quinta-feira, junho 14, 2007

Definitely Maybe

Tinhas saudades? - Pergunta ele.
Tinha... - Diz ela sem grande convicção mas com um sorriso malandro.
Muitas? - Insiste ele.
Muitas, muitas! - Diz ela antes de o abraçar, agora com convicção.

Os dois olham-se durante um segundo quando acabam de falar, olhos que irradiam a mesma luz apenas para ser lida nos olhos do outro. Olham-se usando a mesma língua de luz. Ela ri-se com vontade e aproxima a boca dele, os beijos sucedem-se primeiro lentamente e depois rapidamente naquela urgência de algo mais, naquela tentativa de beijar ao de leve como se de um "teaser" se tratasse antes de explodir numa vontade imensa, daquela maneira que se beija quando se quer muito. Dir-se-ia que é um beijo de paixão inicial, mas não.. já lá vai uma década. Por alguma razão que nenhum dos dois sabe, o destino insiste em juntá-los e eles baixam as defesas enquanto o sentimento os vai tomando devagarinho, beijo após beijo, ano após ano. Apaixonam-se todas as vezes, mesmo quando pensam que o tempo já lá vai. Também é verdade que nenhum dos dois oferece grande resistência, mas já não têm tempo para isso, os minutos que têm um com o outro são tudo o que querem gastar.

Ela não faz ideia do porquê de ser ele. Se lhe perguntassem com quem sempre sonhou, provavelmente ainda hoje fazia uma descrição que não assentava nele. Mas quando está com ele, sabe que é ali que está grande parte da vida dela. Talvez seja o sorriso que ambos partilham, talvez as palavras e piadas certeiras que só calam quando um beijo urge. Talvez o brilho no olhar dele que reflecte felicidade sincera ou talvez seja a visão dela enevoada. Até os sapatos que ele usa e que ela não gosta nada são coisas que a confortam e a fazem acreditar que sim. Talvez seja o tom de mimado que ele faz quando ela o contraria.

Ele está na mesma, ela não é definitivamente quem ele definiria como ideal. Nem sabe apontar porque é que se sente irremediavelmente atraído por ela, porque é que o tempo passa e ela está lá sempre com aquela maneira de ser que ele secretamente adora, apesar de estar sempre a dizer-lhe "não sejas assim!". Já conheceu tantas mulheres e ela continua a conseguir que ele se esforce por ela. Talvez seja o facto dela não se render facilmente? Porque ela lhe dá luta? Talvez seja porque ela consegue deixá-lo sem palavras e lhe adivinha o pensamento. Porque ele vê a lua reflectida no rio e só se lembra dela? Porque lhe dá quase tanto prazer falar com ela como tocá-la ou beijá-la. Talvez sejam os beijos curtos que ela lhe dá no pescoço? Ou talvez o facto de não a conseguir tomar como garantida, apesar de confiar nela. Não se domam tempestades...

5 comentários:

  1. N tem piada domar uma tempestade, mas sim enfrenta-la, conquista-la e ser conquistado. E a luta q faz c q valha a pena.
    As descriçoes fazem-me lembrar alguem. ;-)

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  2. Lutar contra uma tempestade é altamente, principalmente se no fim morreres afogado. Uma vez eu mais a minha maria fomos os dois passear pra zona do Cerco do Porto e também fomos apanhados no meio de um tornado de mitras. Felizmente conseguimos domar a tempestade, depois de enfrentar alguns metros de corrida louca pelas ruas do bairro...
    As descrições fazem-me lembrar alguém... ah já sei fazem-me lembrar o Capitan Sparrow a afundar com o seu navio...

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  3. Então deve ser isso que se sente quando se encontra o/a tal...

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  4. Dá-me mais 5 anos e a gente conversa... ;)
    Um grande beijo, miúda, adorei!

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  5. Reaper: O teu texto espelha melhor a realidade do outro lado, muito bem até... :)

    W.: Não sei?...

    Aurora: Todo o tempo do mundo para ti!

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