quarta-feira, julho 18, 2007

Encosta-te a mim

As meias são sempre a última coisa... vá-se entender porquê. Esqueço-me delas frequentemente, acho que é por ter a mania de andar descalça. Pouco depois, abri a água... nem quente, nem fria. O resto da habitação devia estar mais fresca porque senti a formação de uma nuvem de vapor. Fechei os olhos e inclinei-me na direcção do jacto de água, mexi o pescoço devagar para deixar que a água caísse no ombro também. E foi quando te senti, embora já soubesse que estavas ali.

As gotículas de água no meu ombro derreteram-se nos teus lábios. Estremeci e senti-os a percorrem-me o pescoço enquanto inclinava a cabeça para a esquerda. Senti a ponta dos teus dedos a escorrer do meu ombro para a minha cintura num abraço vagaroso. Não mexi um milímetro do meu corpo, mas a minha mente pregava-me partidas porque ouvia o batimento acelerado e descompassado do meu coração sobreposto ao da água a cair. O teu abraço lento parou quando a tua mão me acariciou o ventre. Passados uns segundos onde ambos sustemos a respiração e só se ouvia a água a moldar-nos o corpo, puxaste-me contra ti com força, sem magoar... com segurança. Encostaste-me a ti.

Apoiei o braço direito na parede à minha frente, enquanto sentia o teu corpo colado, a moldar-se ao meu. A tua cabeça ligeiramente flectida para a frente permitia-me sentir o calor da tua respiração no meu ouvido e arrepiar-me a cada expiração. Se ainda não me tinha entregue, aquele foi o momento. Segurei a tua mão na minha barriga para não te afastares. Sem olhares e sem palavras, mergulhámos um no outro.

5 comentários:

  1. Uma descrição altamente de uma situação melhor ainda! Mt bom parabens.

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  2. Porque é que me estou a lembrar do Jorge Palma? Hum esquisito...
    :)

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  3. E seria mesmo preciso segurá-lo/a? Achas que fugia?

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