Tinhas saudades? - Pergunta ele.
Tinha... - Diz ela sem grande convicção mas com um sorriso malandro.
Muitas? - Insiste ele.
Muitas, muitas! - Diz ela antes de o abraçar, agora com convicção.
Os dois olham-se durante um segundo quando acabam de falar, olhos que irradiam a mesma luz apenas para ser lida nos olhos do outro. Olham-se usando a mesma língua de luz. Ela ri-se com vontade e aproxima a boca dele, os beijos sucedem-se primeiro lentamente e depois rapidamente naquela urgência de algo mais, naquela tentativa de beijar ao de leve como se de um "teaser" se tratasse antes de explodir numa vontade imensa, daquela maneira que se beija quando se quer muito. Dir-se-ia que é um beijo de paixão inicial, mas não.. já lá vai uma década. Por alguma razão que nenhum dos dois sabe, o destino insiste em juntá-los e eles baixam as defesas enquanto o sentimento os vai tomando devagarinho, beijo após beijo, ano após ano. Apaixonam-se todas as vezes, mesmo quando pensam que o tempo já lá vai. Também é verdade que nenhum dos dois oferece grande resistência, mas já não têm tempo para isso, os minutos que têm um com o outro são tudo o que querem gastar.
Ela não faz ideia do porquê de ser ele. Se lhe perguntassem com quem sempre sonhou, provavelmente ainda hoje fazia uma descrição que não assentava nele. Mas quando está com ele, sabe que é ali que está grande parte da vida dela. Talvez seja o sorriso que ambos partilham, talvez as palavras e piadas certeiras que só calam quando um beijo urge. Talvez o brilho no olhar dele que reflecte felicidade sincera ou talvez seja a visão dela enevoada. Até os sapatos que ele usa e que ela não gosta nada são coisas que a confortam e a fazem acreditar que sim. Talvez seja o tom de mimado que ele faz quando ela o contraria.
Ele está na mesma, ela não é definitivamente quem ele definiria como ideal. Nem sabe apontar porque é que se sente irremediavelmente atraído por ela, porque é que o tempo passa e ela está lá sempre com aquela maneira de ser que ele secretamente adora, apesar de estar sempre a dizer-lhe "não sejas assim!". Já conheceu tantas mulheres e ela continua a conseguir que ele se esforce por ela. Talvez seja o facto dela não se render facilmente? Porque ela lhe dá luta? Talvez seja porque ela consegue deixá-lo sem palavras e lhe adivinha o pensamento. Porque ele vê a lua reflectida no rio e só se lembra dela? Porque lhe dá quase tanto prazer falar com ela como tocá-la ou beijá-la. Talvez sejam os beijos curtos que ela lhe dá no pescoço? Ou talvez o facto de não a conseguir tomar como garantida, apesar de confiar nela. Não se domam tempestades...
quinta-feira, junho 14, 2007
terça-feira, junho 05, 2007
A fragilidade do amor
É verdade que tenho uma certa queda para estranhos, a curiosidade do que não sei e do que posso descobrir é demasiado tentadora para resistir. Foi assim que nos envolvemos, já foste um estranho para mim. Tu dás-me tudo o que eu quero, mas não deixo de sentir que falta qualquer coisa. Nem sei o que me falta, se soubesse não procurava, ia buscá-la agora mesmo. E no dia em que perderes toda a confiança em mim, és tu quem se vai magoar mais. Eu nunca vou cicatrizar.
Sei que te meto numa espiral que vai acabar mal e que por alguma razão não vou até ao fundo, acompanho-te até metade e fico a observar-te a cair. Não sei porque é que me comporto assim, nem sei se existe realmente alguma razão para isso, onde está a lógica no desejo?
És provavelmente a pessoa que mais amei em toda a minha vida e não sei porque é que isso não basta. Temos tanta coisa que nos liga, é como se as nossas almas fossem teias muito densas completamente entrelaçadas e coladas uma na outra. Sei que nunca me vou libertar, mas também não é isso que quero. Só quero uma ponta solta, onde o meu corpo reaja sem regras, sem lições de moral, sem nada que me faça pensar e modificar a reacção ao prazer que sinto lá fora.
Acho impossível que fiques comigo. Por outro lado, sinto que a minha vida vai fazer sempre parte da tua. Mas por agora, o amor não basta.
Sei que te meto numa espiral que vai acabar mal e que por alguma razão não vou até ao fundo, acompanho-te até metade e fico a observar-te a cair. Não sei porque é que me comporto assim, nem sei se existe realmente alguma razão para isso, onde está a lógica no desejo?
És provavelmente a pessoa que mais amei em toda a minha vida e não sei porque é que isso não basta. Temos tanta coisa que nos liga, é como se as nossas almas fossem teias muito densas completamente entrelaçadas e coladas uma na outra. Sei que nunca me vou libertar, mas também não é isso que quero. Só quero uma ponta solta, onde o meu corpo reaja sem regras, sem lições de moral, sem nada que me faça pensar e modificar a reacção ao prazer que sinto lá fora.
Acho impossível que fiques comigo. Por outro lado, sinto que a minha vida vai fazer sempre parte da tua. Mas por agora, o amor não basta.
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