segunda-feira, dezembro 13, 2004

An apple a day keeps the doctor away

Estava num consultório médico a admirar os quadros que estavam pendurados. Achei piada ao sentido de oportunidade porque todos os quadros eram relativos aos meios medicinais da idade média (como esta foi a nossa idade obscura, suponho que no Renascimento isto tenha evoluído). Fiquei espantada pela mensagem subjacente que eles deixavam escapar, como que a dizer: "Se está doente, pense em como tem sorte por ser atendido por um médico dos dias de hoje que, supostamente, sabe o que está a fazer!" Olhava para os quadros e ia lendo as legendas, incrédula.

Como curar uma dor de cabeça: atar pele seca de cobra à volta da dita cabeça. (Felizmente não dizia lá que tínhamos que apanhar a cobra numa noite de lua cheia e deixá-la a marinar em vinha-d’alhos durante 3 dias - a sorte é que, entretanto, passava a dor de cabeça).
Como ter um conselho médico? Nada de ligar para Médis ou ir às urgências, simplesmente perguntem à primeira pessoa estranha, que passe em frente à vossa casa, a cavalo. Não sei qual a probabilidade disso hoje em dia, mas suponho que o resultado é o mesmo: se estava doente, continua a estar.
Outra curiosidade: os homens só iam aos hospitais acompanhados das mães. Azar dos órfãos?! Sempre era uma boa desculpa para a mulher se livrar do marido e da sogra ao mesmo tempo: um prato de sopa estragada para ele!

Lembrei-me de ter lido um e-mail qualquer que explicava (se é que era verdade) que, na idade média, as pessoas se casavam todas em Julho porque era a altura do banho anual. Sempre com a mesma tina (e a mesma água porque como bem de 1ª necessidade, já na altura era paga), primeiro lavava-se o dono da casa e aí por diante até chegar às mulheres (não podia deixar de ser) e aos bébés que eram os últimos e até se deviam perder naquela imundice. A primeira ideia que me surgiu foi que, nascida naquela época, queria casar com um pescador que soubesse nadar (sim, marinheiros de água doce não serviam). A segunda foi que aquilo era, definitivamente, a lei do mais forte. A pergunta que me fica é: se eles sobreviviam a estas "lavagens", será que alguma vez precisavam de ir ao hospital? Será que eles conseguiam ficar doentes?! Só de pensar que os romanos já tinham saneamento.. argh!

Depois lembrei-me dos dentistas. Arrancar dentes a sangue frio, correndo o risco de estar a arrancar o errado. Pés no peito do doente para apoiar o esforço, alicate em riste.. Bem, nem quero imaginar! Não admira que qualquer um dos meus avós entre em pânico ao ouvir falar em dentistas!! (Qualquer um dos 4 não tem dentes e usa placa, just for the record)

Hoje em dia, perdemos estes hábitos que nos fortaleciam e tomamos banho diariamente (se bem que os nossos congéneres nórdicos ainda o evitem). Aumentámos a esperança média de vida nuns 30 anos e conseguimos reunir um leque fabuloso de novas doenças, além de morrermos na lista de espera dos hospitais ou levantarmo-nos às 3 da manhã para ter uma consulta no centro de saúde para dali a um mês. Mas só pelo dentista, pelo pescador-que-sabe-nadar e porque tive apendicite aguda há uns anos, fico muito feliz de ser uma doente do séc. XXI!

5 comentários:

  1. Assim também eu quero pertencer ao seculo XXI. Pensava que era o único a tomar banho uma vez por ano, mas afinal... Ora bem que mal é que tem tomarem banho todos na mesma àgua, é sinal que não tem nojo uns dos outros viva a época medieval e a esperança média de vida abaixo da adolescencia. Beijo!

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  2. Também estou muito feliz por nao ter tido nunca que me submeter a esses "tratamentos", mas... duvido que imagens dessas tenham o mesmo impacto positivo nas criancinhas que vao pela primeira vez ao médico!

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  3. Balhau's Planet aka Vitor Hugo.. olha que tinhas jeito para cavaleiro! Já te disse q o que importa é o tamanho da lança? lol

    Frosty: Acredito, mas como foi num consultório de um cardiologista, a avaliar pela sala de espera, suponho que os quadros acertam em cheio no público alvo! Não havia uma única criacinha a correr por lá, partir um vaso.. sei lá, dar vida à coisa! ;)

    Está quaseeeeeeeeeeeeeeeeeeee!****

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  4. Mais tarde ou mais cedo...

    Vamos morrer e vamos, portanto é aproveitar enquanto se pode.

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  5. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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