sábado, dezembro 25, 2004

Wonderful World

"I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself what a wonderful world.

I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself what a wonderful world.

The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands saying how do you do
They're really saying I love you.

I hear babies crying, I watch them grow
They'll learn much more than I'll never know
And I think to myself what a wonderful world
Yes I think to myself what a wonderful world"

Oh, yeah... Adoro a frase "The dark sacred night". Sinto-me feliz.

Feliz Natal!!!

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Steamy windows

Sim, eu sei que é uma música da Tina Turner. Ao ouvir a música, imaginei algumas situações de janelas embaciadas. E sabem que mais? Descobri que gosto de janelas embaciadas, transmitem calor humano!

A primeira que imaginei foi uma janela grande (daquelas de sala de estar) embaciada pela respiração de muitas pessoas do lado de dentro, como numa festa de Natal. Uma árvore de Natal encostada ao lado direito da janela, assim com luzes a piscar (luzes brancas). Sei que fui influenciada pela época em que nos encontramos, mas tentei imaginar isto de maneira decente. Deixemos as iluminações berrantes..

A segunda janela que me veio à cabeça foi uma a escorrer em pleno Verão.. não vale a pena adiantar muito sobre o assunto mas a verdade é que é uma razão mais que digna para embaciar janelas. Dois corpos juntos a queimar um grande número de calorias e a proporcionar um espectáculo de milhões de gotículas condensadas, enquanto o corpo tenta desesperadamente regular a temperatura. Mas a ideia não é mesmo que ela suba?

Terceira janela, como não podia deixar de ser.. imagino uma miuda de cara redondinha (não sei porquê, mas tem um ar mais simpático e saudável), assim com cabelos louros encaracolados a cair pelos lados da cara enquanto sorri. De repente, começa a nevar. Ela sorri para as pessoas que passam a olhar para cima, sorri para o boneco de neve que está a ser construído ali mesmo na frente da casa e para o futuro nariz que seria o fabuloso jantar de algum coelho mais esfomeado. A miúda sai de casa e estende a mão à espera que um floco de neve a escolha como pista de aterragem. A Natureza tem mesmo jeito para estas coisas.. estruturas espectaculares que não se repetem uma única vez tal é o factor de aleatoriedade. Um manto branco que povoa as ruas, torna o ambiente limpo e puro..

Abro os olhos e revejo-me nesta cena. Queria um Natal branco. Não sei porquê, sou apaixonada pela neve e nunca vi nevar, sempre achei que era uma grande falha na minha vida. Quando passei um Natal em Londres, apanhei sempre temperaturas negativas, vestia 3 e 4 camisolas, casacos, calças, collants, mas nunca sentia o nariz. Rezei infinitamente por neve. No dia seguinte a apanhar o meu avião em Heathrow, começou a nevar e o aeroporto foi encerrado. É o que se chama um péssimo timing! Nevertheless.. ainda não perdi a esperança! Queria mesmo um Natal branco, como é mesmo a música? "I'm dreaming of a white Christmas.."

sábado, dezembro 18, 2004

Para quem merece uma prenda no sapatinho!

Todos temos o mesmo número de cromossomas, o mesmo tipo de ligações nervosas e, na maioria dos casos, pés, tronco, braços e cabeça depois do pescoço. Como é que conseguimos ser tão diferentes? Como é que há pessoal que ganha o dia a infernizar a vida dos restantes e outros que parecem viver só para nos alegrar?
Este post é para aquele pessoal que consegue animar toda a gente, faça chuva, faça sol! Para aquelas pessoas que parecem viver sem problemas. Na verdade, parecem ter uma missão muito especial: animar e dar vontade de viver aos restantes mortais.

Um dia destes, estava um rapaz a tentar atravessar a estrada para chegar ao carro dele, eu parei o meu carro para ele passar. Ele também parou de andar para eu passar. Eu fiz-lhe um gesto para avançar ao mesmo tempo que ele fazia o mesmo. Desatámos a rir um para o outro. Foi original como conseguimos criar empatia em menos de 3 minutos. Faz-me sorrir quando me lembro (e estejam descansados que a estrada estava deserta, não havia nenhum condutor furioso atrás de mim a tentar passar por cima).

