sábado, setembro 30, 2006

Eras tu?

...E tu chegaste tão perto
Que te apertei no meu peito
Já não era uma miragem
Era a sério, eras tu..

Faz tanto tempo, tanto tempo
Faz tanto tempo e eu não esqueci...

O que é que seria chegar aos 50 anos, olhar para trás e pensar "epá, eras tu?!". Assim tipo realização de última hora, a pólvora depois da guerra. Sei que não me ia atirar da janela porque isso dava muito trabalho, rir para não chorar era capaz de ser a melhor hipótese e também ficar quieta até digerir a informação. Vistas bem as coisas, isto até tem lógica... afinal, saber que alguém nos é verdadeiramente importante nota-se melhor ao fim de algum tempo, quando conseguimos ver as coisas com uma certa distância racional e dissipar o nevoeiro emocional. Neste ponto, estas duas almas gémeas devem estar casadas e com filhos, cada um na vidinha que traçou. Será que vamos olhar para a outra pessoa da mesma maneira? Será que não vamos tentar captar-lhe a atenção? Será que não sucumbimos à vontade de a puxar para um canto e soprar-lhe ao ouvido que é "a tal"? (Expressão correcta segundo o meu guru) A única coisa que me parece chata em deixar ficar tudo na mesma, é que na realidade nada fica na mesma, a comparação entre o que se tem e o que se poderia ter é inevitável.

Ao estilo das "Pontes de Madison County", o que fazer quando podemos escolher entre a pessoa que nos acompanhou até ali e a pessoa com quem queremos realmente estar? Quando podemos cortar com a nossa vida, largar tudo e começar algo radicamente diferente que, apesar de estar certo, pode ter um sabor amargo? Será que temos coragem de cortar com tudo, mesmo que seja a vidinha mais monótona à face da Terra que jurámos aos 20 anos que nunca íamos ter? E se tivermos coragem, como é que se começa uma vida feliz sabendo que magoámos as pessoas de quem mais gostávamos? Afinal, o amor manifesta-se de tantas formas.. é tão fácil amar duas pessoas ao mesmo tempo.

Apesar de ter a certeza que sou dona do meu destino e que as curvas aparecem quando eu resolvo mudar de rumo, tenho uma certa fé (esperança?) que a nossa vida nos cruze mais do que uma vez com o rumo certo (ou seja, que podemos fazer asneira e ser felizes na mesma). Acredito que o tempo que perdemos entre esperar "a tal" pessoa e a arriscar com a errada é-nos dado diversas vezes. Temos é que aproveitar as nossas escolhas da melhor forma... mesmo que as troquemos após 50 anos.

segunda-feira, setembro 11, 2006

A (des)Química do Amor

A minha ideia de amor é um bocado estranha, suponho que me encontro numa minoria, mas descobri há pouco tempo que não sou a única a partilhar este ponto de vista. Antes de mais, quero dizer que tenho a perfeita noção que sou uma namorada a dar para o muito mau! A parte chata é que eu não estou a pensar em mudar (dá trabalho e eu tenho falta de tempo).

Talvez seja excesso de racionalidade numa área em que ela não devia participar (foi o que me disseram), mas eu sinto que o amor por alguém é eterno até aparecer outro "melhor". Não estou a dizer que essa pessoa tenha que existir ou que "melhor" seja mais rico, mais bonito ou mais inteligente. Desconfio mesmo que há gente que se farta de estar bem e que troca um companheiro espectacular por alguém que pode nem ter os dentes todos ou ter uma anomalia cerebral qualquer, mas com quem houve um click! Parece que a culpa é da química cerebral.. Isto de ter uns circuitos que resolvem disparar quando bem lhes apetece deixa o amor na corda bamba!

Não vou ao ponto de acreditar que o amor dura 4 meses (como não sei quem escreveu), mas a verdade é que acho que depende mais do meio ambiente do que deveria. Antigamente era muito bonito, as pessoas conheciam 15 vizinhos, escolhiam um para casar e passavam o resto da vida a conviver com as mesmas pessoas. A única maneira do casamento dar raia e de se querer trocar o companheiro de almofada era quando aparecia um vizinho novo! Agora passamos os dias a conhecer gente, todos os anos há caras e personalidades novas nas empresas, festas, escolas, chats, etc. Isto quer dizer que o nosso companheiro vai ter que ser "melhor" do que as milhentas pessoas que conhecemos anualmente. É um pouco como pedir que o nosso cérebro se deixe estar quietinho e não se meta em confusões quando o novo chefe se aproxima...

Soube que 1 em cada 3 casais que vão de férias voltam separados, isto de domar o cérebro não é fácil! Vou acabar este devaneio com o Burt Bacharach:

...So for at least until tomorrow
I'll never fall in love again