domingo, dezembro 04, 2005

Mães com SPA

SPA não se entende como sanus per aquam, mas sim como "síndroma pré-avó". No outro dia, estava a fazer sala num consultório e uma miúda estava a fazer queixa à avó porque a mãe dela lhe tinha dito que só lhe dava de comer se ela lhe desse netos! Senti-me solidária.. não sou só eu a sentir que a minha mãe me criou e aturou estes anos todos porque queria um neto (ou mais!). Às vezes fico com a ideia que ela não queria realmente ter filhos, só netos. Todos os meses lá vem a história dos netos.. Que eu não preciso de me preocupar com eles (até porque, segundo ela, eu dava uma péssima mãe), que ela faz tudo e até já tem o trajecto até ao parque infantil delineado! Sim.. "só" tenho que passar pelo trabalho de ter os netos dela. Sim, "só"! É que não custa nada andar nove meses tipo bola de berlim sem conseguir andar muito tempo de pé ou mesmo conduzir, cãimbras, pés inchados, corpo deformado, peito inchado.. e aquelas maravilhosas dores de parto?! Estar umas cinco horas a sofrer para caraças por causa de dez minutos de prazer? Como é que uma cabeça que parece uma bola de futebol passa num buraco mais pequeno que um limão anão sem causar estragos idênticos ao que o cometa fez aos dinossauros? (Rebentou tudo à sua passagem..)

Como é que é possível que em milhões de anos de evolução, o parto continue a aterrorizar qualquer mente feminina? E não me venham dizer que o segundo é mais fácil, já experimentaram?!

Pois bem, eu "só" tenho que me submeter a estas coisas e a minha mãe trata da peste. Está claro que algures "só" vou ter que acordar para dar de mamar àquela grafonola, com o botão de volume estragado no máximo, de três em três horas (viva o sono descansado) senão o peito deve entrar em convulsões e explodir se o terror em fraldas ficar sem sede.
O mais giro disto tudo é que a minha mãe acha maravilhosa a ideia de netos, mas a existência de um pai para eles já é outra história! Se eu for passar um fim-de-semana algures com o meu namorado é um filme de terror e um inquérito fenomenal. Suponho que a peste deva nascer de geração espontânea. Ou talvez em vez de um pai lhe possa arranjar uma mãe e recorrer à inseminação artificial? Será que a minha mãe tem alguma coisa contra isso? Assim não tem que conhecer/aguentar com o pai. Ou talvez ser mãe solteira "à la" Ágata?!

Mãe, lamento mas não quero ser mãe. Desculpa lá qualquer coisinha!