Talvez o exemplo mais flagrante tenha sido na abertura da loja "Toys'R'Us". Fui recebida à porta pelo "Super Mario" e lá dentro vivia-se um ambiente de festa: muita música, muitos balões (não sei se foi por ser baixinha, mas tive direito a um balão como os putos) e, acima de tudo, muita cor e animação. Entretanto, enquanto serpenteava entre o rato "Mickey" e a girafa que é o símbolo da loja, começou a dar aquela música (se é que se pode chamar música) das "Ketchup", muito em voga nesse Verão. Qual o meu espanto quando me senti dentro de um filme musical: toda a gente sabia a coreografia! Mães a dançar com os filhos ao colo, putos e graúdos a dançar uns com os outros. Dei por mim na onda, a dançar e a cantar também! Quando saí da loja, uma hora depois, sentia-me rejuvenescida (e sem gastar um cêntimo!).
Será a alegria/calor que sentimos cá dentro, vinda do nada, o elixir da juventude?

Pus-me a pensar nas pessoas que realmente conseguem melhorar o dia às outras pessoas. A maioria dos professores e chefes são peritos em fazer exactamente o contrário. Às vezes, só uma atençãozinha faz milagres! Um abraço de vez em quando, um sorriso na hora certa.. nem que seja um toque de telemóvel (um "lembrei-me de ti e quis que soubesses" electrónico).
Andar sempre bem disposto é uma tarefa hercúlea e duvido que alguém consiga estar sempre assim sem nunca passar por alguma instituição de apoio mental.
Torna-se simples fazer outras pessoas sorrir, até quem não conhecemos: alguém a passar na estrada, um puto que acabou de entornar um copo cheio de leite por cima dele e está cada vez mais sujo ao tentar limpar, um senhor distraído que chocou connosco na fila do peixe.. qualquer um deles vai sorrir se tomarmos iniciativa. Melhorar o dia a alguém não custa nada e, receber um sorriso de volta, aquece a alma. A sério que aquece.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

An apple a day keeps the doctor away

Estava num consultório médico a admirar os quadros que estavam pendurados. Achei piada ao sentido de oportunidade porque todos os quadros eram relativos aos meios medicinais da idade média (como esta foi a nossa idade obscura, suponho que no Renascimento isto tenha evoluído). Fiquei espantada pela mensagem subjacente que eles deixavam escapar, como que a dizer: "Se está doente, pense em como tem sorte por ser atendido por um médico dos dias de hoje que, supostamente, sabe o que está a fazer!" Olhava para os quadros e ia lendo as legendas, incrédula.

Como curar uma dor de cabeça: atar pele seca de cobra à volta da dita cabeça. (Felizmente não dizia lá que tínhamos que apanhar a cobra numa noite de lua cheia e deixá-la a marinar em vinha-d’alhos durante 3 dias - a sorte é que, entretanto, passava a dor de cabeça).
Como ter um conselho médico? Nada de ligar para Médis ou ir às urgências, simplesmente perguntem à primeira pessoa estranha, que passe em frente à vossa casa, a cavalo. Não sei qual a probabilidade disso hoje em dia, mas suponho que o resultado é o mesmo: se estava doente, continua a estar.
Outra curiosidade: os homens só iam aos hospitais acompanhados das mães. Azar dos órfãos?! Sempre era uma boa desculpa para a mulher se livrar do marido e da sogra ao mesmo tempo: um prato de sopa estragada para ele!

Lembrei-me de ter lido um e-mail qualquer que explicava (se é que era verdade) que, na idade média, as pessoas se casavam todas em Julho porque era a altura do banho anual. Sempre com a mesma tina (e a mesma água porque como bem de 1ª necessidade, já na altura era paga), primeiro lavava-se o dono da casa e aí por diante até chegar às mulheres (não podia deixar de ser) e aos bébés que eram os últimos e até se deviam perder naquela imundice. A primeira ideia que me surgiu foi que, nascida naquela época, queria casar com um pescador que soubesse nadar (sim, marinheiros de água doce não serviam). A segunda foi que aquilo era, definitivamente, a lei do mais forte. A pergunta que me fica é: se eles sobreviviam a estas "lavagens", será que alguma vez precisavam de ir ao hospital? Será que eles conseguiam ficar doentes?! Só de pensar que os romanos já tinham saneamento.. argh!

