quarta-feira, novembro 03, 2004

O Pascal tinha uma certa razão!

Será que existe tal coisa como o amor da nossa vida? Aos vintes e tais é claro que não tenho qualquer experiência de vida para me pronunciar sobre o facto, mas gostava de pensar que sim. Quando era pequena, achava que as pessoas que não se casavam deixavam alguém também por casar, já que cada pessoa tinha o seu respectivo parceiro e, se não se encontravam, mais ninguém ia preencher o lugar dele. Esta perspectiva cor-de-rosa está longe da verdade, mas continuo a achar que há realmente um sapato para cada pé! Podem até não ficar juntos ou um deles ter morrido entretanto (sapato roto ou desaparecido), mas acho que há sempre alguém que não vamos esquecer (o sapato cabe na perfeição e nunca dói a andar). Não esquecemos o que podia ter sido ou não esquecemos o facto de sermos uns sortudos por estarmos com uns trémulos 80, em frente à lareira, e ainda sermos capazes de encontrar carinho nos olhos da outra pessoa. (Agora aparece "The End" e o genérico final)

Não tenho razão especial para acreditar nisto a não ser que existem pessoas que ficam eternamente insatisfeitas com o que têm, a pensar no que poderiam ter e outras que deixam tudo para trás, sem hesitações, quando acham que finalmente encontraram o que procuravam. Uma senhora que eu conheço (tem uns 60 anos) disse-me uma vez que o amor da vida dela era um rapaz que ela tinha conhecido aos 20 anos. Eles mal namoraram (ter uma miúda apenas era demasiada restrição para o rapaz) mas acabava por voltar à mesma moça. Ela chateou-se, nunca mais o viu e casou-se com alguém que lhe dava o que ela queria: gostava dela, não a trocava por outras, dava-lhe carinho e constituíram família. Passados uns 40 anos de vida em comum, ela afirmou-me que o amor da vida dela era o tal que nunca mais viu, mas não esqueceu. (40 anos, bolas!)

Sinceramente, preferia que isto não me acontecesse. Acho que prefiro estar sozinha que a sonhar com alguém que não é a pessoa que está ao meu lado, mesmo que já esteja habituada à companhia e à presença do outro. O difícil está em perceber quem é a "tal" pessoa. A própria expressão engloba a vida, saber o amor da minha vida aos 20 anos é impossível, mesmo que eu esteja perdidamente apaixonada e com grandes esperanças que seja o fulano tal, só vou descobrir isso quando tiver os tais trémulos anos! É claro que isto não é um mar de rosas e desconfio que mais de metade não fica com a pessoa certa, mas há sempre tempo para remediar as coisas e, felizmente, casar só significa uma vida inteira para a igreja. As pessoas podem mudar de ideias e natural que mudem conforme a vida lhes vai moldando o carácter. Afinal, mudar de ideias é sempre um processo evolutivo, a acreditar piamente na mesma coisa ainda o sol girava à nossa volta. Se bem que também temos que ter meio termo! Uma coisa é saber o que se quer e depois mudar de ideias, outra é não fazer ideia do que quer e deixar o pessoal uns 10 min plantado à espera que um decida se quer "sunday" de caramelo ou de chocolate! (Pior talvez seja estar na igreja e ter a esperança que apareça o outro).

Já agora, Pascal é o autor da célebre frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Quando escolhemos a razão, na maior parte das vezes, deixamos o amor para 2º plano e depois azar ao que podia ter sido.. Agora adivinhar se vamos ser felizes ou infelizes até ao resto da nossa vida é difícil! Mas é para isso que estamos a viver: para saber os próximos episódios! (Sim, que isto contado não tem piada nenhuma! ;)

5 comentários:

  1. "Quando escolhemos a razão, na maior parte das vezes, deixamos o amor para 2º plano e depois azar ao que podia ter sido..."
    Pois concordo plenamente.
    Mais um texto muito original, mais uma nova abordagem do tema amor e do que consiste o amar. Muitos parabens, continua, tas em grande nivel! Bjs

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  2. Caramelo, os sundae's são bons é de caramelo!!! ;)

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  3. Só agora é que reparei que escrevi "sunday" em vez de "sundae".. isto é da idade! lol
    Sinto-me dividida: o de caramelo tem o pormenor de ficar duro e o chocolate deixa-nos com um sorriso, err, assustador? Basicamente, são os dois óptimos! lol

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  4. Sapatinhos confortáveis, hein? Havias de ter umas putas dumas botas S&M que te fodessem os pés todos, como as minhas me fazem que ias ver o que é bom! Até ficavas com um andar novo!
    E quanto a achares que o Sr. Fulano Tal é o homem da tua vida vai com calma, porque segundo as últimas notícias que chegaram aqui à redacção (e agora num descaradíssimo plágio dum famoso sketch do GF) o Sr. Fulano Tal é comprometido com a Sra. Fulana Tal. Cicrano e Beltrano curiosamente continuam juntos e consta que foram à Holanda casar, aparentemente regressaram a Portugal para o copo-de-água que foi em Cascos-de-Rolha e decidiram passar cá a Lua-de-Mel num sítio estranho que se chama Cu-de-Judas, para que sempre que alguém falasse num tivesse que falar automaticamente no outro.
    Depois há o Sr. Não-Sei-Quem, acerca de quem não posso dizer grande coisa... Pois a única coisa que sei é que ele está com a Maria-Vai-Com-Todos em Não-Sei-Onde a fazer não sei o quê... O homem da tua vida pode quando muito vir a ser o Sr. Certo, porque o Sr. Certo é um tipo que sim senhor e tal, e que te vai fazer feliz segundo os resultados das últimas sondagens.

    Já dizia a Rita Lee: "Amor sem Sexo é Amizade. Sexo sem Amor é Vontade."

    E vontade não me falta!!! Eles que venham e que me fodam à bruta!!!!

    Eu cá, como não vou nessa cantiguinha do «Amor» ando sempre com o Sr. Errado, porque o Sr. Errado é um verdadeiro cretino mas pronto, mas foda-se! Fode bem como o caralho e é o que importa a Eu.

    Sexo é tudo... O Amor é nada. O Amor é o truque da Natureza para preservar a espécie humana. O Amor verdadeiro é o amor maternal... Esse sim, puro e desinteressado porque é intrínseco. É parte de nós. Vem do âmago... E isto dito por uma puta barata que quer laquear as trompas de falópio para não ter filhos e foder á vontade sem medo de engravidar, é dose!!!

    Citando a Uma Thurman no Kill Bill 2 as «The Bride» aka «Black Mamba» aka «Beatrix Kiddo» aka «Mommy»:

    I guess I'm a bad person.

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