terça-feira, julho 19, 2005

Tenho saudades tuas

Haverá coisa mais desconcertante para se dizer a alguém? Não sei como reagir a tanta sinceridade inesperada. Não sei como não perguntar: queres vir ter comigo agora? Não sei como explicar que as saudades vão continuar mês após mês e que raramente as posso atenuar, resta-me esperar e desejar que não morram lentamente em ti.

A saudade é tão típica do português, há quem a associe ao fado. Está bem patente no tuga, basta ver o orgulho com que os nossos emigrantes falam deste país (tirando os "jean pierres", mas pronto). Somos saudosistas de tantos modos que até custa descriminá-los! Eu tenho saudades de alguns olhares, tenho saudades de sorrisos, tenho saudades de certas emoções, tenho saudades de certos momentos, tenho saudades de coisas materias, pequenos luxos que me foram permitidos e que guardei dentro do meu coração para voltar a vê-los e vivê-los enquanto me apetecer. O pior é ter saudades da presença de outra pessoa. Pode até estar no quarto ao lado, mas temos saudades de alguém especial. Como é que apaziguamos o nosso cérebro quando necessita das palavras de alguém em concreto? Quando queremos sentir o ombro amigo daquela pessoa? Quando sabemos que a pessoa está longe de nós e que podemos até não a voltar a ver.. O que fazer? Como é que podemos sentir saudades de coisas tão fugazes como um cheiro particular, um brilho nos olhos, um sorriso de complacência, um abraço, o sabor da pele ou mesmo de te ver a correr para mim, pegar-te ao colo e brincar contigo cada vez que vem uma onda maior que te mete medo.

O meu cérebro fascina-me ao mesmo tempo que não me deixa sarar nada cá dentro. A verdade é que sou eu que me esforço por não cicatrizar porque tenho saudades tuas.

terça-feira, julho 12, 2005

Andas por aí..

Não te consigo encontrar, não sei porque foges de mim. Ocorreu-me agora mesmo que talvez não estejas a fugir de mim.. será que também não me consegues encontrar? Há dias em que penso que te vejo a cada esquina. Há meses em que nem me lembro de ti. Ao fim destes anos todos, acabei por te confundir com outras pessoas, talvez mais do que seria suposto. Mas estou a aprender, devagar. O meu mundo gira tão depressa, há cada vez mais coisas para fazer. Cada vez mais tenho menos tempo para te procurar e pensar em ti. Mas não me esqueci de como és.

Não me esqueci do brilho nos teus olhos que me rouba a atenção toda e o facto de não falares muito. Não esqueci aquele sentido de humor inteligente que só aparece nos momentos certos, seguido das palavras exactas. Manténs a cara séria, enquanto o resto esboça um sorriso sincero ou mesmo uma gargalhada. Sei que não és lindo de morrer porque é assim que eu quero, como um tesouro que só eu descobri. Sei que preciso do teu abraço todas as noites ao chegar a casa. Sei que somos água e azeite, tão diferentes como é possível imaginar. Costumas ter um ar sério e eu estou sempre a rir. Dizes sempre as coisas certas na altura certa, eu falo demais. Mas após nos conhecermos, não vai haver outra alternativa senão ficarmos juntos porque eu quero saber sempre mais de ti, conhecer-te cada vez melhor e, acima de tudo, crescer contigo. Eu sei que me esforço em ser uma pessoa melhor por ti. Por alguma razão, consigo ver-me através de ti, sei que conheces todos os meus defeitos, enalteces as minhas (parcas) qualidades e, mesmo assim, gostas de mim por quem eu sou. Fazes-me sentir bem por ser como sou. Eu gosto mais de mim quando estou contigo.

Só que ainda não te encontrei e, apesar de andar confusa de vez em quando, tenho a certeza que vou saber quem és assim que os nossos olhares se cruzarem. Não vai haver a mais pequena dúvida porque eu sempre soube quem eras.