Depois lembrei-me dos dentistas. Arrancar dentes a sangue frio, correndo o risco de estar a arrancar o errado. Pés no peito do doente para apoiar o esforço, alicate em riste.. Bem, nem quero imaginar! Não admira que qualquer um dos meus avós entre em pânico ao ouvir falar em dentistas!! (Qualquer um dos 4 não tem dentes e usa placa, just for the record)

Hoje em dia, perdemos estes hábitos que nos fortaleciam e tomamos banho diariamente (se bem que os nossos congéneres nórdicos ainda o evitem). Aumentámos a esperança média de vida nuns 30 anos e conseguimos reunir um leque fabuloso de novas doenças, além de morrermos na lista de espera dos hospitais ou levantarmo-nos às 3 da manhã para ter uma consulta no centro de saúde para dali a um mês. Mas só pelo dentista, pelo pescador-que-sabe-nadar e porque tive apendicite aguda há uns anos, fico muito feliz de ser uma doente do séc. XXI!

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Couve natalícia

Numa estrada onde passo diariamente, os buracos deram lugar às crateras e já mal se vê a estrada no meio das ditas cujas. Uma em particular, faz-nos pensar se os nossos antípodas não nos conseguem ouvir. Há uns tempos, uma alma caridosa tratou de encher o buraco de terra (deve ter dado uma "trabalhera") mas com as fortes chuvadas desta noite, alguma terra enlameada saiu e voltou a descobrir parte da cratera. Voltámos a ter o buraco que nos fazia desejar que alguém ali partisse uma jante para processar a junta de freguesia. Ia eu a tornear a tal cratera (semi-nipónica) quando vi que, para meu espanto, alguém a tentou sinalizar colocando um vaso e uma couve galega lá dentro!! (As couves galegas são aquelas que conseguem atingir alturas impressionantes) .

Mesmo assim, acho que isto não tem metade da piada de estarmos ali a ver a couve a 3D, literalmente plantada no meio da estrada!

O que vale é que os portugueses NÃO poupam esforços para alegrar o dia de um seu semelhante. Este ano, o pessoal achou que andávamos todos em baixo com estas crises em cima de crises apenas superadas pela inflacção e resolveu adiantar o Natal. O espírito natalício das superfícies comerciais começou em meados de Novembro. Qualquer dia estamos a chegar da 2ª quinzena de férias em Setembro e, à entrada do escritório, damos uma cabeçada na coroa de azevinho, "Feliz Natal"! E o que dizer de certas iluminações de natal que vemos em certas casas?.. Aqueles tubos de luz verde, encarnada, azul e amarela que se vendem no LIDL estão espalhados por tudo quanto é sítio. Parece que estamos em plena Feira Popular com tanta coisa a piscar e a trocar de cor. E aquelas maravilhosas luzes verdes nas casas? Onde estavam elas na noite de Halloween?! Depois há aqueles que optam somente pela cor branca, mas isso não rivaliza com as anteriores. Então o que se faz é encher a fachada da casa de milhares (literal) daquelas coisas que piscam a uma velocidade tremenda! Não há epiléptico que escape! Só lhes falta o placar de néon a dizer: "Esta noite, Fernando Pereira no casino da Horta Seca". (Ainda influências da couve..).

Mas gosto deste ambiente (em Dezembro, claro!). Gosto que as pessoas ainda se dêem ao trabalho de retirar aquelas coisas carregadas de naftalina (deve ser a altura em que andam mais traças no ar) do sítio mais recôndito do sotão da casa, para festejar um feriado que não diz respeito ao trabalho, aos direitos de igualdade ou a alguma revolução. Apenas e somente à ideia de estarmos todos juntos em família num clima de aparente paz e tranquilidade. A verdade é que acabamos por andar mais tolerantes. Deve ser das poucas alturas que temos crentes e ateus a festejar em uníssono. Prendas para os mais novos e alegria para os mais velhos por terem a família toda reunida. Eu confesso que me perco nas sobremesas até à meia noite, a cantar o "A todos um bom Natal" e a entrar nos jogos e teatros da pequenada. Nós podemos ser o corpo e cabeça, mas a alma do Natal está nas crianças. Um pouco antecipado, mas Feliz Natal!! :)

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Kiss me goodbye

Se não viram o filme "Before Sunset", acho que não vale a pena ler o post. Se estão a pensar vê-lo, atenção que é o seguimento do filme "Before Sunrise".

