêem-lhe todos os dias um pouco de cor: uma bela pincelada de azul celeste! ;)

domingo, outubro 03, 2004

Sempre que brilha o sol..

..naquela praia, sinto o teu corpo a vibrar dentro de mim..". Sim, atrevi-me a transcrever a conhecida música do Marco Paulo (se não conhece esta obra prima da música pimba portuguesa, é favor chicotear-se 10x). Isto começou bem mal, é melhor nem ler para a frente!

Descrição de um dia de portugueses (não todos!) de férias na praia.
O magote familiar chega por volta do meio dia (convém passar férias com toda a gente que se vê ao longo do ano: os primos, os tios, os afilhados.. menos de 50 pessoas encafuadas no mesmo apartamento ou tenda não são dignas do calor familiar!). Chegam à hora que deviam estar a ir embora mesmo que tenham putos pequenos ou bébés que vão berrar o resto do dia porque estão demasiado encalorados e saturados com a atmosfera sufocante (como eu os compreendo!). Vêm carregados com a casa toda às costas e só não trazem TV porque não têm nenhuma a pilhas ou um gerador portátil. Mas trazem os rádios aos berros a dar relatos de futebol ou nalguma estação completamente desconhecida, as 300 formas diferentes de boias da Barbie e do Action Man, os brinquedos, os sofás, as cadeiras, os 1001 guarda-sóis com os cachecóis da selecção, os 500 pára-ventos, as toalhas, os primos dos primos, as pranchas das crianças, várias geleiras (pelo menos 2 para as cervejolas!), etc! Só se esquecem mesmo do botão do volume! Qualquer pessoa que esteja a torrar na praia, a sorrir com a falta de trabalho, deve imediatamente mudar de sítio assim que aquela manada se aproxima. É que mesmo que a praia esteja completamente deserta, eles vão escolher exactamente o mesmo sítio onde nós estamos!! Quando dermos por ela, temos as chinelas deles ao nosso lado esquerdo, o cão a escavar e a enterrar-nos os pés, os putos a brincar em cima da nossa toalha e já temos a cara enfiada no rabo de alguma baleia!!

A comida é sempre leve, muita fruta e água. Claro está, como bom português que se preze, nada abaixo de feijoada é considerado comida (sandocha é pós camones!), água é para quem está doente, só queremos refrigerantes e cervejas. Quanto à fruta.. bem, talvez as mães tenham confundido o conceito com bolos ou pacotes de batatas fritas.
As crianças, super indisciplinadas e barulhentas vão estar o tempo todo a jogar com um disco que vai cair sistematicamente em cima de nós. Não pedem desculpa e ainda acham uma falta de respeito que não lhes entreguemos de volta o objecto que nos ia provocando uma lobotomia. Dentro de água gritam muito, riem muito e não saem da beira mar para melhorar o efeito do eco. Se vão com pranchas, não há desvios por causa de ninguém! Quem quiser que se afaste, afinal, eles é que vêm com a prancha, nós estamos só a tentar tomar banho! Depois de um zig zag fenomenal e muitos pedidos de desculpas por pisadelas e afins, lá voltamos à nossa toalha perdida naquele labirinto multicolor.

Fim da tarde, hora bestial para se estar na praia a ver o pôr-do-sol, as gaivotas e a luz do dia a fraquejar.. e a lixeira que ficou para trás no local onde esteve o acampamento de trogloditas! As praias são locais públicos, portanto, pede-se um mínimo de respeito pelo resto das pessoas que estão a partilhar o mesmo espaço que nós.

quinta-feira, setembro 30, 2004

"Windows" em português quer dizer "mandar janela fora"

Muitas miudas que eu conheço têm horror a computadores. Primeiro que tudo, o computador não é o monitor/écran, é mesmo aquela caixa que tem o botão para iniciar, os leitores de CD e DVD, etc. Segundo, não tem culpa nenhuma do software que lhe tenhamos instalado, quer relativamente ao hardware incorporado, quer à nossa (in)capacidade de funcionar com ele. (Memorizem: o maior problema dos computadores encontra-se entre o teclado e a cadeira!).

