quinta-feira, abril 05, 2007

Bom dia!

Enquanto acabo o sumo de laranja, olho divertida à minha volta. As cuscas chegam cada vez mais cedo... suponho que nunca há tempo suficiente para dizer mal de toda a gente. Às vezes gostava de saber o que elas dizem de mim, o que conferenciam quando eu entro. Há uma mulher particularmente atraente que vem cá todos os dias beber o café antes de ir trabalhar, é o alvo preferido delas. Não sei se o que dizem dela é verdade ou mentira, mas duvido que seja verdade... é a inveja a falar mais alto. Aposto que queriam ser como ela quando eram mais novas: sofisticadas, independentes e lindíssimas.

No entanto, não é este grupo que me rouba a atenção, mas sim um rapaz ao canto que finge que estuda (como se um estudante de secundário pudesse estudar às oito da manhã!). Acho piada ao facto dele olhar mais vezes para a porta do que para o caderno que tem aberto. Até que ela chega finalmente, sempre apressada, sempre atrasada. O dono conhece-a desde pequenina e dá sempre os bons dias à menina Isabel que agradece e sorri, agarra no bolo e sai a correr. Então o rapaz relaxa e pega finalmente no caderno. É incrível pensar que ele está ali o tempo todo só para a ver durante uns trinta segundos. Divirto-me ainda mais a pensar no que ele imagina quando ela não aparece... será que acha que ela tem uma doença muito grave? Que corre perigo de vida e que espera que ele a vá salvar? Aposto que cada vez que ela não vai buscar o bolo, ele jura que se declara se a voltar a ver. Já o vi a levantar do lugar, enquanto apertava as mãos com muita força para ganhar coragem, mas quando se levantou mesmo já ela tinha ido embora. Acho-lhe piada, pronto. Mas agora que a Isabel se foi, ele também está a arrumar as coisas.

Do outro lado está um grupo de estrangeiros. Há sempre estrangeiros no Verão, normalmente alemães, franceses ou espanhóis. Os últimos ouvem-se com uma certa clareza. Também acho piada ao pessoal que tem o sotaque cá do sítio, é provinciano mas tem a sua piada quando não dizem disparates. Oiço a conversa mas nem estou a tomar atenção ao conteúdo, estou simplesmente a registar as palavras onde a pronúncia é mais cerrada.

Até que tu chegas, ligeiramente atrasado, cabelo com risco ao lado a cair para os óculos. Sorris e iluminas tudo... nem esses teus olhos azuis pequeninos reflectem tanta luz. Sinto que até as cuscas te acham simpático e nem te conhecem. Levanto-me à pressa e nem acabo o sumo. Saio contigo, o meu dia começa agora.

7 comentários:

  1. O charme de chegar atrasado... Vocês não resistem! ;)

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  2. Fico feliz de saber que te interessam de novo os olhos de alguem!
    ;)

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  3. Ò w. desculpa la mas o charme vem todo do olhar de soslaio das cuscas...

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  4. W.: Acho que depende onde nos deixam à espera... sozinhos é uma treta, num ambiente destes até que dá para passar o tempo (nem que seja com um livro!).

    balhau: Não é preciso levar as coisas tão literalmente, mas acho que a tendênca para isso é enorme, especialmente neste blog...

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  5. Independentemente disso achei o post mt fixe!
    Continua!

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  6. Sumo de laranja pela manhã... evita que nos transformemos numa hortelã! :)=

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  7. É bom ver que voltaste a ter tempo e disponibilidade mental para escrever... agora só tenho de arranjar tempo para ler tudo... com calma, para apreciar pérolas como esta! ;)

    E já agora, quando nos encontramos num qualquer café perdido algures por aí? ;)
    Beijo grande

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