sexta-feira, março 27, 2009

Suster a respiração

Se algum dia me disseres que nunca mais me queres ver, acho que parte de mim vai secar e morrer para sempre. O que te dei de mim sem me aperceber não vai voltar e sei que esse buraco vai tornar-se num vazio cheio de mágoa. Pensar que nunca mais me vais abraçar.. como é possível não ser egoísta? Não é que a tua felicidade não me interesse, mas realmente só interessa se continuares a procurar-me. Podes ter outras pessoas, as que quiseres. Ver-te próximo de outras mulheres é como espetar uma lâmina bem fina no espaço entre o dedo e a unha, mas é uma dor consideravelmente menor a nunca mais sentir a tua respiração no meu pescoço. É tão fácil fingir que te ignoro enquanto a dor cresce inexoravelmente.

Soa a um certo masoquismo, mas não há realmente nada que possa fazer contra isso. Se calhar é mais obsessão... não é que não hajam outros homens que me fazem sentir o mesmo ou até melhor que tu. Mas tu tens uma parte de mim que eles nunca terão. Não sei o quê, mas sinto-me perdida e sozinha só de pensar que posso nunca mais tocar-te, nunca mais adormecer encostada a ti e acordar com vontade de rir. E se nunca mais sentir isso, não me vai sobrar nada bom. E o que sobrar, os restos de mim que passeio todos os dias, vão pensar em ti insistentemente a cada momento que fique sozinha. Vai apetecer-me simplesmente deixar de respirar.

9 comentários:

  1. Quem não te conhecer até pensa que é verdade...
    Muito bom o texto, parabéns miss.

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  2. Por isso é que é um blog e não um diário!! É uma espécie de colecção de ideias soltas provocadas pela música, livros, filmes ou até mesmo do nada. Mas ainda bem que dizes isso porque pode ser q evite perguntas estranhas acerca do texto! :D

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  3. Se há coisa que aprendemos com Fernando Pessoa é que a verdade é muito daquilo que quisermos que ela seja. Creio que existe uma verdade e uma verdade literária. A partir do momento em que o escreves, existe.
    O texto, esse, provocará arrepios a qualquer um. Nenhum homem ou mulher pode ficar indiferente quando lhes é entregue aquilo que tu entregas ou quando alguém se desnuda emocionalmente a este ponto.

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  4. Já agora...caros Balhau e Miss, tenho sentido a falta da vossa companhia, sempre interessante, no Uatafak. :)

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  5. Goth Mortens. Sinto-me lisonjeado pela consideração que manifestas (istou sou eu a treinar o meu português para reuniões políticas, aquelas que fujo a sete pés..)
    Visitar-te-ei (repare-se na ousadia em compor uma palavra separada por vários "tracinhos") assim que possa. Um bem haja a sua senhoria..

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  6. "Nenhum homem ou mulher pode ficar indiferente quando lhes é entregue aquilo que tu entregas ou quando alguém se desnuda emocionalmente a este ponto." <- arrepiada fiquei eu. Obrigada*

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  7. Tá giro... não é real...mas tá giro. :D

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  8. Mais um texto daqueles que marcam... conta lá, quando é que publicas um livro? ;)
    Um grande abraço, já estou cheia de saudades! ***

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