terça-feira, maio 01, 2007

Quarto Crescente

- Hum? Estás a falar tão baixinho que não te percebo.
- E tu falas alto.
- Isso eu também sabia, mas com a televisão ligada fica difícil de te perceber... e de abrir os olhos.
- E querias tu a luz acesa!
- Não comento...

E ficámos os dois a rir de nada, enquanto o tempo corria numa maratona. Parece que foi há mais tempo, a memória prega-me algumas partidas e completa irrealmente o cenário. Fico sempre aquém daquilo que quero. Se num momento não quero fazer nada de que me arrependa, noutro acho que devia ter aproveitado mais, e se era a minha última oportunidade? Já nem sei a quantidade de vezes que mas ofereceram de bandeja sem que eu as mereça. Não sei bem como qualificar o que sinto por ti. Sei que mais facilmente daria lugar a outra pessoa do que ficava contigo se soubesse de antemão que te ia magoar e que me ias usar como desculpa para chorar. Ver-te sofrer por minha causa é como magoar-me infinitas vezes...

Apesar de afastar repetidamente a minha cara da tua e adivinhar-te o ar de confusão, bem no fundo queria acreditar que me vais dizer que desta vez não me deixas ir embora. Mas acabas sempre por deixar, não sei se na esperança que eu volte ou não. E eu parto sempre que abres a mão, sem saber bem porquê. Já longe, baralhas-me os sonos e fazes-me sonhar acordada quando toco nalguma peça de roupa que ainda tem reminiscências tuas. O silêncio entre nós volta a cair... até à próxima lua, se ela existir.

5 comentários:

  1. Por vezes o silêncio pode ser uma benção, sobretudo quando não querem acreditar no que dizemos! E deixar ir alguém, pode ser uma maneira suave de a empurrarmos para fora da nossa vida...
    A Lua, essa está sempre lá, e pode ser bem mais bela vista de duas perspectivas longínquas!

    ResponderEliminar
  2. Acreditar é um conceito que resulta de um conjunto de factores, situações , expriências de vida e decorrer de acontecimentos que nos vão sucedendo na nossa vida. Acreditar não depende somente daquilo que nos dizem, mas sim daquilo que nos fazem sentir daquilo que mostramos que muitas vezes não é necessariamente aquilo que sentimos. Eu acredito que acreditar vá muito para além da sua simples definição. Acredito que vale a pena acreditar. Não acredito no silêncio, não acredito em inercia e no acreditar no nada. Acredito no tudo e acredito na lua, acredito no estar sempre lá, acredito em perspectivas longínquas que concorrem num ponto, num mesmo ponto. Quanto à lua, cada um a vê como quer, cada um escolhe a face que quer ver, eu tenho especial interesse pela lua nova, dá-nos a esperança, mesmo que não passe de uma ilusão, de que a lua pode nasce r de novo...

    ResponderEliminar
  3. Só um à parte:

    Só para que se conste eu tenho a noção de que a parte visível da lua é sempre a mesma...
    Só para não causar interpretações erradas!
    Quanto ao texto, posso dizer que está bem mais interessante que a própria lua.

    ResponderEliminar
  4. SoNosCredita: também espero que sim! ;)

    Quanto aos outros comentários, confesso que me perdi um bocadinho. De qualquer modo, obrigado por aparecerem e comentarem, é verdade que um texto deixa de ser do autor assim que é lido. Beijocas!

    ResponderEliminar