Claro que vou falar daquela coisa fabulosa que dá pelo nome de "Microsoft" e que tem como supremo objectivo de existência testar a nossa paciência até ao limite. Suponho que já vem com defeitos propositados para sermos obrigados a trocar por um novo (que vem cada vez mais estupidamente pesado). Quer dizer, não é que sejamos obrigados a trocar, mas temos sempre aquela réstia de esperança: é desta que isto se resolve!!
Não quero apontar só defeitos, afinal, muito pessoal começou a usar computadores devido ao aspecto bem mais aceitável que o "Windows" conseguiu propor. Até a minha mãe que seria incapaz de decorar um comando em DOS, sabe ligar o computador, carregar no botãozinho para iniciar e fazer o que ela quer. E maravilhas das maravilhas, até imprimir coisas sem ter que nos chatear! (E já nem desliga o computador na ficha! UAU!).

O problema são aquelas magníficas mensagens de erro, os bugs e as incompatibilidades de software. Se uns ficam de sobrolho levantado a tentar perceber o porquê da mensagem de erro (não, não tem mesmo lógica nenhuma nem era para ter!), outros estão tão fartos que depois de arrancar meia dúzia de cabos e de ter o computador suspenso da janela do 13º andar, lá se resolvem por um amigável "format c:". Aquelas mensagens espectaculares de erros fatais vindas do nada, não guardaste o trabalho?! Azaaar! Queres abrir 2 programas ao mesmo tempo? Esquece... eu bem tento combinar a minha placa de TV com o Acrobat Reader mas é uma mistura explosiva demais! Écrans azuis.. são demasiado decrépitos até para pessoas que gostam de azul. Problemas porque tirámos o cd quando nem o estávamos a usar (Quem disse?? Obviamente estávamos!) e aquelas paragens fenomenais onde nem o ctr+alt+del parece conseguir solucionar o caos que se instalou! Já para não falar nas mensagens "Quer reiniciar o seu computador?" onde nem vale a pena escolher o "não" (que é igual ao "sim") porque o computador decide sempre que sim. Se temos anti-virus, firewall e mais todas as protecções que precisamos, o computador não arranca, arrasta-se. Mais vale ir ao WC, comer qualquer coisa e voltar quando a barra ainda está a carregar. Sim, porque além das inúmeras falhas com que temos de conviver diariamente, há gente (que não tem mesmo mais nada que fazer) que ainda se diverte a explorá-las e a lixar os computadores de quem não tem culpa nenhuma... agradecemos principalmente ao MSN, essa janela aberta ao mundo, essa auto-estrada entre o nosso computador e o desconhecido.

Sabem que mais? Vou antes fazer uma torrada! Aposto que a torradeira não vai ficar azul, não vai encravar (mais que não seja, arranco a torrada à força) e muito menos enviar-me mensagens de erros fatais depois da resistência estar desligada.

terça-feira, setembro 28, 2004

O elogio, esse bicho!

Porque é que será que quando nos põem defeitos e mandam abaixo, temos sempre resposta na ponta da língua e quando nos elogiam ficamos a ver se a biqueira dos ténis está suja? Também ficamos feitos parvos a olhar enquanto as maçãs do rosto ruborizam e timidamente sussurramos: "obrigado"? Devo salientar o facto de, além termos dado mais atenção, demos uma resposta mais elaborada ao palhaço! A parte boa (isto todos os amigos sabem) é que a opinião deles vai ficar gravada cá dentro e não vai ser esquecida assim que voltarmos costas.

A que se deve esta grande incapacidade de agradecer e aceitar elogios? Estamos preparados para a guerra e não para o amor? (Ai se o John Lennon cá estivesse!!) Andei a esforçar-me para tentar ignorar as críticas destrutivas e a agradecer dignamente os elogios sinceros e saí-me bastante mal! Cada vez que ficava calada aquando de um insulto, melhor era a resposta que ficava fechada dentro de mim e quanto mais me esforçasse por sorrir e agradecer com um "obrigado" decente, mais pateta me conseguia tornar! Só vejo uma solução para o caso: quanto aos palhaços, a melhor resposta é mesmo ignorar mas há bocas tão boas que não as podemos deixar de atirar e ver quem enfia a carapuça! Quanto aos elogios, acho que até encontrei uma razão para o nosso comportamento.

