(continuação)
Enquanto vasculhava as gavetas todas da minha cómoda, pensava como raio não me tinha apercebido que o baton era importante assim que vi a seta marcada na minha pele. Eu não uso baton, portanto foi trazido por alguém e deve estar algures no meu quarto... desejei intimamente que estivesse naquela cómoda porque a minha maior qualidade não é a arrumação, definitivamente. Chateei-me um bocado, tirei as gavetas e virei-as todas do avesso. Mas nada de baton. Senti-me um bocadito frustrada, a descoberta da primeira e ousada pista tinha despertado ainda mais a minha curiosidade. Sem ligar ao cabelo molhado, estendi-me no chão com a máquina fotográfica (porque a cama estava cheia da tralha das gavetas) e passei as fotografias das minhas costas. Ao fim de uns dez minutos, o sorriso no final da frase já me parecia um completo gozo à minha incapacidade de entender o que estava escondido na frase. Por fim desisti e posei a máquina ao meu lado, fechei os olhos e tentei distanciar-me das últimas ideias mirabolantes (porque, pelo menos, tinha a certeza que a Praça Vermelha e o Kremlin não tinham nada a ver com isto). Quando tirei as mãos da cara, posso dizer que passei a ter uma outra perspectiva do meu quarto: o tecto. E lá estava o baton preso ao candeeiro, oscilava perigosamente pendurado apenas por uma ponta de fita-cola. Pergunto-me se não terei dado sinais de que estava a despertar para aquilo ter ficado colado daquela maneira. Agora a única coisa que se metia entre mim e o candeeiro era a minha altura, mas nada que uma cadeira não resolvesse (sim, porque aquilo aos saltos não foi lá). Finalmente agarrei o baton e fiquei a pensar que se fosse um episódio do CSI, tinha posto umas luvas e tirado uma impressão de uns milímetros de dedo, mas que mesmo assim dava para encontrar o responsável pelo jogo em menos de cinco minutos.
Olhei para o baton, não percebia nada daquilo, mas duvidava que fosse coisa de qualidade... aposto que foi comprado numa loja em bico! Depois de muitas voltas ao baton, não descobri grande coisa, mas era óbvio que era ali que estava a minha segunda pista... afinal, os batons não se penduram nos candeeiros porque gostam de praticar queda livre. Resolvi secar o cabelo e deixei o baton à minha frente, talvez esperançada nalguma espécie de telepatia. Depois de vestida e perfeitamente acordada (ou seja, já tinha desistido de comunicar mentalmente com o objecto), tentei desenroscar o baton, mas só consegui sujar as mãos. Lá fiquei eu frustrada a olhar para a peça e resolvi usar a única ferramenta que sabe tudo: o google! Lá procurei por entre dezenas de imagens alguma coisa parecida com aquela e fiquei a achar que era tudo muito igual. Decidi então procurar a referência da cor, podia ser que ajudasse nalguma coisa. Passados menos de cinco minutos, achei que sofria de daltonismo e desliguei o computador. Um bocado chateada, atirei o baton para cima da cama e nesse preciso momento lembrei-me da fita-cola, ainda presa ao candeeiro (tal como eu disse, o meu forte não é a arrumação). Será que a pista estava na fita-cola?! Lá fui outra vez cheia de esperança, bati na cómoda porque saí a correr do quarto, mas nem senti nada tal era a excitação quando cheguei à secretária.
Enrolado na parte de dentro do rolo da fita-cola estava um papelito colado também com fita-cola. Tirei-o com cuidado para não rasgar nada e li em voz alta:
Muito bem! Espero que o candeeiro ainda esteja colado ao tecto (estupor, pensei eu) E agora suponho que estás por tua conta!
Achei que esta pista era finalmente fácil...
Ena pá, és uma despassarada insensível! Mas, se a curiosidade matasse o gato, eu caía redondo... Miau!
ResponderEliminarBem, depois de ter deixado aqui um miado há uns tempos, e tendo em conta o comentário anterior... acho que devia ter morrido agora!;)
ResponderEliminarIsto com "miaus" e tudo parece-me muito bem! ;)
ResponderEliminarPeço desculpa pela publicação espaçada, mas isto do acesso à Internet nas férias não está facil!
Fico muito feliz por seguirem a história com interesse!***