sábado, novembro 06, 2004

Pontualidade inglesa

Sou, por norma, muito distraída e deixo tudo em lugares que não lembram ao diabo (e muito menos a mim!). Normalmente, é mais fácil encontrar alguma coisa quando desisto de procurar.
No entanto, gosto imenso de observar as outras pessoas com atenção. Claro está, tem que ser num dia em que não ande com a cabeça nas nuvens e esteja realmente atenta ao que se passa à minha volta.

A melhor altura para fazer isto é, definitivamente, quando estamos à espera de alguém. Eu sou daquele grupo de pessoas (em vias de extinção) que efectivamente chega a horas quando se marca alguma coisa. É incrível porque já sei que vou apanhar uma seca fenomenal, mas não consigo evitar. Não gosto de fazer ninguém esperar. Nessas belas alturas disponho de, pelo menos, 10 min (muito optimista) sem fazer nada e divirto-me a observar o resto do pessoal.
Reparo num casalito sentado na esplanada. Acaba por ser extremamente fácil perceber se a relação tem pernas para andar ou não. Se os dois não tiram os olhos um do outro, estão sentados frente a frente, pés entrelaçados debaixo da mesa e qualquer um dos dois com atenção ao que o outro diz, então nesta relação apostava. Se estão os dois lado-a-lado ou frente a frente sem olhar um para o outro, um fala e o outro vai olhando à volta (está a ouvir o outro falar mas não sabe o que ele está a dizer) e pés apontados em direcções completamente distintas, então nesta relação não apostava.
Pessoas com ar sonhador a rir sozinhas.. gosto imenso de as observar porque também me fazem rir. Aliás, eu passo a vida a fazer a mesma figura no meio da rua. Ainda ontem um sr de uns 60 anos estava a passar por mim super sorridente, não pude evitar e ri-me também.
Reparo também nas asneiras que os miúdos estão a fazer e contabilizo o tempo que os respectivos pais demoram a perceber. Vejo o gelado a escorrer no queixo, a sujar a gola, a camisa, a pingar da cadeira.. e depois os pais, super aflitos, a tentar limpar tudo com aquelas guardanapos de café que não absorvem nada. Os putos que estavam felicíssimos com a cara super lambuzada, esquivam-se ao lenço que os vai arranhar (compreendo!). Outros, vão passando parte da comida para o chão, especialmente quando está um cão por perto. Os pais fingem não reparar. Putos a fazer birras não observo, não gosto. Tenho noção que há dias que os putos estão chatos e não há nada a fazer, mas na maior parte das vezes, os paizinhos ainda me fazem mais impressão, não perco tempo com eles.
Acho piada às gaivotas que vêm ter connosco, bem perto! Incrível como se conseguiram adaptar à nossa presença onde impomos luz à noite, a barulheira infernal dos carros, buzinas e o constante burburinho de muita gente junta.. nós é que não nos adaptámos à Natureza!
Gosto de cheirar a brisa do mar e fugir das ondas quando chegam perto dos meus pés. Se calhar é por isso que gosto da praia no Inverno, naqueles dias em que não chove e até temos direito a uma tarde porreira!

Se calhar é por isso que me deixam à seca e eu teimo em chegar a horas. Para pensar em tudo que não tenho tempo de pensar. Para ser só eu a falar comigo já que não tenho mais ninguém com quem me entreter! Parecendo que não, o tempo passa mais depressa.

2 comentários:

  1. Pois é! Ainda bem que não tens ninguem com que te entreter, se tivesses alguma personagem para te entreter, provavelmente não tinhas tempo nem para escrever, e este blog não existiria, o que era uma grande pena!!! Estavas à espera de quem, quando escreveste o blog??? Beijo

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  2. Por acaso não estava à espera de ninguém. Quando escrevi este post, estava na cama às 2 da manhã sem saber o que fazer. Revi mentalmente alguma das minhas esperas e juntei tudo numa esplanada à beira-mar! ;)

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