Primeiro que tudo, temos horror ao pessoal com falta de humildade! Aqueles anormais que não têm espelhos e que acham que toda a gente os acha o máximo quando, na verdade, anda toda a gente a fugir da companhia daquela aberração. É claro que não queremos ficar como eles mas também não queremos cair no excesso de humildade que soa sempre a falso. O nosso ar de pateta sempre é sincero!
Segundo, a verdade é que gostámos muito do elogio mas temos medo de desapontar alguém. Adoramos quando nos elogiam por algo que fizemos bem, até esboçamos um sorriso grande com o sentimento de realização! Mas quando nos incitam para vôos mais altos com um espectacular "tu és capaz!", entramos em conflito interior. Será que somos mesmo capazes? Não queremos de forma alguma iludir-nos e muito menos desiludir as pessoas que nos apoiam! Então receber o elogio é uma faca de dois gumes, estávamos a precisar de o ouvir, mas agora precisamos mesmo de conseguir! Felizmente, os amigos são sempre amigos e nem esperam resposta ao elogio porque também sabem na pele o que custa.

Resumindo, sempre que não respondermos aos elogios de forma adequada, só estamos a dar a perceber a essa pessoa que a opinião dela é muito importante e que queremos estar à altura das expectativas! Nada com um bom ar de pateta!!

segunda-feira, setembro 27, 2004

Nunca me esqueci de ti

(Ultimamente ando com queda para ouvir cantores nortenhos!!)

Será que dá para esquecer de vez aquelas pessoas de quem gostámos a sério? (Não gosto muito da palavra amor mas, neste caso, é disso que se trata). Será que é sequer possível pensar nessa possibilidade? Depois de oferecermos o nosso coração a alguém, devolvem-no sempre ferido... Nalguns casos, acho mesmo que falta um pedacinho! E é esse pedacinho que nos chama quando vemos, ouvimos ou pensamos na outra pessoa como que a dizer: "Eu estou aqui, não te esqueças de mim!".

Bem, isto não acontece quando os namoros acabam nas urgências hospitalares. Ele em estado crítico depois de ser agredido por uma frigideira e pelas unhas dela besuntadas em veneno de cobra; ela KO depois de ter levado com vários pontapés certeiros e uma cabeçada que mais um pouco também o deixava KO! Ou mesmo aqueles que nunca sentiram realmente nada um pelo outro.

Mas aqueles namoros que acabam porque a paixão esfria? Há sempre um carinho que fica lá.. partilhámos a nossa vida com aquela pessoa, é alguém especial! Já para não falar naqueles namoros que são acabados por razões de força maior (se é que tal existe) e cai um dilúvio de sentimentos que era capaz de deixar a arca de Noé em maus lençois! Pior de todos talvez seja aquele amor que esteve para ser mas nunca foi, o "sacana" há-de ficar ali sempre a picar! Até porque não sabemos bem o que se passou para não ter chegado a vias de facto e também não sabemos porque é que deixámos de nos preocupar com isso. Melhor ainda, nem queremos saber quando nos apercebemos que ficámos felizes porque a outra pessoa está na mesma sala que nós e (vá-se lá entender) ainda temos picadas de ciúmes de vez em quando.
Lá no fundo, fundo.. também não queremos esquecer. Essa pessoa é especial e queremos que seja sempre assim! Mesmo que o pedacito do coração que nos falta passe a vida a tentar chamar a atenção para data de devolução em atraso! Não faço ideia porque não ficamos com ele, deixamos que essa pessoa o carregue e tornamo-la naquelas pessoas que nos podem magoar mais. Porquê? Não faço a mais pálida ideia! Gosto de pensar que o nosso coração não é egoísta.

Quanto à outra pessoa.. fica sempre a dúvida no ar. Arrepios vindos do nada e algumas tentativas de vislumbrar no olhar da outra pessoa o que ela está a pensar. Pedir baixinho: "cuida bem do pedacinho de mim que trazes dentro de ti".

terça-feira, setembro 21, 2004

As senhas de vez chegaram e venceram

Não há um sítio nesta terra onde a fila não seja por ordem de chegada devidamente marcada pelo ticket. Guardamos aquele pedaço de papel (quase sempre pronto a rasgar) com uma religiosidade notável, tanto na peixaria, talho, padaria, loja do cidadão ou conservatória. Acho que não chegou à PSP mas ainda vai a tempo!

