quarta-feira, outubro 18, 2006

Ode aos críticos de cinema

Se há coisa que eu não compreendo é exactamente para que servem os críticos de cinema, especialmente em sites onde o público também vota. Do meu ponto de vista, um crítico de cinema devia esclarecer os pontos fortes e fracos do filme. Se possível, explicar se vale a pena dar 5 euros por ele e comparar a algum filme já conhecido para dar uma vaga ideia da coisa. A maior parte dos críticos de cinema só serve para correr com o pessoal dos cinemas (seria essa a ideia original?).

Existem os críticos "enciclopédia", sabem tudo do passado dos realizadores: onde nasceram, as influências, as notas da escola, a primeira curta-metragem, quando é que o filme foi exibido pela primeira vez, os prémios que recebeu, excertos de entrevistas, etc. Comparam o filme actual com um qualquer que a criatura fez há 20 anos e dizem que esse é que era bom. Ficamos sem perceber se o filme vale ou não os 5 euros.

Os críticos "pessimistas" acham que qualquer filme é mau, os filmes bons eram na altura da Maria Cachucha ou de um realizador que nunca ninguém ouviu falar. Acham que o pessoal de hoje em dia não faz ideia do que é realizar um filme, divagam sobre outros filmes com o mesmo tema que, segundo eles, são obras-primas e esquecem-se do filme que deviam criticar.

Há aqueles que contam o filme do princípio ao fim: "O filme começa com o José que é desempregado, entretanto conhece Lúcia, o amor da sua vida, e a mãe dele morre em circunstâncias misteriosas. Todos suspeitam de Lúcia mas o verdadeiro culpado é o cunhado". Estes resolvem-nos o problema: ficamos logo sem vontade de ver o filme.

Existem também os críticos "surrealistas", são capazes de ver um arco-íris no "Branca de Neve" de João César Monteiro. Por alguma razão (que não o excesso de dioptrias), vêem um filme que não é o que o realizador fez. No plano de uma barraca conseguem encontrar uma crítica à sociedade e o facto de existir um arbusto na cena é uma clara menção à política de Bush. O chato é que podemos ficar muito entusiasmados com o filme e depois achar que não percebemos nada (ou pelo menos não entendemos o que o crítico entendeu).

E temos ainda aqueles que não viram filme, copiam as críticas estrangeiras e ficam muito felizes com isso. Sai sempre qualquer coisa como: "filme muito aclamado no festival porco de prata" o que deve querer dizer que é bom ou "o filme passou despercebido nos Estados Unidos" o que não diz nada porque, já se sabe, a opinião dos americanos não interessa nada.

Ora bem, o que é que acontece na realidade? Ninguém liga nenhuma aos críticos e o pessoal vai aos sites onde o público vota. Se há 200 pessoas a votar menos de 3 estrelas, fujam do filme! Nenhum português dá menos de 3 estrelas a menos que os 5 euros que gastou tenham sido mesmo mal gastos! Acima de 4 estrelas começa a ser um bom filme. E depois, acabo por gostar mais dos filmes comerciais do que daquelas "obras de arte" que os críticos idolatram (e que me fazem dormir).

4 comentários:

  1. Como todos sabem o Miss P & Miss I foi muito aclamado em frança, tendo um igual sucesso na suiça, no entanto no que diz respeito ao público leitor da hungria não se verificou o mesmo entusiasmo. A infância rebelde de MrP aliada à graciosidade de escrita de Miss I acabam por impressionar o leitor mais indiferente, as caralhadas sistemáticas de MrP (agora reformado e com hemorroidas mentais) provocam orgásmicos risos, enquanto que as dissertações de Miss I conquistam o público geral. No que diz respeito ao panorama contemporaneo podemos dizer que esta obra se inclui na área da sátira light, vertente recente descendente do Impressionismo e Vandalismo de escritas gotico-maniaco-depressivas. Em termos gerais, e de um modo bastante abrangente, senão mesmo generalizado, posso dizer que este blog tem nota 2...

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  2. Grande crítico (balhau) sim senhora...Gostei da critica em si mas a nota final nao concordo nada...
    Quanto aos filmes, eu normalmente so vou ver aqueles que na publicidade me chamam a atenção e nao aqueles que a critica fala mto deles...
    Posso dizer que "Million Dolar Baby" so vi em DVD passado muito tempo, "Cinderela Man" nunca vi, "O fiel jardineiro" tambem nunca vi, "O paciente ingles" causou-me sono, tambem nunca vi o "Codigo de Da vinci" nem estes ultimos sobre os atentados do 11 de Setembro...Sou uma leiga em termos cinéfilos mas sou uma amante de bons filmes...E nao é pq os criticos dizem que os filmes sao excelentes que eu vou ver pq tb ja xeguei à conclusao que eles nao sabem avaliar mto bem a coisa...

    P.S.: Os filmes que enumerei foi ao acaso, foram os unicos que me lembrei que a critica gostou e foram nomeados para os "porcos de prata" LOL

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  3. Críticos a sério, destroem um filme, a menos que seja realizado pelo Manoel de Oliveira (cuja obra devia ser receitado a toda a gente em substituição do Xanax) ou o Ingmar Bergman. Têm que ser realizadores europeus de uma estopada qualquer, que não lembra ao menino Jesus.

    Mas, no meio da verborreia, acertam, e há mesmo filmes que são uma caca e montes de gente vão a correr vê-lo!

    E é aqui que reside a utilidade dos críticos; possibilita aos realizadores dizerem "Eu trabalho para o público, não para a crítica", que é uma forma subtil (?) de chamar burro ao povo...

    P.S: Tenho lido as críticas da Ana Markl, no SOL e tenho gostado. Escreve com imparcialidade e ainda não vi o tradicional "bota-abaiximo"...

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  4. balhau: Aplicaste-te... melhor que isso era praticamente impossível! lol Obrigado :P

    Rakel: Gostei imenso do "Million Dolar Baby" e do "Paciente Inglês" que já vi várias vezes! lol Quanto aos outros, nunca vi. Mas é verdade, os críticos não sabem do que a getne gosta... nós é que sim! ;) ****

    W.: Manoel de Oliveira? Vénia, vénia.. e se n for a ele, que seja ao neto dele! Lembraste-me do conjunto: comprimidos p dormir + madredeus + livro de poemas = xonax! lol
    Eu fiquei com uma certa aversão ao Sol, portanto nunca li nada da Ana Markl (é quem eu estou a pensar?) mas confio em ti.. acho eu! he he***

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