sábado, janeiro 22, 2005

Tugas e pseudo-estrangeiros

Tenho imenso orgulho em ser portuguesa. Adoro viajar, conhecer culturas, locais novos e até era capaz de viver no estrangeiro durante uns anos desde que soubesse que voltava. Faz-me falta o Portugal que eu conheço: o sol, as paisagens, os amigos, a língua e, tenho que reconhecer, faz-me falta a comida!

No entanto, há coisas nos meus compatriotas que eu não compreendo e custa-me imenso a tentar entender! Não vou falar daquela unha do dedo mindinho com um tamanho escandaloso, do facto de ninguém fazer piscas, do facto dos alfacinhas decorarem o tempo que demora a ficar verde nos semáforos, dos meus avós irem a um restaurante e só pedirem bacalhau, nem mesmo daquela coisa tétrica, que eu nunca vou perceber na vida, que é parar para ver acidentes. Lembro-me de estar a chover imenso e haver um acidente na IP5 (para variar). O acidente foi numa ponte e a polícia cortou a estrada. Pois foi ver uma multidão a sair dos carros para ir ver.. ver o quê?! Se tinha morrido alguém? Qual o modelo irreconhecível do carro? Para aparecer na TVI? Para quê?! (E claro, levavam as criancinhas por arrasto porque convém que elas vejam estas coisas, para cada vez menos saberem que a imagem de uma pessoa morta e desfigurada não é uma cena banal). Li não sei onde como é que se podia logo saber que as torres que caíram no 11 de Setembro não eram portuguesas: repararam que o pessoal estava a fugir? Se fosse em Portugal, a manada corria no outro sentido..

Sem querer ser xenófoba (até porque há sempre excepções), embirro imenso com emigrantes franceses. Dá-me ideia que qualquer português que vá uma semana para França, esquece como é que se fala português. Todos os anos em Agosto somos novamente invadidos.. mas pelo menos Napoleão sabia falar francês! É fácil ver quem são: nos supermercados falam com as caixas em "portucês": "Num me sabe dirre unde é la plage?", qualquer açoriano passava mais depressa por francês do que estas aves! E depois têm aquela particularidade de apenas falar português quando estão furiosos: "João Emanuel, já te disse 1000x para estares quieto!". Sou incapaz de dizer quantas pessoas já me contaram histórias destas. Alguns voltam para Portugal, trazem os seus filhos com dupla nacionalidade e uns nomes belíssimos.. Será que não têm pena dos filhos? Ok, se calhar na França a única música portuguesa que passa é das Claudisabeis, Claudias Marisas, Anas Micaelas, Marianas Vanessas.. mas tentem ter um pingo de bom gosto. Não guiam o carro durante o ano inteiro e vêm para cá com o seu jeito domingueiro, de crucifixo no retrovisor, semear acidentes pelas estradas (já de si em mau estado). Nós temos imensos acidentes em Portugal, mas no Verão a coisa torna-se caótica! E o 13 de Agosto? Ainda bem que não moro para os lados de Fátima! Aquela gente só pode mesmo agradecer à nossa Sra. de Fátima, da maneira como conduz, chegar são e salvo ao santuário é mesmo um milagre!

Também me chateiam aqueles portugueses que acham que sabem falar as línguas todas e não sabem dizer nada. Uma vez, estava num grupo em Espanha e queríamos comprar uns comprimidos quaisquer. O cromo do grupo ofereceu-se para perguntar onde havia uma farmácia. Chegou-se ao pé de um espanhol e perguntou (num português mal enrolado): "puede mi dizer onde é la farmacía?" e o espanhol não percebeu. Quando chegámos ao pé do senhor, pedimos por uma farmácia, devagar, em português. Ele voltou-se satisfeito: "ah, farmácia!" e deu-nos as indicações necessárias. Suspiro, há cada um mais triste!!

Não se pode agradar a gregos e troianos, não é? Ah.. já disse que adoro ser portuguesa?! ;)

4 comentários:

  1. realmente há cada coisinha.
    Na praia há dois verões lembro-me perfeitamente de uma senhora aos berros no meio da praia a gritar em altos berros

    - Rúben António viens ici!!!!

    Lol...marcou-me. traumatizou-me!

    Em Espanha, lembro-me de tar o meu pai há meia hora agarrado a um mapa a perguntar por um restaurante qualquer a um rapaz na rua que tinha a minha idade. E o rapaz com cara de parvo a dizer "no comprendo".
    Chego lá eu, com o meu charminho, começo a falar um espanholês todo acelerado.... Era ver o rapazito de olhos a brilhar a indicar-nos a direcção do restaurante! O que é preciso é charme, porque eles é que fingem que não percebem...é cromice!

    É que nós é que somos os burros e nos esforçamos que nem doidos para que nos compreendam.
    Quando é um francês, um inglês ou mesmo um espanhol que nos visite, fala português ou tenta? quanto muito tenta o nome da rua ou do sítio,mas organizar uma frase "tá-kéto-eu-sou-comodista".

    o meu pai em França pedia "La conte" no final das refeições no restaurante e eu saía so restaurante e rir da cara do Português-mal-pago-que-era-empregado-pois-claro, a dizer "são portugueses! diz-se "addition"!"

    ou eu a minha melhor amiga quando algum francês nos pergunta qualquer coisa na rua dizemos qq coisa que spa a: "uí uí mé ué hã? pfffffffffff"; resulta. ficam com cara de parvos, sim.

    beijos lol

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  2. Essa de "la conte" foi linda!! Ainda me estou a rir sozinha. Yeaps, eu noto que falam sempre connosco em inglês ou numa língua qualquer e nem se esforçam! Em França e Inglaterra dou o jeito mas em Espanha falo mesmo português! lol

    Adorei o comentário! :)
    Beijocas*

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  3. Emigrantes frances (aka AVECS, como eu "carinhosamente" os trato), essa bela raça... Ainda ontem me deparei com uns fora de época na discoteca! Eram discretos: no meio de toda a música de m***a que passou, eram os únicos na disco (pelo menos no meu campo de visão) que dançavam aquilo! - e eles dançavam de foram muito enérgica e efusiva!
    Para terminar, gostava de deixar um apelo a todos os Jean Michelles deste mundo: façam-nos um favor e fiquem lá na França, onde tudo é tão melhor que cá!

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  4. Assistido na praia em 1ªfila:

    -Pierre, Pierre vient ici!
    O Pierre claro está ignorou a mãe, porque a areia tem muito mais piada do que a sua pseudo-francesa mãe cheia de pelos...
    - Oh meu filho da puta ja te disse para vires cá!

    Belos emigrantes! Venham eles!

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