SECRETARIA DA ESCOLA
Carrego no botão vermelho e rezo para que o número que vai sair não seja superior a 100 do que o que pisca no écran. Eis que sai o papelinho com número "618", olho (com medo) para o écran que tem um "309" marcado. Suspiro. Suspiro de novo, aquela é já uma tarde perdida se tiver sorte. Se tiver azar, tenho a manhã seguinte destruída a partir das 8 da madrugada. Enquanto espero a minha vez, assalta-me um íntimo desejo onde as pessoas que estão à minha frente não aparecem! Que, por milagre, os números todos sejam chamados para pessoas em falta (ou seja, ignoro as duas centenas de pessoas encafuadas no mesmo sítio que eu). Acordo para a dura realidade: uma tartaruga coxa move-se mais depressa do que as filas da secretaria. Arrepio-me ao pensar que posso ter que voltar lá para tratar do mesmo problema... e ter que tirar outra senha!!

PEIXARIA
No supermercado, tiro a senha para o peixe. Vejo com agrado que tem um placard que diz "3 senhas de tolerância". Procuro o monitor onde está a ser feita a contagem e após uma cena muito ao estilo "Onde está o Wally?", descobro o monitor por detrás da promoção "Leve 2 carapaus e oferecemos 4 limões". Ok, tenho 10 números à minha frente, dá tempo para ir vasculhar as hortaliças e frutas. Guardo a senha com o máximo de cuidado e vou à procura da fruta, mesmo em frente à peixaria (assim as saladas têm um cheiro exótico). Dirijo-me ao local da pesagem onde a lei que impera é de quem chega primeiro à balança. Olho para o monte de gente compacto e, a muito custo, lá abro caminho com as mãos cheias de sacos por pesar. Quando estou a chegar à balança, reparo que na peixaria acabou de chegar a minha vez! Vou direita ao local (com as bananas por pesar) e peço 5 douradas. A sra (que tem escamas até nas pestanas) pergunta se é tudo e eu peço para amanhar o peixe, se faz favor. Ela olha para mim desconfiada e esclarece: "para isso devia ter uma senha azul clara". Eu pisco os olhos repetidamente, olho para a minha senha azul escura em cima do balcão e seguro no saco do peixe. Incrédula, dirijo-me ao local onde tirei a minha senha e descubro que tem uma placa minúscula que diz "peixe por amanhar", na outra ponta da peixaria está outro engenho daqueles com a placa "peixe para amanhar". Abalada, volto para a zona da fruta e tento pesar as douradas.
Outro bom momento nos supermercados surge quando o engenho não tem senhas. Aviso a moça para o facto e, de repente, toda a gente que estava à espera descobre que não tem senhas e também percebe que está ali há mais tempo que eu!! Correm direitos ao local, acotovelam-se e olham uns para os outros com os olhos injectados de sangue que parecem dizer: "Eu estava primeiro e tu sabes muito bem disso!!". Quando a moça, a custo, consegue chegar perto da engenhoca e repõe o papel, começa a tourada para ver quem tira a primeira senha! Resignada, aproximo-me depois da manada furiosa se ter afastado e tiro o número 20 (não sem antes levar com o guarda-chuva de alguma velha com medo que eu a ultrapasse).

Não quero que achem que eu sou contra as senhas de vez. O meu único problema é ao ridículo que as pessoas se expõem para conseguir apanhar uma senha. Tipo aqueles velhotes que vão para o centro de saúde às 3 da manhã e às 7 da manhã já não há senhas nem para daí a uma semana! E ainda à quantidade de senhas diferentes para o mesmo sítio quando só há uma pessoa a atender toda a gente. É a isso que me refiro. Acho que a maioria do pessoal é civilizado o suficiente para saber fazer uma fila ordeira. A grande descoberta das senhas é para não termos os espertinhos a passar à frente ou para não assistirmos às grandes peixeiradas para decidir quem estava ou quem deixava de ali estar primeiro ou ainda quando nos pedem para deixar passar à frente (grávidas e velhos) que a nossa consciência condescende (mas ficamos com aquilo atravessado). Agora é simples: abanamos a nossa senha (de preferência da cor certa) com um número menor à frente do nariz deles: regras são regras!!

segunda-feira, setembro 20, 2004

Feromonas no ar... everywhere I look around...