Este post teve um "parto difícil". Andava com ele às voltas na minha cabeça e já não sabia como o evitar. Já vi o filme há algum tempo e ando num certo exercício de masoquismo pois não paro de o rever na minha cabeça. O filme atingiu-me em cheio, saltou por cima de todas as sólidas fortalezas que erigi e deitou-as abaixo tal como um castelo de areia engolido por uma onda mais atrevida. Senti-me completamente exposta. Ao fim de tanto tempo, veio tudo de novo: aquele fim de noite, a praia, o mar calmo, as espreguiçadeiras, a lua, a areia, de como eu me queria descalçar para sentir a areia nos pés e experimentar a água fria.. Acabei por ficar calçada com medo de sujar as meias, os ténis ou o carro. Mais uma parvoíce. Basicamente, lembro-me por causa de ti. Dos teus olhos a brilhar e do teu sorriso que me provoca sempre outro.. Como diz a Carly Simon: "..How'd you learn to do the things you do?.." (na música "Nobody does it better").

O Jesse é espectacular. Foi ele que apareceu no local combinado, foi ele que ficou pendurado. Foi ele que tentou andar com a vida para a frente e não se tornou amargo. É ele que coloca o coração nas mãos dela, para ela o estilhaçar como quiser. Ele tenta fazer contacto, ele diz vezes sem conta como está feliz só por estar com ela.. ela foge sempre. Magoada pela a ideia de que ele a traiu quando se casou, que ele é feliz e ela, por causa dele, não. Tanto se protege que até lhe mente, sabendo que o magoa. Fala, fala, fala.. nunca tenta fazer contacto visual ou algum tipo de contacto físico, com medo que o que ela sente por ele transborde de vez e depois não exista maneira de voltar atrás. Sempre tive medo de te mostrar o que eu sentia porque tenho medo de não conseguir dar a volta. De não conseguir esquecer. De não voltar ao que era antes de te conhecer. O pior é que ainda não esqueci e já me ponho com estes "se" todos. Como se a cena da conversa telefónica do primeiro filme nunca pudesse acontecer.. aquela sinceridade brutal. Fazer-te saber exactamente o que eu sentia a cada momento, sem me preocupar se tu me vais magoar de seguida ou não.

Ele senta-a ao colo dele. Nota-se que ela está super desconfortável, tipo pedra. Senta-se rapidamente ao lado dele, finge que aquele momento constrangedor não aconteceu e fala, fala, fala.. Lembro-me do espaço todo que me ias deixando ao teu lado.. porque é que eu não me sentei? E falei, falei, falei..

Até que Céline tenta tocá-lo dentro do carro. Quando finalmente percebe que ele sente o mesmo que ela. Quantas vezes eu pensei nisso sem tu saberes, quantas vezes me apeteceu mandar ao ar aquele medo estúpido de ser magoada que acaba sempre por vencer a minha valentia de uma fracção de segundos. Não entendo como é que senti e sinto cada sensação, gesto, sorriso a cada cena que passa. A emoção cá dentro aumenta a níveis completamente impressionantes e tenho medo que aquilo rebente tudo antes de tempo. Mas não, um final soberbo que nos deixa a voar e torcer para que, pelo menos, aquela noite dê certo: "Baby, you're gonna miss that plane", "I know".

A declaração dela é linda.. aquela música não sai da minha cabeça. Gosto particularmente dos versos: "..I just wanted another try/I just wanted another night/Even if it doesn't seem quite right/You meant for me much more/Than anyone I've met before..". Aquela pausa e o suspiro bem fundo no nome dele. Apenas mais uma noite.. eu nem peço tanto. Aliás, nem sei se queria uma noite. Quero e não quero por tudo o que pode acontecer de seguida. Lá estou eu na mesma.. Só queria mesmo um último beijo. Sabes quando percebemos que um beijo pode ser o último? Há quem diga que o primeiro é o melhor de todos, eu não concordo. Ao saber que um beijo pode ser o último, pomos toda a nossa emoção nele. Queremos recordar cada infinitésimo de segundo desse momento. O frio da espreguiçadeira, a cor dos teus lábios, o ar quente que se partilha, a luz da lua a reflectir no mar, os teus olhos a fecharem devagarinho mas que nunca fecham completamente. Sabias que os deixas sempre semicerrados?.. Incrível como imagino a cena em cada pormenor e ela não aconteceu. Lembro-me que me estás a dever um desejo. Acho que é este mesmo. Um último beijo depois de te conseguir dizer tudo isto.