Como qualquer moça que se preze, eu acredito que ainda vou encontrar o MEU príncipe encantado (tem que ser o meu porque cada uma de nós é capaz de descrever um diferente). O meu não vem de armadura nem está montado num cavalo branco (já que seguramente teria fugido do Júlio de Matos durante algum bacanal dos seguranças), nem tem que fazer aquele gesto em câmara lenta ajeitando o cabelo enquanto o vento sopra. Para falar a verdade, eu até queria que nenhuma moça desse por ele sem ser eu! O mais discreto possível mas com coragem suficiente para me conquistar por mais inacessível que eu pareça (ou seja, mesmo que eu estivesse na mais alta torre de um castelo com um fosso que nem lembrava ao diabo, apenas 3 dentes, pele enrugada, um olho que não abria completamente e 3 grandes pêlos a despontar no queixo). Traduzindo por miúdos: A-M-O-R! Daquele da Branca de Neve (e Disney em geral), dos meus pais ou mesmo do Bon Jovi e da mulher dele, daquele que toda a gente fala nas músicas e que quase ninguém viveu!
Eu já nem peço amor incondicional.. conseguir amar sem ser amado em troca não é para cavaleiros, é para super heróis! Ou também para gente sem um pingo de amor próprio (de génio e de louco todos temos um pouco).

Qual é o problema? Desconfio que ele não quer nada comigo! Eu até já desisti das minhas fantasias de quando era uma simples jovem inocente (sim, eu acho que cheguei a ser assim) e achava que qualquer moreno de olhos verdes era perfeito. Mais tarde apercebi-me que se a minha mãe não gostasse dele também era bom sinal (sim, porque agora quando acabamos um relacionamento temos que ser nós a consolar os nossos pais!). Eu já nem peço muito: quero alguém que me faça rir, não fume e tenha os dentes todos da mesma cor. Agora o mais estranho é que estes pré-requisitos não têm a mínima utilidade se o moço em questão não me fizer sentir aquilo que eu nem sei como desponta. Aquela produção extra de feromonas que me faz entender porque é que aqueles rapazes (que costumam ser bons partidos) não me dizem nada. Aquele sentimento que nos faz olhar repetidamente para o telemóvel a desejar que o toque seja de fulano tal ou a desilusão profunda quando não nos respondem na hora ou mesmo a antecipação de um encontro muito desejado (cujo aproximar da hora marcada até nos faz cantar ao gregório, ficar com pele de galinha e morrer de ansiedade imaginando a pior das atrocidades para o atraso, que ainda nem o é, mas pode muito bem vir a ser), quando deixamos de usar frases coerentes, quando sorrimos muito e, resumindo, fazemos uma bela figura de parvos! Pelo menos já sabemos porque é que despachámos o Zé, o Joaquim e o António que até gostavam de nós a sério: porque não nos fizeram sentir nada disto. Claro está, o outro marmanjo é capaz de até reparar em nós mas nunca nos vai dar a atenção toda que precisamos, nem preenche nenhum dos requisitos que fizemos mentalmente para nós. Que triste sina! Não podíamos nascer com um poster pendurado ao pescoço com o nº do BI da nossa cara metade?!

(A futuros interessados é favor deixar contacto nos comentários, volto a relembrar a questão dos 3 dentes que me parece importante)

domingo, setembro 19, 2004

A primeira vez é a que custa mais!

Como este é o meu primeiro post.. não vou escrever sobre nada em particular.
Sim, sou a tal que está deitada com o Mr. P e não interessa nada o que estamos a fazer.. ou será que sim?

Qualquer comentário aos vários posts será bem vindo e esperamos ter futuros posts que criem alguma controvérsia para o pessoal ler e dizer o que pensa, mesmo que seja uma opinião completamente antagónica à nossa Não se pode gostar só do amarelo não é? Achei gira a ideia de escrever uma cena destas porque dá para desabafar!
Como sou do sexo feminino, não se pode esperar que não mande vir com o sexo oposto num post ou outro, afinal.. existe mesmo uma guerra de sexos!
Boas notícias para os meninos: Mr. P vai lutar do outro lado das trincheiras!

Regra geral até tento ser educada e considero-me calma mas isso também pode mudar naqueles dias em que se acorda do lado contrário da cama (ou seja, em cima do Mr. P... heheh).

Just.. enjoy it! E convém não esquecer: são as nossas opiniões e como tal, estão prontas a ser discutidas!